Reflexão Espírita sobre a Responsabilidade de ser pai
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28/08/2020
12025
Os
pais, como bons cultivadores da moral,
devem plantar no coração dos filhos as
sementes de tolerância e do bom entendimento.
O pai é o canal que
Deus se utiliza para entregar o espírito, criado por Ele para ser conduzido na
viagem reencarna tória. Como a mãe, ele terá que prestar contas a Deus do filho
que lhe foi entregue para ser amparado, educado, protegido e amado na
experiência da paternidade.
No retorno dos pais
à verdadeira vida, certamente terão que responder através de suas consciências
o questionamento: “Que fizestes do filho de Deus entregue em suas a mãos para
encaminhá-lo pelas trilhas do bem, para que ele aproveitasse satisfatoriamente
a oportunidade reencarna tória?”
A missão da
paternidade não se resume a oferecer o corpo material, mas sustentar, amparar,
dar segurança, educar, estimulando o desabrochar das potencialidades divinas
incrustadas no âmago desse espírito imortal, enfim, amá-lo e reconduzi-lo para
Deus.
A resposta da
questão 582 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, explica sobre a
responsabilidade da paternidade: “Sem dúvida é uma missão. É, ao mesmo tempo,
um dever muito grande e que envolve, mais do que o homem pensa, a sua
responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais,
a fim de que estes o dirijam pelo caminho do bem, e lhes facilitou a tarefa
dando à criança uma organização frágil e delicada, que a torna acessível a
todas as impressões”.
A
paternidade quanto a maternidade são magistérios sublimes. O lar é a primeira
escola e os pais os primeiros professores dos filhos. Essa abençoada escola
precisa ter um programa moral a ser ensinado e cumprido.
O pai exerce
importante papel na estruturação da personalidade dos filhos. O pai e a mãe
representam os dois pilares sobre os quais a personalidade dos filhos vai se
estruturar.
O pai deve
envolver-se ativamente na criação e educação da prole. Ele tem papel importante
no processo de desvinculação do nenê da figura da mãe. É na atuação dessa
figura ímpar que o filhinho vai se perceber um indivíduo, desvinculado da mãe,
durante os primeiros meses de vida. A seguir, a figura paterna vai representar
o equilíbrio, a segurança na materialidade, o ser que representa Deus no
imaginário da criança, contrabalançando com a figura de mãe que representa a
meiguice, o aconchego, o recolhimento, a ligação com a espiritualidade.
O pai deve ser o
melhor amigo dos filhos, o conselheiro, o orientador dos caminhos do mundo, o
que ajuda a abrir portas ou fechá-las. O defensor e o protetor dos perigos e
desafios, a autoridade moral máxima. O exemplo de atitudes a serem seguidas,
até que o filho fique independente e caminhe com suas próprias pernas na vida,
utilizando o seu livre arbítrio. Quando estes vínculos foram criados e
fortalecidos na convivência familiar na fase adulta dos filhos o pai será o
parceiro que continuará na retaguarda, a dar sustentação moral e emocional na
vida dos mesmos.
A
maneira de o pai exercer a paternidade vai interferir diretamente no
desenvolvimento do caráter do filho.
O pai autoritário,
rígido, de regras inflexíveis pode levar a criança a ser depressivo na
infância, e apresentar problemas e sintomas desde humor reprimido e imitável,
agitação ou retardo psicomotor até pensamentos recorrentes de morte. Na
adolescência provoca comportamento negativista e antissocial, uso abusivo de
álcool ou outros tóxicos, dificuldades escolares, emocionalidade descontrolada,
etc.
O pai permissivo,
indulgente, sem impor limites leva o filho a ter dificuldade de controlar seus
impulsos. Essa é uma característica muito comum de pais atuais, pouco
identificados com o seu verdadeiro papel. Para ele tudo é permitido. Isso gera
filhos adolescentes que se envolvem em acidentes de trânsito, uso de drogas,
com transtornos de ansiedade e a busca desenfreada de prazer.
Outro estilo de pai
é o indiferente que tem negligência e falta de envolvimento. Isso leva o filho,
geralmente, a um comportamento agressivo e delinquente, com transtorno de
conduta que viola as regras sociais e os direitos dos outros.
A criança criada em
condições soturnas, e negligentes com falta de afeto, em clima silencioso ou
com palavras rudes apresenta-se rancorosa, exigente e perturbadora, não tolera
frustração, tem baixa autoestima e não apresenta sentimento de culpa ou remorso
pela sua atitude rude, agressiva.
Os pais
autoritários, permissivos ou indiferentes deixam marcas negativas no comportamento
desequilibrado dos filhos.
