O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO I. LEI DIVINA OU NATURAL.
CARACTERÍSTICAS DA LEI
NATURAL.
Deus
proporcionou a todos os seres humanos os meios de conhecerem a sua lei, mas nem todos a compreenderam; os que melhor a
compreendem são os seres humanos do bem e os que desejam pesquisá-la. Não
obstante, todos um dia a compreenderão, porque é necessário que
o progresso se realize.
Comentário
de Kardec: A justiça da multiplicidade
de encarnações dos seres humanos decorre deste princípio. pois a cada nova
existência sua inteligência se torna mais desenvolvida e eles compreendem
melhor o que é o bem e o que é o mal. Se tudo tivesse de se realizar numa só
existência, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem
diariamente no embrutecimento da selvageria ou nas trevas da ignorância, sem
que deles dependa o próprio esclarecimento.
A alma compreende A Lei de Deus segundo
o grau de perfeição a que tenha chegado, e conserva a sua lembrança
intuitiva após a união com o corpo físico; mas os maus instintos do ser humano frequentemente
fazem que ele a esqueça.
A lei de
Deus esta escrita na consciência do ser.
a) Se o ser
humano traz na consciência a lei de Deus, o porquê da necessidade de lhe revelar,
é porque ele a tenha esquecido e desprezado,
e Deus quis que ela lhe fosse lembrada.
Deus
outorgou a alguns homens a missão de revelar a sua lei, porque em todos os tempos houve seres que
receberam essa missão. São Espíritos superiores, encarnados com o fim de
fazer progredir a Humanidade.
Esses que
pretenderam instruir os seres humanos na lei de Deus se enganaram algumas vezes,
e os fizeram transviar-se muitas vezes através de falsos princípios. Ou
seja, aqueles que não eram inspirados por
Deus e que se atribuíram a si mesmos, por ambição, uma missão que não
tinham certamente os fizeram extraviar.
O caráter do verdadeiro profeta é um ser
de bem, inspirado por Deus. Podemos reconhecê-lo por suas palavras e por
suas ações. Deus não se serve da boca do mentiroso para ensinar a verdade.
O tipo mais
perfeito que Deus ofereceu ao ser humano para lhe servir de guia e de modelo
foi nosso Mestre Jesus Cristo
Comentário
de Kardec: Jesus é para o ser humano o
tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo
oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura
expressão de sua lei, porque ele estava animado do Espírito Divino e foi o ser
mais puro que já apareceu na Terra.
Se alguns dos que pretenderam
instruir os seres humanos na lei de Deus algumas vezes desviaram para falsos
princípios, foi por se deixaram dominar por sentimentos demasiado terrenos e
por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as que
regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como leis divinas o que era
apenas leis humanas, instruídas para servir às paixões e dominar os seres
humanos.
As leis
divinas e naturais foram reveladas aos seres humanos por Jesus, e antes Dele só
foram conhecidas por intuição por que:
Porque elas estavam escritas por toda
a parte, e todos os seres humanos a meditaram sobre a sabedoria e puderam
compreendê-las e ensiná-las desde os séculos mais distantes. Por seus
ensinamentos, mesmo incompletos, eles prepararam o terreno para receber a
semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, o ser
humano pôde conhecê-las sempre que desejou procurá-las. Eis porque os seus
princípios foram proclamados em todos os tempos pelos seres de bem, e
também porque encontramos os seus elementos na doutrina moral de todos os
povos saídos da barbárie, mas incompletos ou alterados pela ignorância e a
superstição.
Mesmo
quando Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, houve a necessidade do ensinamento
dado pelos Espíritos bons, porque o ensino
de Jesus era frequentemente alegórico e em forma de parábolas, porque Ele
falava de acordo com a época e os lugares, e o significado destas parábolas
sejam inteligíveis para todos. E preciso, pois. explicar e desenvolver
essas leis, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as
praticam. A missão dos Espíritos é a de espertar os olhos e os ouvidos
para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas: os que afetam
exteriormente a virtude e a religião para ocultar as suas torpezas.
O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e sem equívocos afins de que
ninguém possa pretextar ignorância e cada um possa julgá-lo e apreciá-lo
com sua própria razão. Eles estão encarregados de preparar o Reino de Deus
anunciado por Jesus, e por isso é necessário que ninguém possa interpretar
a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei
que é toda amor e caridade.
A
verdade não esteve sempre ao alcance de todos porque cada coisa venha ao seu tempo. A verdade é como
a luz: é preciso que nos habituemos há ela pouco a pouco, pois de outra
maneira nos ofuscaria.
Jamais houve um tempo em que Deus
permitisse ao ser humano receber comunicações tão completas e tão instrutivas
como as que hoje lhe são dadas. Havia na Antiguidade, como sabemos alguns
indivíduos que estavam de posse daquilo que consideravam uma ciência sagrada e
da qual faziam mistério para os que consideravam profanos. Devemos compreender
com o que conhecemos das leis que regem esses fenômenos, que eles recebiam
apenas verdades esparsas no meio de um conjunto equívoco e na maioria das
vezes alegórico. Não há, entretanto, para os seres de estudo, nenhum
antigo sistema filosófico, nenhuma tradição, nenhuma religião a
negligenciar, porque todos encerram os germes de grandes verdades, que,
embora pareçam contraditórias entre si, espalhadas que se acham entre
acessórios sem fundamento. São hoje muito fáceis de coordenar, graças à
chave que nos dá o Espiritismo de uma infinidade de coisas que até aqui nos
pareciam sem razão, e cuja realidade nos é agora demonstrada de maneira
irrecusável. Não deixemos de tirar temas de estudo desses materiais. São
eles muito ricos e podem contribuir poderosamente para a nossa instrução.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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