O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE
PRIMEIRA. AS CAUSAS PRIMÁRIAS. CAPÍTULO
II. ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO. PROPRIEDADES DA MATÉRIA.
Da matéria como entendemos, a ponderabilidade é
atributo essencial da matéria; mas
não da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que
forma esse fluido é imponderável para nós, mas nem por isso deixa de ser o
princípio da nossa matéria ponderável.
Comentário de Kardec: A ponderabilidade é uma propriedade relativa.
Fora das esferas de atração dos mundos, não há peso, da mesma maneira que não
há alto nem baixo.
A matéria é
formada de um só elemento primitivo. Os corpos que
consideramos como corpos simples não são verdadeiros elementos, mas
transformação da matéria primitiva.
As diferentes propriedades da matéria provem das modificações que as moléculas elementares
sofrem, ao se unirem, e em determinadas circunstâncias.
De acordo com
isso, o sabor, o odor, as cores, as qualidades venenosas ou salutares dos
corpos, são modificações de uma única e mesma substância primitiva. E só existem pela disposição dos órgãos destinados
a percebê-las.
Comentário de Kardec: Esse princípio é demonstrado pelo fato de nem
todos perceberem as qualidades dos corpos da mesma maneira: enquanto um acha
uma coisa agradável ao gosto, o outro a acha má; uns vêem azul o que os outros
vêem vermelho; o que para uns é veneno, para outros é inofensivo ou salutar.
A mesma matéria elementar é suscetível de passar por
todas as modificações e adquirir todas as propriedades.
E é isso
que devemos entender, quando dizemos que tudo está em tudo(1).
Comentário de Kardec: O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono
e todos os corpos que consideramos simples não são mais do que modificações de
uma substância primitiva. Na impossibilidade, em que nos encontramos ainda, de
remontar de outra maneira, que não pelo pensamento, a essa matéria, esses
corpos são para nós verdadeiros elementos, e podemos, sem maiores consequências,
considerá-los assim até nova ordem.
Essa teoria
não parece dar razão à opinião dos que não admitem, para a matéria, mais do que
dois elementos essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as
outras propriedades não são senão efeitos secundários, que variam segundo a
intensidade da força e a direção do movimento.
Falta acrescentar que, também, segundo a disposição
das moléculas, como se vê, por exemplo, num corpo opaco que pode tornar-se
transparente e vice-versa.
As moléculas
têm uma forma determinada, mas
não a podemos apreciar.
Essa forma é constante para as
moléculas elementares primitivas, mas variável para as moléculas
secundárias, que são aglomerações das primeiras. Isso que chamamos molécula
está longe da molécula elementar.
(1) Este princípio explica o fenômeno conhecido
de todos os magnetizadores, que consiste em se dar, pela vontade, a uma
substancia qualquer, à água, por exemplo, as mais diversas propriedades: um
gosto determinado, e mesmo as qualidades ativas de outras substâncias. Só
havendo um elemento primitivo, e as modificações dos diferentes corpos sendo
apenas modificações desse elemento, resulta que a mais inofensiva substância
tem o mesmo princípio que a mais deletéria. Uma modificação análoga pode produzir-se
pela ação magnética, dirigida pela vontade. Assim, a água, que é formada de uma
parte de oxigênio e duas de hidrogênio, torna-se corrosiva, se duplicarmos a
proporção do oxigênio.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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