O LIVRO
DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VII.PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS.
Os
Espíritos bons ou maus por natureza, “são os mesmos Espíritos, que se melhoram e,
melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra, mais elevada.”
Na criação dos Espíritos por parte de Deus, os
criou simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada
missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à
perfeição, pelo conhecimento da verdade, e para aproximá-los de si. Nesta
perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas
provas que Deus lhes impõe, os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns
aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa ao seu destino final.
Outros só as suportam murmurando e assim, por sua culpa, permanecem afastados
da perfeição e da prometida felicidade.”
Segundo foi exposto, os Espíritos, em sua origem, seriam como
as crianças, ignorantes e inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os
conhecimentos de que carecem com o percorrerem as diferentes fases da vida?
A criança rebelde se conserva ignorante e
imperfeita. Seu aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade, isto na
vida do homem tem termo, ao passo que a dos Espíritos se prolonga ao infinito.”
Não a Espíritos que se conservem eternamente
nas ordens inferiores, porque todos se tornarão perfeitos. Mudam de ordem,
mas demoradamente, porquanto, como já de outra vez foi dito, um pai justo e
misericordioso não pode banir seus filhos para sempre. Sendo Deus, tão grande,
tão bom, tão justo, que o acharia pior do que nós mesmos?”
Tudo depende dos Espíritos progredirem mais ou
menos rapidamente para a perfeição. Pois Eles a alcançam mais ou menos rápido, conforme o desejo que têm de
alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil
não se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?”
Não podem os Espíritos degenerar-se, porque
à medida que avançam, compreendem o que os distanciava da perfeição. Concluindo
uma prova, o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece. Podendo
permanecer estacionário, mas não retrograda.”
Não podia Deus isentar os Espíritos das provas que
lhes cumpre sofrer para chegarem à primeira ordem, porque nenhum mérito teriam para gozar dos
benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta? Ademais, a
desigualdade entre eles existente é necessária à sua personalidade. Acresce
ainda que as missões que desempenham nos diferentes graus da escala estão nos
desígnios da Providência, para a harmonia do universo.”
Pois que, na vida social, todos os homens podem
chegar às mais altas funções, seria o caso de perguntar-se por que o soberano
de um país não faz de cada um de seus soldados um general; por que todos os
empregados subalternos não são funcionários superiores; por que todos os
colegiais não são mestres. Ora, entre a vida social e a espiritual há esta
diferença: enquanto que a primeira é limitada e nem sempre permite que o homem
suba todos os seus degraus, a segunda é indefinida e a todos oferece a
possibilidade de se elevarem ao grau supremo.
Todos os Espíritos não passam pela fileira do mal
para chegar ao bem, mais sim pela fileira
da ignorância. ”
O por que alguns Espíritos seguiram o caminho
do bem e outros o do mal, foi pelo seu livre arbítrio. Deus não criou Espíritos maus; criou-os simples e
ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que
são maus, assim se tornaram por vontade própria.”
“O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o
Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, se a
escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A
causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da
sua livre vontade. É o que se contém na grande figura emblemática da queda do
homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram.”
As influências que sobre ele se exercem, vem dos
Espíritos imperfeitos que procuram apoderar-se
dele, dominá-lo, e que rejubilam com o fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se
intentou simbolizar na figura de Satanás.”
Tal influência só se exerce sobre o Espírito o
acompanhando na sua vida de Espírito,
até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os maus desistem de
obsidiá-lo.”
Não foi Deus que criou os Espíritos para a maldade,
como foi dito. Criou todos os Espíritos simples e ignorantes, e lhes deu o
livre arbítrio,e cada um escolheu a sua estrada.
Pois há Espíritos que desde o princípio seguem o
caminho do bem absoluto e outros o do mal absoluto, havendo, sem dúvida,
gradações entre esses dois extremos, onde os casos intermediários constituem a grande maioria.”
Os Espíritos que enveredaram pela senda do mal
poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros, mas as eternidades lhes serão mais longas.”
Por estas palavras as eternidades se deve entender a ideia que os Espíritos inferiores
fazem da perpetuidade de seus sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver,
ideia que revive todas as vezes que sucumbem numa prova.
Chegando ao grau supremo da perfeição, os
Espíritos que andaram pelo caminho do mal,
“Deus os olha de igual maneira para os que se
transviaram e para os outros, e a todos ama com o mesmo coração. Aqueles são
chamados maus, porque sucumbiram. Antes, não eram mais que simples Espíritos.”
Os
Espíritos são criados iguais quanto às faculdades intelectuais,
porém, não sabendo donde vêm, preciso é que o livre-arbítrio siga seu curso.
Eles progridem mais ou menos rapidamente em inteligência como em moralidade.”
Os Espíritos que desde o princípio seguem o
caminho do bem nem por isso são Espíritos perfeitos. Não têm, é certo, maus
pendores, mas precisam adquirir a experiência e os conhecimentos indispensáveis
para alcançar a perfeição. Podemos compará-los a crianças que, seja qual for a
bondade de seus instintos naturais, necessitam de se desenvolver e esclarecer,
e que não passam, sem transição, da infância à madureza. Simplesmente, assim
como há homens que são bons e outros que são maus desde a infância, também há
Espíritos que são bons ou maus desde a origem, com a diferença capital de que a
criança tem instintos já inteiramente formados, enquanto que o Espírito, ao
formar-se, não é nem bom, nem mau; tem todas as tendências e toma uma ou outra
direção, por efeito do seu livre-arbítrio.
Mensagem
divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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