sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

VISÃO ESPÍRITA DA FAMÍLIA.

 



Visão Espírita da Família.

 

Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços familiares?

Uma recrudescência do egoísmo.

“O Livro dos Espíritos” – pergunta 775

“A família é a base fundamental sobre a qual se ergue o imenso edifício da sociedade. Toda vez que a família se enfraquece a sociedade experimenta conflitos, abalada nas suas estruturas.”

Joanna de Ângelis

“Constelação Familiar”

Por desconhecer a finalidade desta instituição chamada família, grande parcela da humanidade duvida de sua importância, despreza sua estrutura e desvaloriza seus laços consanguíneos e afetivos.

Mas a Doutrina Espírita alargou nossos horizontes para além da vida física e revelou-nos a vida do Espírito imortal. Impulsionados pela Lei do Progresso somos submetidos a vivenciar diferentes experiências no plano físico, nas mais diferentes situações, para aquisição do conhecimento e da mais elevada moral. Impossível progredir sem reencarnar. E a alma que reencarna vem do Mundo Espiritual para progredir. Hoje já temos informações suficientes para que possamos conhecer o objetivo da família, a origem da sua formação e a sua finalidade.

Ensinam-nos os Benfeitores Espirituais, na questão 913 do “O Livros dos Espíritos” que o egoísmo é o vício mais radical e que dele deriva todo o mal. Dizem eles: “Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo… Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo porque é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades.”

É necessário extirpar o egoísmo que existe em nós e substituí-lo pela prática do amor e da caridade.

Deus, o Pai Nosso, conhecendo profundamente a fragilidade de seus filhos e os perigos que o egoísmo oferece para o nosso progresso, criou um mecanismo para nos auxiliar a combatê-lo: DEUS criou a FAMÍLIA, onde a proximidade física e os laços de afetividade trabalham na destruição deste vício.

Na busca do progresso e da evolução, indispensável reencarnarmos quantas vezes forem necessárias, e para que este retorno ao mundo material aconteça, necessitamos adquirir um novo corpo físico que somente será possível através da união de um óvulo com um espermatozoide, dando início à formação do feto que, desenvolvendo-se, nos colocará de volta ao palco da vida.

Portanto, já chegamos ao mundo físico, devendo gratidão aos nossos pais biológicos, pela oportunidade do regresso, como nos ensina “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XIV: “Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços entre os espíritos. O corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do Espírito, porque o Espírito já existia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para fazê-lo progredir. Os espíritos que se encarnam em uma mesma família, sobretudo entre parentes próximos, são o mais frequentemente, Espíritos simpáticos, unidos por relacionamentos anteriores que se traduzem por sua afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova”.

Concluem que “Os verdadeiros laços de família não são, pois, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos que unem os Espíritos ANTES, DURANTE E APÓS SUA ENCARNAÇÃO”.

Existem as famílias espirituais e as famílias corporais. As espirituais, ligadas pelos laços do espírito, pelas afinidades, são duráveis, fortalecem-se pela depuração, crescimento e evolução dos seres e reencontram-se no mundo dos Espíritos, através de diversas migrações da alma. A misericórdia Divina proporciona também seu reencontro periódico no plano físico. Seus membros estão ligados pelos laços eternos do amor. As famílias corporais, ligadas somente pelos laços corpóreos, são frágeis como a matéria e as diferenças e as dificuldades de convivência revelam a necessidade do esforço, da dedicação e do empenho para que possamos transformá-la em extensão da nossa família espiritual. A obrigação de vivermos com os laços consanguíneos faz com que acabemos desenvolvendo os vínculos de afetividade entre Espíritos afins ou devedores que se reencontram, para que um dia possamos formar a família universal que Jesus mencionou: Um só rebanho, um só pastor”.

Não existe acaso na Criação, e a benfeitora Joanna de Ângelis em “Constelação Familiar”, esclarece no capítulo 1:

“Esse grupamento familiar não é resultado casual de encontros apressados no mundo físico, havendo ocorrido nas esferas espirituais antes do renascimento orgânico, quando são desenhadas as programações entre os espíritos comprometidos, positiva ou negativamente, para os ajustamentos necessários ao progresso a que todos se encontram submetidos. Analisando-se as necessidades evolutivas, aqueles que se encontram com responsabilidades a cumprir juntos, constatam a excelência do cometimento que lhes ensejará reparação e crescimento intelecto-moral, em face dos erros passados, facultando-se a tolerância e o perdão das ofensas como fundamentais para a aquisição da harmonia”.

Família é instituição divina, com planejamento que antecede esta vida física, e que tem por objetivo o crescimento espiritual de todos os seus membros.

O nosso reencontro com o passado é inevitável. Não alcançaremos os mais altos degraus da evolução sem nos harmonizarmos com todos a nossa volta. Algumas vezes, impossibilitados de nos reencontrarmos, através dos laços da consanguinidade, Deus possibilita-nos através da adoção receber em nosso lar, o companheiro do passado, ligado a nós por amor ou tragédias, para que possamos nos amparar e sublimar as desavenças do pretérito. A adoção é um grandioso ato de amor, comprova a fragilidade dos laços consanguíneos e a certeza de que a paternidade e a maternidade do coração são mais vigorosas, e Deus jamais nos nega a possibilidade de sermos pais e educadores.