O estilo de exercer
a paternidade de forma mais eficaz e recíproca é o que envolve a coerência, a
recompensa pelo bom comportamento e a punição pelo comportamento indesejável,
tudo exercido num ambiente acolhedor, e carinhoso. É o que Jesus nos ensinou:
“Seja o teu falar sim, sim. Não, não” (Mateus 5:44) É o pai que dá lugar ao
filho de compartilhar na tomada de decisões, que privilegia o diálogo, a troca
de ideias de modo racional resultando em um senso de auto confiança e
equilíbrio emocional e psíquico do filho. É o caminhar juntos, de mãos dadas,
lado a lado…
Dentro das funções
paternas destaca-se a segurança e estabilidade material e psicológica que ele
dá, ou não, à mãe, além de prover as necessidades do filho e educá-lo. O pai é
de extrema importância no processo de separação referente a díade mãe-filho,
mostrando-se presente como a outra pessoa de amor enfatizando sua presença
física e afetiva. O pai estimula a formação dos limites, as frustrações
adequadas e educativas e a formação da capacidade para pensar.
O
pai tem o dever de conduzir os filhos com sabedoria, pois eles são concessões
divinas e possibilitam a reabilitação de erros do passado. Os filhos devem aos
pais sempre gratidão e respeito pela bendita oportunidade do recomeço, mesmo
quando eles não se desincumbam bem do compromisso assumido.
O relacionamento
familiar possibilita a vivência da fraternidade, todos se conhecem e se podem
desculpar com mais facilidade tendo em vista o bem geral e individual.
Ser filho representa uma oportunidade de aprendizagem para se tornar futuro
genitor. Aos filhos cabe exercitar os deveres do afeto e do trabalho para o
próprio desenvolvimento e preparar-se para proteger os pais quando envelhecerem
ou adoecerem, no futuro.
Os pais devem
observar atentamente as imperfeições morais dos filhos e as tendências à
agressividade, especialmente entre irmãos, e corrigir tais tendências,
dialogando com paciência e ternura, mas de forma firme, cortando o mal pela
raiz. Para isso, o exemplo de união e respeito entre os cônjuges dará
equilíbrio e segurança para os filhos, irmãos entre si, na família. A
convivência entre os irmãos deve ser edificante, ajudando-se mutuamente,
desenvolvendo a fraternidade e o respeito, estimulados pelos pais.
Cada
filho é um ser único, traz suas características individuais que atestam sua
maturidade espiritual. Os pais não devem verbalizar a comparação entre um irmão
e outro, enaltecendo um em detrimento do outro, mas estimular a amizade, o
respeito e o carinho entre eles para ajudá-los a superar a rivalidade natural
dos irmãos em relação aos pais.
No lar, os filhos
devem encontrar os recursos preciosos de educação para a formação equilibrada
do caráter e da personalidade. Os irmãos devem aprender a ser unidos e superar
as dificuldades emocionais que existem no seu relacionamento conseguindo, no
futuro, enfrentar os desafios existenciais com harmonia.
Os pais, como bons
cultivadores da moral, devem plantar no coração dos filhos as sementes de
tolerância e do bom entendimento. Elas vão fixar-se no cerne da memória
afetiva, prolongar-se por toda a existência e no além. Na fase infanto-juvenil
é mais espontânea a amizade, o relacionamento sincero e a natural convivência.
No lar, nas
conversações edificantes deve-se falar sobre a Justiça Divina, a Lei de Causa e
Efeito e o sofrimento, a expiação ou provação, explicando que são processos
perfeitamente normais e não punições divinas. A família deve ser um remanso de
união na qual se retificam erros de vidas anteriores e onde todos devem se
ajudar porque conseguem compreender as leis divinas.
Os pais devem
reconhecer os seus erros, deixar que os filhos saibam disso. Reconhecer as
atitudes equivocadas não vai enfraquecer a autoridade e mostra à criança que os
erros são um sinal que o aprendizado está se processando.
Os
filhos devem perceber que os pais são humanos, tem defeitos mas lutam consigo
para se melhorarem.
Acostumar os filhos
a dar um passeio a pé, num parque ou bosque e/ou deleitarem-se observando as
maravilhas na natureza. Ouvir o murmúrio da brisa, os pássaros cantando,
abraçar uma árvore, sentindo sua energia e luz. Sentir a existência de Deus na
natureza.
Assistir com eles o
nascer ou o pôr do sol ou da lua, observar o céu, as estrelas, as nuvens…
Cultivar um jardim ou vasos com plantas, observar a germinação de uma semente
transformando-se em vegetal. Saborear uma fruta, analisar sua semente.
Frequentar com
regularidade uma atividade religiosa, servir, de algum modo a uma causa social,
solidária e fraterna, são atividades simples mas edificantes que despertam a
dimensão espiritual, emocional e moral da inteligência infanto-juvenil.
O importante é não
acelerar a infância das crianças preparando-os para serem adultos. Aprender a
curtir as brincadeiras inocentes, a tristeza suave, a emoção de aprender, a
singeleza de expressar o amor, o carinho, a dança livre, o balbuciar alegre de
uma canção, a conversa com o amigo invisível, com o brinquedo predileto e a
rica imaginação do infante.
Os pais não devem
se apressar, devem curtir cada momento do crescimento físico, emocional,
espiritual de seus filhos. As crianças gostam de relaxar, ficar livres para
brincar, imaginar, agir. O ócio é importante nessa fase.
MENSAGEM DIVULGADA
PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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