Letargia e Catalepsia
Figura 1: Yvonne
Pereira, médium brasileira, quase foi enterrada na tenra infância por ter sido
considerada morta pelos médicos (letargia).
Allan Kardec utilizou alguns conceitos próprios de
sua época para a exposição de teses espíritas. Alguns deixaram de ser usados
pelas respectivas áreas da ciência, o que exige do leitor da codificação um
resgate do sentido dos termos na época e do contexto teórico no qual eles foram
utilizados para uma compreensão clara do raciocínio do codificador e dos
espíritos que dialogaram com ele.
Letargia e Catalepsia são conceitos associados à tese da emancipação da alma e
que com o passar do tempo foram ganhando novos sentidos até caírem em desuso na
Medicina e na Psicologia.
É possível que o sentido utilizado por Kardec tenha sido obtido nas teorias do
magnetismo animal desenvolvidas depois de Mesmer, especialmente na obtenção do
sonambulismo provocado.
Letargia, em “O Livro dos Espíritos” significa em estado de “perda temporária
da sensibilidade e do movimento”, em que o corpo parece morto, no qual os
sinais vitais se tornam quase imperceptíveis, a respiração reduz-se bastante e
a pessoa pode ser tomada como morta.
Catalepsia em Kardec é uma espécie de letargia parcial, que atinge apenas
alguns órgãos do corpo e que pode não prejudicar a comunicação com o seu
portador, que poderia ter este estado induzido pelo magnetismo animal (passes,
como dizemos hoje).
Alguns fenômenos parapsicológicos (humanos, mas não estudados convenientemente
pela Psicologia) podem ser encontrados concomitantemente a estes dois estados.
Um deles é a hiperestesia, ou seja, uma ampliação paradoxal da capacidade dos
sentidos. Há registros de casos de sonâmbulos que, em estado cataléptico, eram
capazes de descrever o que acontecia a uma distância muito superior à
capacidade de nossos órgãos, ou de descrever, por exemplo, percepções que eles
alegavam ter de órgãos internos do organismo de pacientes que lhes eram
trazidos.
Kardec analisou situações de quase-morte na Revista Espírita. Há diversos casos
de letárgicos, pessoas que chegaram a ser consideradas mortas pela medicina da
época como a Sra. Schwabenhaus (Revista Espírita, 1858) ou que passaram por
situações de claro risco de morte, ou como o Dr. D. (Revista Espírita, 1867),
que ficou mais de meia hora debaixo d’água e foi resgatado e retomou a
consciência.
Outro caso apresentado por Kardec é o da jovem cataléptica de Souabe, que após
um evento traumático (morte da irmã), entrou em um estado entre cataléptico e
letárgico e passou a ser capaz de descrever pessoas enterradas, bastando ser
levada próxima ao túmulo e a descrever a aparência de pessoas idosas que a
visitavam quando eram jovens e sem modificações do tempo e das doenças.
Eles narram histórias envolvendo o contato com pessoas desencarnadas e
descrições do plano espiritual. Por esta razão, Kardec teorizou que os
sonâmbulos, letárgicos e catalépticos perceberiam o plano espiritual, ou dariam
notícias de eventos à distância porque perceberiam com a alma, semi-liberta do
corpo (emancipação) que transmitiria suas sensações espirituais ao cérebro.
Posteriormente, o hipnotismo e a neurologia dariam um outro sentido à letargia
e à catalepsia, que hoje se encontram em desuso (muitos hipnotizadores ainda os
utilizam), substituídas pelo conceito mais preciso de “coma”, mas os estranhos
fenômenos descritos por Kardec continuam acontecendo, como se pode ler no livro
“Vida além da Vida” do Dr. Raymond Mood Jr. e nos estudos de experiências de
quase-morte, que se transformou em linha de pesquisa de médicos e
parapsicólogos modernos.
Postado por Jáder Sampaio às 9:10 AM
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Marcadores: Catalepsia, Emancipação
da Alma, Hipnose, Letargia, mediunidade, Revista
Espírita, Sonambulismo
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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