TABAGISMO
Instalação e Danos da Dependência Viciosa
Iniciada a experiência desastrosa, sempre que haja
qualquer tipo de conflito, de ansiedade, de insegurança, o paciente busca o
recurso do tabaco na vã ilusão de alcançar os resultados do bem-estar, da serenidade.
À medida que o organismo intoxica-se aumenta o
índice de necessidade, passando à dependência coercitiva e perturbadora.
Simultaneamente aparecem os sinais que tipificam os danos causados ao
organismo, que podem vir a sós ou associados uns aos outros.
O tabagismo é responsável, portanto, por diversas
enfermidades, especialmente as do sistema nervoso centras, como dos aparelhos
cardiovascular, respiratório, digestivo e das glândulas endócrinas, com
perturbações da fala, acidentes de estenocardia e dos vasos periféricos. Na sua
fase aguda, surgem as náuseas, vômitos, desmaios, dores de cabeça, fraqueza nas
pernas, sialorréia...
Na ocorrência da insuficiência coronária e
bronquite crônica, nas dispepsias gástricas e biliar, diabetes, o tabagismo piora
os quadros, levando a desenlaces dolorosos e inevitáveis.
O fumante pensa haver conseguido ganhos com o
hábito danoso, como por exemplo, fazer parte do círculo de dependentes,
sentindo-se aceito e idêntico, especialmente na fase das conquistas amorosas
quando o outro – masculino ou feminino – é viciado.
A ampla divulgação pela mídia de que o fumador é um
indivíduo triunfante, conquistador invejável e realizador de façanhas
poderosas, contribui para que as personalidades conflitivas busquem o tabaco, a
fim de alcançarem realização semelhante. Infelizmente, a mídia não apresenta os
seus modelos, quando estão sendo devorados pelo câncer que resulta do hábito
inveterado de absorver nicotina em altas doses...
A ilusão proporcionada pelo tabagismo é paradoxal:
inicialmente parece que acalma, que dá vitalidade, no entanto, quanto mais a
vítima se deixa arrastar pelo uso doentio, mais neurótica, mais insegura e mais
instável apresenta-se.
O indivíduo fármaco-dependente atinge um nível de
transtorno de tal monta, que se sente incapaz de enfrentar qualquer tipo de
atividade sem o apoio do cigarro, muitas vezes mesmo antes de qualquer
refeição, a fim de iniciar o dia.
Quando tenta evitar-lhe o uso, e casualmente o
anseio da ação não corresponde ao esperado, logo supõe que é a falta do cigarro
que se faz responsável pelo que considera insucesso e recorre-lhe ao apoio,
reabastecendo-se de ânimo e formando o círculo vicioso.
Mesmo quando o dependente reconhece os danos que o
vício vem-lhe causando ao organismo, teme abandoná-lo, embora o deseje sem
grande esforço, prosseguindo, porém, vitimado nas suas garras.
O eminente psiquiatra Sigmund Freud, já referido,
denomina esse fenômeno como a pulsão de morte, ou seja, a maneira
mórbida como a pessoa deixa-se arrastar pelas condutas doentias e destrutivas.
Fenômeno especial ocorre nessa como em qualquer
outra dependência viciosa, que é a presença de Espíritos igualmente enfermiços
que se utilizam do paciente para a convivência obsessiva, dando prosseguimento
aos hábitos infelizes em que se compraziam e ora sentem falta, em face da
ausência da organização física.
Assim, estabelecem-se ligações mórbidas, ensejando
processos de vampirização que se fazem mais complexos, quando utilizam dos
vapores etílicos, das emanações do tabaco, das drogas, para continuarem
comprazendo-se.
Essa ingerência mais agrava o estado do paciente
físico, porque, mesmo usando a bengala psicológica, prossegue frustrado, em
razão do desvio daquelas substancias que lhe pareciam auxiliar quando em tormento.
À medida que a parasitose espiritual mais se
aprofunda no comportamento do encarnado, este sente-se ainda mais enfraquecido,
aturdido e infeliz, esvaziado de ideias de superior significação.
Toda vez quando pensa em abandonar o vício tem a
mente invadida por pavores e ameaças não verbalizadas, que mais o afligem e o
atiram no vazio existencial.
O existencialista francês Jean Paul Sartre sugeriu
que se desvestisse o tabaco de qualquer significado especial, reduzindo-o à
questão de uma erva que arde e se consome, não merecendo por isso mesmo
qualquer outra conotação.
Dá-se, porém, o oposto, porque o viciado olha-o com
enorme expectativa, a ponto de transformá-lo em sua tábua de salvação,
guardando o último cigarro com verdadeira volúpia, quando escasseiam em suas
mãos, a fim de que, no momento da angústia, que já formula inconscientemente,
disponha do mecanismo de apoio e de liberação do mal-estar.
