Visão Espírita da Família.
Qual
seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços familiares?
Uma
recrudescência do egoísmo.
“O
Livro dos Espíritos” – pergunta 775
“A
família é a base fundamental sobre a qual se ergue o imenso edifício da
sociedade. Toda vez que a família se enfraquece a sociedade experimenta
conflitos, abalada nas suas estruturas.”
Joanna
de Ângelis
“Constelação
Familiar”
Por desconhecer a
finalidade desta instituição chamada família, grande parcela da humanidade
duvida de sua importância, despreza sua estrutura e desvaloriza seus laços
consanguíneos e afetivos.
Mas a Doutrina
Espírita alargou nossos horizontes para além da vida física e revelou-nos a
vida do Espírito imortal. Impulsionados pela Lei do Progresso somos submetidos
a vivenciar diferentes experiências no plano físico, nas mais diferentes situações,
para aquisição do conhecimento e da mais elevada moral. Impossível progredir
sem reencarnar. E a alma que reencarna vem do Mundo Espiritual para progredir.
Hoje já temos informações suficientes para que possamos conhecer o objetivo da
família, a origem da sua formação e a sua finalidade.
Ensinam-nos os
Benfeitores Espirituais, na questão 913 do “O
Livros dos Espíritos” que o egoísmo é o vício
mais radical e que dele deriva todo o mal. Dizem eles: “Estudai
todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo… Quem nesta vida
quiser se aproximar da perfeição moral deve extirpar do seu coração todo
sentimento de egoísmo porque é incompatível com a justiça, o amor e a caridade:
ele neutraliza todas as outras qualidades.”
É necessário extirpar
o egoísmo que existe em nós e substituí-lo pela prática do amor e da caridade.
Deus, o Pai Nosso,
conhecendo profundamente a fragilidade de seus filhos e os perigos que o
egoísmo oferece para o nosso progresso, criou um mecanismo para nos auxiliar a combatê-lo: DEUS
criou a FAMÍLIA, onde a proximidade física e os laços de afetividade trabalham na
destruição deste vício.
Na busca do
progresso e da evolução, indispensável reencarnarmos quantas vezes forem
necessárias, e para que este retorno ao mundo material aconteça, necessitamos
adquirir um novo corpo físico que somente será possível através da união de um
óvulo com um espermatozoide, dando início à formação do feto que,
desenvolvendo-se, nos colocará de volta ao palco da vida.
Portanto, já chegamos
ao mundo físico, devendo gratidão aos nossos pais biológicos, pela oportunidade
do regresso, como nos ensina “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XIV: “Os
laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços entre os espíritos. O
corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do Espírito, porque o
Espírito já existia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do
filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu
desenvolvimento intelectual e moral, para fazê-lo progredir. Os espíritos que
se encarnam em uma mesma família, sobretudo entre parentes próximos, são o mais
frequentemente, Espíritos simpáticos, unidos por relacionamentos anteriores que
se traduzem por sua afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer
que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados
por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu
antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova”.
Concluem que “Os
verdadeiros laços de família não são, pois, os da consanguinidade, mas os da
simpatia e da comunhão de pensamentos que unem os Espíritos ANTES, DURANTE E
APÓS SUA ENCARNAÇÃO”.
Existem as famílias
espirituais e as famílias corporais. As espirituais,
ligadas pelos laços do espírito, pelas afinidades, são duráveis, fortalecem-se
pela depuração, crescimento e evolução dos seres e reencontram-se no mundo dos
Espíritos, através de diversas migrações da alma. A misericórdia Divina proporciona
também seu reencontro periódico no plano físico. Seus membros estão ligados
pelos laços eternos do amor. As famílias corporais, ligadas somente pelos laços
corpóreos, são frágeis como a matéria e as diferenças e as dificuldades de
convivência revelam a necessidade do esforço, da dedicação e do empenho para
que possamos transformá-la em extensão da nossa família espiritual. A obrigação
de vivermos com os laços consanguíneos faz com que acabemos desenvolvendo os
vínculos de afetividade entre Espíritos afins ou devedores que se reencontram,
para que um dia possamos formar a família universal que Jesus mencionou: “Um
só rebanho, um só pastor”.