Não importa o lado formal da família, qual a estrutura que ela apresenta neste momento. O que realmente importa é aproveitar a oportunidade de aprendizado que Deus nos oferta através da convivência que poderá ser de carinho, alegrias com nossos afetos, ou de conquistas futuras com os desafetos do momento. Os afetos de hoje serão nossos amores de amanhã. Esta é a grande proposta de Deus para estabelecer na Terra a Família Universal, a humanidade unidade pelos laços do respeito e da fraternidade.

A família é o meio que Deus criou para que o Espírito, algumas vezes até mesmo de forma compulsória, possa aprender a pensar no outro, conviver com o diferente, vivenciar tolerância e resignação, exercitar perdão e assim desenvolver-se mais rapidamente.

Atualmente, com estrutura bastante diversificada, a família está exigindo de seus membros atitudes corajosas de renúncia e dedicação, oferecendo oportunidades grandiosas de revermos relacionamentos e de estendermos o amor e o perdão a todos que compartilham conosco as quatro paredes de nosso lar. Nos lares atuais encontramos situações delicadas e desafiadoras onde a dependência química, a violência, as dificuldades financeiras, as doenças, a ingratidão, a solidão, a traição e o desrespeito incorporam-se à rotina da família, que, quando frágil, desconhecendo o endereço do amor ensinado por Jesus, deixa-se vencer pelo desânimo, abandono, desespero, ódio, culpa, mágoas e pela revolta.

Torna-se urgente o despertar do Ser para o conhecimento de sua realidade espiritual para que possa compreender que as situações difíceis dentro e fora do lar não são castigos e, portanto, não existem vítimas na criação Divina. São situações geradas por nós mesmos, Espíritos imortais em trabalho de aprendizado e evolução, e existe sempre uma finalidade útil para todos os desafios que vivenciamos. As experiências na trajetória física transformam-se em lições de sabedoria para tornar mais fácil a ascensão do Espírito, para que, inclusive, ele possa ultrapassar os limites de progresso em que se encontra.  Todas as aflições poderiam ser vivenciadas dentro de outro clima, caso o amor fosse escolhido como guia e roteiro. Somente o amor dispõe de recursos valiosos para que possamos enfrentar as situações penosas que se avolumam em nosso caminho. Somente o amor nos oferece os recursos poderosos da paciência, coragem, perseverança, perdão, compreensão e confiança em Deus.

A nossa tarefa mais importante é trabalhar a boa convivência na família. Na sociedade poderemos ser bons profissionais, ótimos executivos, grandes oradores, pessoas de fama e projeção social, mas se no lar estivermos devendo paciência, perdão, tolerância, respeito, atenção, indulgência, de nada nos valerá a evidência no mundo, pois estaremos falhando em nossos maiores compromissos, e nada disso é mais importante do que o sucesso nas nossas relações familiares.

E é assim que, neste convívio familiar, vamos sendo obrigados a nos procuparmos com os nossos próximos mais próximos, vamos diminuindo o nosso egoísmo, aprendendo a dividir, a repartir, a dar atenção, a conviver com o diferente de nós e a aceitar as pessoas como elas são. Fora do lar é mais fácil pensarmos somente em nós, usamos máscaras que favorecem nossos relacionamentos com as outras pessoas, para que possamos ser aceitos. Mas, é na intimidade da família que demonstramos nossos valores morais e quem realmente somos.

O lar é a escola que Deus criou para que pudéssemos aprender a convivência fraterna, a amar de diferentes formas. Amar como pais, amar como filhos, enteados, irmãos, primos, avós, tios, sogro, sogra, genro, nora, madrasta, padrasto e todos aqueles que a vida traz para perto de nós. Se a família fracassar nesta tarefa de reeducar o Espírito que chega, a sociedade sofrerá as consequências trágicas deste fracasso, abalada na sua estrutura e mergulhará no caos.

Em “Jesus no Lar, capítulo um, Néio Lúcio, através de Francisco Cândido Xavier, relembra Jesus orientando-nos: “O berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum… A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendermos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se não nos habituarmos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?”

A família é a estrutura da sociedade, é a exportadora de homens e mulheres que formam a nossa sociedade, que constroem o nosso dia a dia. É instituição Divina e irá sobreviver heroicamente aos golpes que lhe têm sido desferido. Jamais desaparecerá da sociedade terrestre, sendo, portanto urgente a sua valorização, para que dentro dela eduque-se o homem renovado pela força poderosa do amor, que construirá a Nova Era, o Mundo de Regeneração.

Diante dos desafios que vivenciamos em nosso convívio familiar, é imprescindível buscarmos apoio na Verdade, e amparo no Evangelho de Jesus, para que possamos perseverar e vencer os compromissos luminosos que elaboramos no mundo espiritual.

Muitas vezes, visando nobres aprendizados em relação à construção da família Universal, solicitamos à Providência Divina a oportunidade de vivenciarmos a ausência de uma família física, para que possamos adquirir, no exercício da solidariedade e da amizade, os laços de afinidade que nos confortarão o coração, avançando assim para a elevada expressão de caridade conforme Jesus a pregou e a viveu em todos os momentos, antes e depois do Seu desencarne.

Importante lembrar que não importa qual seja a nossa atual estrutura familiar, a solução é, e sempre será, amar dentro do nosso lar! Para sustentarmos estes compromissos divinos é urgente levarmos Jesus para dentro de nossos lares, pois somente o amor, em suas infinitas expressões, ensinadas e vividas por Ele, é capaz de nos auxiliar nesta missão sagrada.

Vera Critisna Marques de Oliveira Millano.

Livro: Evangelho no Lar, Nosso Encontro Com a Paz

Cap. 6

MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

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