O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPITULO IX. LEI DE IGUALDADE. DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS.
A
desigualdade das riquezas tem e não tem sua origem na desigualdade das
faculdades, que dão a uns mais meios de adquirir do que outros.
A prova disto esta na astúcia e do roubo,
onde a riqueza hereditária pode ser
fruto das más paixões ou não. Para se assegurar disso, deve-se remontar
à origem e ver se é sempre pura. Deve-se também saber se no princípio não foi o
fruto de uma espoliação ou de uma injustiça. Mas deixando de falar em
origem, que pode ser má, deve-se crer que a cobiça de bens, mesmo
os melhores adquiridos, e os desejos secretos que se concebem de possuir o
mais cedo possível, sejam sentimentos louváveis. Isso é o que Deus julga,
e é assegurado que o seu julgamento é mais severo que o dos seres humanos.
Se uma
fortuna foi mal adquirida, os herdeiros serão responsáveis por isso, eles não são
responsáveis pelo mal que outros tenham feito, tanto mais que o podem
ignorar, mas fica sabendo que, muitas vezes, uma fortuna se destina a um
ser para lhe dar ocasião de reparar uma injustiça. Feliz dele se o
compreender! E se o fizer em nome daquele que cometeu a injustiça, a
reparação será levada em conta para ambos, porque quase sempre é este
último quem a provoca.
Sem fraudar
a legalidade, podemos dispor dos nossos bens de maneira mais ou menos
equitativa. Quem assim o faz é responsável, depois da morte, pelas disposições
testamentárias, onde toda ação traz os seus frutos; os das boas ações são doces e os
das outras são sempre amargos.
A igualdade
absoluta das riquezas não é possível e não existiu alguma vez, porque a
diversidade das faculdades e dos caracteres se opõe a isso.
Há seres
humanos, entretanto, que creem estar nisso o remédio para os males sociais, que
são
os sistemáticos ou ambiciosos e invejosos.
Eles não compreendem que a igualdade seria logo rompida pela própria força
das coisas. E é se combatendo o egoísmo que vem a ser a chaga social, e
não atrás de quimeras.
Se a
igualdade das riquezas não é possível, isto não acontece com o bem-estar, mas o bem-estar é
relativo a cada um poder gozá-lo, se todos se entendessem… Porque o verdadeiro
bem-estar consiste no emprego do tempo de acordo com a vontade, e não em
trabalhos pelos quais não se tem nenhum gosto. Como cada um tem aptidões
diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. O equilíbrio existe em
tudo, e é o ser humano quem o perturba.
Todos se
entenderão quando praticarem a lei da justiça.
Há pessoas
que caem nas privações e na miséria por sua própria culpa, onde a sociedade
pode ser responsabilizada por isso. Ela é sempre a causa primeira dessas
faltas; pois não lhe cabe velar pela educação moral de seus membros, sendo
esta frequentemente a má educação que falseia o critério dessas pessoas,
em lugar de aniquilar-lhes as tendências perniciosas.
No mundo de hoje, este problema já
vem provocando tentativas de solução. Trata-se do aproveitamento das vocações,
cujo desperdício sistemático acarreta perdas consideráveis à economia social e
profundo desequilíbrio na estrutura das sociedades.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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