Não existe acaso na
Criação, e a benfeitora Joanna de Ângelis em “Constelação
Familiar”, esclarece no capítulo 1:
“Esse
grupamento familiar não é resultado casual de encontros apressados no mundo
físico, havendo ocorrido nas esferas espirituais antes do renascimento
orgânico, quando são desenhadas as programações entre os espíritos
comprometidos, positiva ou negativamente, para os ajustamentos necessários ao
progresso a que todos se encontram submetidos. Analisando-se as necessidades
evolutivas, aqueles que se encontram com responsabilidades a cumprir juntos,
constatam a excelência do cometimento que lhes ensejará reparação e crescimento
intelecto-moral, em face dos erros passados, facultando-se a tolerância e o
perdão das ofensas como fundamentais para a aquisição da harmonia”.
Família é instituição
divina, com planejamento que antecede esta vida física, e que tem por objetivo
o crescimento espiritual de todos os seus membros.
O nosso reencontro
com o passado é inevitável. Não alcançaremos os mais altos degraus da evolução
sem nos harmonizarmos com todos a nossa volta. Algumas vezes, impossibilitados
de nos reencontrarmos, através dos laços da consanguinidade, Deus
possibilita-nos através da adoção receber em nosso lar, o companheiro do
passado, ligado a nós por amor ou tragédias, para que possamos nos amparar e
sublimar as desavenças do pretérito. A adoção é um grandioso ato de amor,
comprova a fragilidade dos laços consanguíneos e a certeza de que a paternidade
e a maternidade do coração são mais vigorosas, e Deus jamais nos nega a
possibilidade de sermos pais e educadores.
Não importa o lado
formal da família, qual a estrutura que ela apresenta neste momento. O que realmente
importa é aproveitar a oportunidade de aprendizado que Deus nos oferta através
da convivência que poderá ser de carinho, alegrias com nossos afetos, ou de
conquistas futuras com os desafetos do momento. Os afetos de hoje serão nossos
amores de amanhã. Esta é a grande proposta de Deus para estabelecer na Terra a
Família Universal, a humanidade unidade pelos laços do respeito e da
fraternidade.
A família é o meio
que Deus criou para que o Espírito, algumas vezes até mesmo de forma
compulsória, possa aprender a pensar no outro, conviver com o diferente,
vivenciar tolerância e resignação, exercitar perdão e assim desenvolver-se mais
rapidamente.
Atualmente, com
estrutura bastante diversificada, a família está exigindo de seus membros
atitudes corajosas de renúncia e dedicação, oferecendo oportunidades grandiosas
de revermos relacionamentos e de estendermos o amor e o perdão a todos que
compartilham conosco as quatro paredes de nosso lar. Nos lares atuais encontramos
situações delicadas e desafiadoras onde a dependência química, a violência, as
dificuldades financeiras, as doenças, a ingratidão, a solidão, a traição e o
desrespeito incorporam-se à rotina da família, que, quando frágil,
desconhecendo o endereço do amor ensinado por Jesus, deixa-se vencer pelo
desânimo, abandono, desespero, ódio, culpa, mágoas e pela revolta.
Torna-se urgente o
despertar do Ser para o conhecimento de sua realidade espiritual para que possa
compreender que as situações difíceis dentro e fora do lar não são castigos e,
portanto, não existem vítimas na criação Divina. São situações geradas por nós
mesmos, Espíritos imortais em trabalho de aprendizado e evolução, e existe
sempre uma finalidade útil para todos os desafios que vivenciamos. As
experiências na trajetória física transformam-se em lições de sabedoria para
tornar mais fácil a ascensão do Espírito, para que, inclusive, ele possa
ultrapassar os limites de progresso em que se encontra. Todas as aflições
poderiam ser vivenciadas dentro de outro clima, caso o amor fosse escolhido
como guia e roteiro. Somente o amor dispõe de recursos valiosos para que
possamos enfrentar as situações penosas que se avolumam em nosso caminho.
