O LIVRO DOS
ESPÍRITOS. CAPÍTULO XII. PERFEIÇÃO MORAL. CONHECIMENTO DE SI MESMO.
O meio prático mais
eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal, e seguir
as palavras de um sábio da Antiguidade que falou
“Conhece-te a ti mesmo”.
Compreendamos toda
a sabedoria dessa máxima, mas a dificuldade está precisamente em se conhecer a
si próprio, o meio de chegar a isso seria o seguinte:
Fazei o que o Santo Agostinho fazia quando viveu aqui nesta
Terra: no fim de cada dia interrogava a consciência dele, passava em revista o
que havia feito e perguntava a ele mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de
algum dever, se ninguém teria tido motivo para se queixar dele. Foi assim que
ele chegou a se conhecer e ver o que ele necessitava de reforma. Aquele deixou
dito que aquele que todas as noites lembrar todas as suas ações do dia, e, se
perguntar o que fez de bem ou de mal, e pedindo a Deus e ao seu anjo guardião
que o esclarecessam, adquirira uma grande força para se aperfeiçoar, porque, acreditando,
Deus o assistirá. Assim serve para todos nós formularmos, portanto, as nossas
perguntas, indagando o que fizemos e com
que fito agitamos em determinada circunstância, se fizemos alguma coisa que
censuramos os outros, se praticamos uma ação que não ousaríamos confessar.
Perguntemos ainda isto: Se Deus chamasse-nos neste momento, ao entrarmos no
mundo dos Espíritos, onde nada é oculto, se teríamos de temer o olhar de
alguém? Examinemos o que pudemos ter feito contra Deus, depois contra o próximo
e por fim contra nós mesmos. As respostas serão motivo de repouso para nossa
consciência ou indicarão um mal que deve ser curado.
O conhecimento de nos mesmos é, portanto a chave do melhoramento
individual. Mas, diremos como julgar a nos mesmos? Se não teremos á ilusão do
amor-próprio, que atenua as faltas e as torna desculpáveis? O avaro se julga
simplesmente econômico e previdente, o orgulhoso se considera tão somente cheio
de dignidade. Tudo isso é muito certo, mas teremos um meio de controle que não nos
pode enganar. Quando estamos indecisos quanto ao valor de uma de nossas ações, devemos
perguntar a nós como qualificaríamos se tivesse sido praticada por outra
pessoa, porque Deus não usa de duas medidas para a justiça. Procuremos também
saber o que pensam os outros e não negligenciemos a opinião dos nossos
inimigos, porque eles não têm nenhum interesse em disfarçar a verdade e
geralmente Deus os colocou ao nosso lado como um espelho, para nos advertir com
mais franqueza do que o faria um amigo. Porque aquele que tem a verdadeira
vontade de se melhorar, deve explorar, portanto, a sua consciência, a fim de
arrancar dali às más tendências como arrancamos as ervas daninhas do nosso
jardim; que façamos o balanço da nossa jornada moral como o negociante o faz dos
seus lucros e perdas, e asseguremos que o primeiro será mais proveitoso que o
outro. Se pudermos dizer que a nossa jornada foi boa, podemos dormir em paz e
esperar sem temor o despertar na outra vida.
Formulemos, portanto, perguntas claras e precisas e não tememos
multiplicá-las: podemos muito bem consagrar alguns minutos à conquista da
felicidade eterna. Trabalhemos todos os dias para ajuntar o que nos dê repouso
na velhice. Esse repouso é o objeto de todos os nossos desejos. Isto vale a
pena de alguns esforços. Sabemos que muitos dizem que o presente é positivo e o
futuro incerto. Ora, aí está, precisamente, o pensamento que fomos encarregados
de destruir em nossas mentes, pois desejemos
fazer-nos compreender esse futuro de maneira a que nenhuma dúvida possa
restar em vossa alma. Foi por isso que chamamos primeiro a nossa atenção para
os fenômenos da Natureza que nos tocam os sentidos e depois nos demos
instruções que cada um de nós temos o dever de difundir. Foi com esse propósito
que Santo Agostinho acabou editando no O Livro dos Espíritos.
SANTO AGOSTINHO
Comentário de Kardec: Muitas faltas que
cometemos nos passam despercebidas. Se, com efeito, seguindo o conselho de
Santo Agostinho, interrogássemos mais frequentemente a nossa consciência,
veríamos quantas vezes falimos sem disso nos apercebermos, por não
perscrutarmos a natureza e o móvel dos nossos atos. A forma interrogativa tem
alguma coisa de mais preciso do que uma máxima que em geral não aplicamos a nós
mesmos. Ela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não deixam
lugar a alternativas: respostas que são outros tantos argumentos pessoais, pela
soma das quais podemos computar a soma do bem e do mal que existe em nós.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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