O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO VII. DUPLA VISTA.
0 fenômeno
designado pelo nome de dupla vista(1) tem relação com o sonho e o
sonambulismo, sendo tudo isso uma mesma coisa. Isso a que chamamos dupla vista é
ainda o Espírito em maior liberdade, embora o corpo não esteja adormecido.
A dupla vista é a vista da alma.
A faculdade
da dupla vista é permanente e o seu exercício, não. Nos mundos menos
materiais que o nosso, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se
põem em comunicação apenas pelo pensamento, sem excluir, entretanto, a
linguagem articulada; também a dupla vista é para a maioria uma faculdade permanente; seu
estado normal pode ser comparado ao dos nossos sonâmbulos lúcidos, e essa
é também a razão por que eles se manifestam a nós mais facilmente do que
os encarnados de corpos mais grosseiros.
A dupla
vista se desenvolve espontaneamente ou pela vontade de quem a possui, e na maioria das
vezes, ela é espontânea, mas a vontade também, muitas vezes, desempenha um
grande papel. Assim, podemos tomar, por exemplo, certas pessoas chamadas
leitoras da sorte, algumas das quais possuem esta faculdade de dupla vista
e nisso a que chamamos de visão.
A dupla
vista é suscetível de se desenvolver pelo exercício, onde o trabalho
sempre conduz ao progresso, e o véu que encobre as coisas se torna
transparente.
Esta
faculdade se liga à organização física por certo, a organização desempenha
o seu papel; há organizações que se mostram refratárias
A dupla
vista parece hereditária em certas famílias, por intermédio de organizações, que
se transmite, como as outras qualidades físicas; e depois, no
desenvolvimento da faculdade por uma espécie de educação, que também se
transmite de um para outro.
Na doença, na proximidade de um
perigo, numa grande comoção podem desenvolver a dupla vista. O corpo se
encontra às vezes num estado particular que permite ao Espírito ver o que
não podemos ver com os olhos do corpo.
Comentário de Kardec: Os tempos de crise e de calamidades, as
grandes emoções todas as causas enfim, de supraexcitação moral provocam às
vezes o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a Providência nos dá, em
presença do perigo, o meio de conjugar. Todas as seitas e todos os
partidos perseguidos oferecem numerosos exemplos a respeito.
Nem sempre
as pessoas dotadas de dupla vista têm consciência disso; para elas é coisa
inteiramente natural, e muitas dessas pessoas acreditam que se todos
se observassem nesse sentido, perceberiam ser como elas.
Poderíamos
atribuir a uma espécie de dupla vista a perspicácia de certas pessoas que, sem
nada terem de extraordinário, julgam as coisas com mais precisão do que as
outras, porque é sempre a alma que irradia mais livremente e julga melhor do
que sob o véu da matéria.
Esta
faculdade pode, em certos casos, dar a presciência das coisas, e dá também os
pressentimentos, porque há muitos graus desta faculdade e o mesmo indivíduo pode
ter todos os graus ou não ter mais do que alguns.
(1) Kardec usou as duas
expressões: “Segunda vista” e “dupla vista”, com evidente preferência pelo
primeiro. Em português, sendo mais comum “dupla vista”, demos preferência a
esta. (N. do T.)
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO
PACHECO QUADRADO.
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