O lamentável, em todo esse processo, é que além dos
males proporcionados pelo tabagismo à vítima, alcança as pessoas que ao seu
lado se encontram, porque as obriga a aspirar o fumo perverso que espalha,
intoxicando-as também. Não poucas vezes, aqueles que se expõem às emanações do
cigarro ficam impregnados de tal forma, que se enfermam, apresentando sintomas
típicos de usuários do produto destrutivo.
A cultura do cigarro, do charuto e do cachimbo em
nossa sociedade dita civilizada, faz parte dos grandes mecanismos inconscientes
de fuga da realidade para a fantasia, para o exibicionismo, para auto-realizações
equivocadas.
Dando-se conta dos prejuízos que já experimenta
expressiva massa de fumantes, muitos procuram fórmulas mágicas para libertar-se
do vício e tentam os recursos de ocasião que aparecem com certa periodicidade,
sem que, de fato, desejem pagar o alto preço pela abstinência do fumo.
Assim, param por algum tempo, e à medida que vão
sendo vítimas da síndrome dela decorrente, apresentam-se irritadiços,
depressivos, impacientes, sofrendo interrupção do sono, confusão mental,
insatisfação, retornando prazerosamente ao hábito consumista e extravagante.
Assevera-se que determinado famoso escritor,
crítico literário irlandês, afirmou com certa dose de ironia: Deixar de fumar é
fácil. Eu já o deixei inúmeras vezes...
Qualquer hábito para ser liberado do indivíduo que
lhe aceita a injunção, deve ser substituído por outro, de forma que não surja o
vazio, a ausência de algo que parece importante, em face de se estar acostumado
à sua presença.
Terapia para a Cura
Da mesma forma como se instalou o vício, a sua
libertação ocorre mediante um processo semelhante e de prolongado curso.
Os danos causados, quase sempre são irreversíveis,
sendo alguns ainda em início, possivelmente diminuídos com a ausência da
nicotina.
A denominada compensação do fumante – apresentar a
carteira de cigarros, retirá-la de coberturas de luxo, a postura exibicionista
– cria dificuldade quando ele se resolve por abandonar o hábito. Naturalmente a
falta do mentiroso prazer que está arraigado no seu comportamento, gera-lhe
algumas perturbações, que se prolongarão enquanto dura a intoxicação.
Uma postura psicológica deve ser levada em conta
inicialmente: a maneira como se vai libertar, a fim de ser um ex-fumante e não
alguém que deixou de fumar – uma forma de perda – desejando realmente alcançar
o êxito, porquanto ele já sabe que deve parar, a fim de que realmente deseje
parar.
É necessária, desse modo, uma mudança de
comportamento, na qual o paciente deve possuir uma clara percepção da sua
ansiedade, aprendendo a superá-la, vencendo-a sem o uso do tabaco.
Essa mudança de comportamento propõe varias etapas,
nas quais o paciente vai se adaptando a cada uma delas, no curso do seu
processo de cura, evitando criar outros hábitos, como o uso de caramelos e
pastilhas, de substitutivos placebos...
O desejo real deve ser mantido pelo pensamento
radicado na lógica e no anelo de uma existência saudável, na qual os valores
pessoais disponham-se a superar as dificuldades do estágio em que se encontra.
A aplicação de tempo e de energia nessa mudança que
deverá ser durável, não lhe deve permitir recidivas experimentais de que apenas
uma só vez será bastante para acalmar-se quando em aflição, desse modo,
reiniciando o vício.
Só então começam a surgir às vantagens, os
resultados bons da decisão, quando a mente apresenta-se mais clara, o
organismo, mesmo em fase de eliminação dos tóxicos, têm respostas melhores e
mais rápidas, o sono faz-se mais tranquilo e o bem estar instala-se a pouco e
pouco.
O estímulo para ser um ex-fumante contribui para ganhos
emocionais e não perdas, alcançando um novo patamar de vida, o estimulo de uma
vitória sobre si mesmo, a alegria de haver conseguido o que muitos outros ainda
não se resolveram por alcançar, facultando vantagens psicológicas
compensadoras.
Simultaneamente, a ajuda psicoterapêntica de um
especialista, a fim de acompanhar o procedimento que irá restituir a saúde e a
paz, torna-se fator essencial para o êxito que se deseja conseguir...
Como corolário da decisão, o paciente deve buscar
as Fontes Generosas da Espiritualidade por intermédio da oração e da
concentração, a fim de receber os fluxos de energia renovadora para a
manutenção da estabilidade dos propósitos abraçados.
Mantendo a vigilância de que é um paciente em
contínuo tratamento, cabe-lhe evitar qualquer possibilidade de cedência ao
vício, não lhe aceitando os desafios subliminais que atingem a todos que se
encontram na fase de transformação.
BIBLIOGRAFIA: LIVROS DA SÉRIE PSICOLÓGICA DE JOANNA
DE ANGELIS, E COMPARTILHADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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