Somente o amor nos oferece os recursos poderosos da paciência, coragem,
perseverança, perdão, compreensão e confiança em Deus.
A nossa tarefa mais
importante é trabalhar a boa convivência na família. Na sociedade poderemos ser
bons profissionais, ótimos executivos, grandes oradores, pessoas de fama e
projeção social, mas se no lar estivermos devendo paciência, perdão,
tolerância, respeito, atenção, indulgência, de nada nos valerá a evidência no
mundo, pois estaremos falhando em nossos maiores compromissos, e nada disso é
mais importante do que o sucesso nas nossas relações familiares.
E é assim que,
neste convívio familiar, vamos sendo obrigados a nos procuparmos com os nossos
próximos mais próximos, vamos diminuindo o nosso egoísmo, aprendendo a dividir,
a repartir, a dar atenção, a conviver com o diferente de nós e a aceitar as
pessoas como elas são. Fora do lar é mais fácil pensarmos somente em nós,
usamos máscaras que favorecem nossos relacionamentos com as outras pessoas,
para que possamos ser aceitos. Mas, é na intimidade da família que demonstramos
nossos valores morais e quem realmente somos.
O lar é a escola
que Deus criou para que pudéssemos aprender a convivência fraterna, a amar de
diferentes formas. Amar como pais, amar como filhos, enteados, irmãos, primos,
avós, tios, sogro, sogra, genro, nora, madrasta, padrasto e todos aqueles que a
vida traz para perto de nós. Se a família fracassar nesta tarefa de reeducar o
Espírito que chega, a sociedade sofrerá as consequências trágicas deste
fracasso, abalada na sua estrutura e mergulhará no caos.
Em “Jesus
no Lar”, capítulo um, Néio Lúcio, através de
Francisco Cândido Xavier, relembra Jesus orientando-nos: “O
berço doméstico é a primeira escola e o primeiro templo da alma. A casa do
homem é a legítima exportadora de caracteres para a vida comum… A paz do mundo começa
sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendermos a viver em paz, entre
quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se não nos habituarmos a
amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o
Eterno Pai que nos parece distante?”
A família é a
estrutura da sociedade, é a exportadora de homens e mulheres que formam a nossa
sociedade, que constroem o nosso dia a dia. É instituição Divina e irá
sobreviver heroicamente aos golpes que lhe têm sido desferido. Jamais
desaparecerá da sociedade terrestre, sendo, portanto urgente a sua valorização,
para que dentro dela eduque-se o homem renovado pela força poderosa do amor,
que construirá a Nova Era, o Mundo de Regeneração.
Diante dos desafios
que vivenciamos em nosso convívio familiar, é imprescindível buscarmos apoio na
Verdade, e amparo no Evangelho de Jesus, para que possamos perseverar e vencer
os compromissos luminosos que elaboramos no mundo espiritual.
Muitas vezes,
visando nobres aprendizados em relação à construção da família Universal,
solicitamos à Providência Divina a oportunidade de vivenciarmos a ausência de
uma família física, para que possamos adquirir, no exercício da solidariedade e
da amizade, os laços de afinidade que nos confortarão o coração, avançando
assim para a elevada expressão de caridade conforme Jesus a pregou e a viveu em
todos os momentos, antes e depois do Seu desencarne.
Importante lembrar
que não importa qual seja a nossa atual estrutura familiar, a solução é, e
sempre será, amar dentro do nosso lar! Para
sustentarmos estes compromissos divinos é urgente levarmos Jesus para dentro de
nossos lares, pois somente o amor, em suas infinitas expressões, ensinadas e
vividas por Ele, é capaz de nos auxiliar nesta missão sagrada.
Vera Critisna
Marques de Oliveira Millano.
Livro: Evangelho
no Lar, Nosso Encontro Com a Paz
Cap. 6
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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