O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO VIII.SONAMBULISMO.
O
sonambulismo natural, não tem relação com os sonhos, porque é um estado de
independência da alma, mais completo que no sonho, e então as faculdades
adquirem maior desenvolvimento A alma tem percepções que não atinge no
sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito.
No sonambulismo, o Espírito está na
posse total de si mesmo; os órgãos materiais, estando de qualquer forma em
catalepsia, não recebem mais as impressões exteriores. Esse
estado se manifesta sobretudo durante o sono; é o momento em que o
Espírito pode deixar provisoriamente o corpo, que se acha entregue ao
repouso indispensável à matéria. Quando se produzem os fatos do
sonambulismo é que o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra se
entrega a alguma ação que exige o uso do seu corpo, do qual se serve como
se empregasse uma mesa ou qualquer outro objeto material nos fenômenos de
manifestação física. Ou mesmo da nossa mão, nas comunicações escritas. Nos
sonhos de que se tem consciência. Os órgãos, inclusive os da memória,
começam a despertar e receitem imperfeitamente as impressões produzidas
pelos objetos ou as causas exteriores, e as comunicam ao Espírito que,
também se encontrando em repouso, só percebe sensações confusas e frequentemente
fragmentárias, sem nenhuma razão de ser aparente misturadas que estão de
vagas recordações, seja desta existência seja de existências anteriores.
É, portanto, fácil compreender por que os sonâmbulos não se lembram de
nada e por que os sonhos de que conservam a lembrança na maioria das
vezes, não têm sentido. Digo na maioria das vezes, porque acontece também
serem eles a consequência de uma recordação precisa de acontecimentos de
uma vida anterior e, algumas vezes, até uma espécie de intuição do futuro.
O chamado
sonambulismo magnético tem relações com o sonambulismo natural, sendo a mesma coisa, com a diferença de ser
provocado.
A natureza
do agente chamado fluido magnético.
Fluido vital,
eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.
A causa da
clarividência sonambúlica, é a alma que vê.
Não há corpos opacos, senão para os nossos
órgãos grosseiros. Para o Espírito, a matéria não oferece obstáculos, pois ele
a atravessa livremente. Com frequência ele nos diz que vê pela testa, pelo
joelho etc., porque nós, inteiramente imersos na matéria, não compreendemos
que ele possa ver sem o auxílio dos órgãos, e ele mesmo, pela nossa
insistência, julga necessitar desses órfãos. Mas se o deixássemos livre,
compreenderia que vê por todas as partes do corpo ou, para melhor dizer, e
fora do corpo que ele vê.
Na clarividência
do sonâmbulo e a da sua alma ou do seu Espírito, por que ele não vê tudo e por
que se engana tantas vezes?
Primeiro, não e dado aos Espíritos
imperfeitos tudo ver e tudo conhecer: sabemos muito bem que eles ainda
participam dos nossos erros e dos nossos prejuízos: e, depois, quando
estão ligados a matéria, não gozam de todas as suas faculdades de
Espíritos. Deus deu ao homem esta faculdade com um fim útil e sério, e não
para que ele aprenda o que não deve saber; eis porque os sonâmbulos não
podem dizer tudo.
A fonte das
ideias inatas do sonâmbulo, ele pode falar com exatidão de coisas que ignora no
estado de vigília, e que estão mesmo acima de sua capacidade intelectual,
porque o sonâmbulo possui mais conhecimentos do que lhe reconhecemos.
Eles estão somente adormecidos, porque o seu invólucro é bastante
imperfeito para que ele possa recordá-los. Mas, em última análise, o que é
ele? Como nós, um Espírito, que está encarnado para cumprir a sua missão,
e o estado em que ele entra o desperta dessa letargia. Já nos foi dito repetidamente que revivemos
muitas vezes; e essa mudança é que lhe faz perder materialmente o que
conseguimos aprender na existência precedente. Entrando no estado a que
chamamos crise, ele se lembra, mas sempre de maneira incompleta;
ele sabe, mas não poderia dizer de onde lhe vem o conhecimento, nem como o
possui. Passada a crise, toda a lembrança se apaga e ele volta
à obscuridade.
Comentário de Kardec: A experiência mostra que os sonâmbulos
recebem também comunicações de outros Espíritos, que lhes transmitem o que eles
devem dizer e suprem a sua insuficiência. Isto se vê, sobretudo, nas
prescrições médicas: o Espírito do sonâmbulo vê o mal, o outro lhe indica o
remédio. Esta dupla ação é algumas vezes patente e se revela outras vezes pelas
suas expressões bastante frequentes: dizem-me que diga; ou proíbem-me dizer tal
coisa. Neste último caso, é sempre perigoso insistir em obter a revelação
recusada, porque então se dá lugar aos Espíritos levianos que falam de tudo sem
escrúpulos e sem se interessarem pela verdade.
A
explicação da visão a distância, em alguns sonâmbulos, é o mesmo, quando a alma
no sono se transporta.
O
desenvolvimento maior ou menor da clarividência sonambúlica depende
da organização física e da natureza do Espírito encarnado, onde há disposições
físicas que permitem ao Espírito libertar-se mais ou menos facilmente da
matéria.
Até certo
ponto As faculdades de que o sonâmbulo desfruta são as mesmas do Espírito após
a morte, pois é necessário terem conta a influência da matéria, a que ele
ainda se encontra ligado.
Na maioria
das vezes o sonâmbulo pode ver os outros Espíritos muito bem; mas
depende do grau e da natureza da lucidez de cada um; mas, às vezes, ele
não compreende, de início, e os toma por seres corporais. Isso acontece,
sobretudo, com os que não têm nenhum conhecimento do Espiritismo; eles
ainda não compreendem a natureza dos Espíritos, o fato os espanta e é por
isso que julgam estar vendo pessoas vivas.
Comentário de Kardec: O mesmo efeito se produz no momento
da morte, entre os que ainda se julgam vivos. Nada ao seu redor lhes parece
modificado, os Espíritos lhes aparecem como tendo corpos semelhantes aos
nossos, e eles tomam a aparência de seus próprios corpos como corpos reais.
O sonâmbulo
que vê a distância, vê do lugar em que está o seu corpo, pois se é a alma
que vê e não o corpo?
Sendo a
alma que se transporta, pode o sonâmbulo experimentar no corpo as sensações de
calor ou de frio do lugar em que se encontra a sua alma, às vezes bem longe do
corpo, porque: permanece sempre ligada a ele pelo laço que os une, e é esse laço
o condutor das sensações. Quando duas pessoas se correspondem entre uma
cidade e outra por meio da eletricidade, é este o laço entre os seus
pensamentos; é graças a isso que elas se comunicam, como se estivessem uma
ao lado da outra.
O uso que
um sonâmbulo faz da sua faculdade influi no estado do seu Espírito após a morte, como o uso bom ou
mau de todas as faculdades que Deus concedeu ao homem.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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