Meu pai
Todos os que fomos
acalentados pelo amor paterno, com certeza, recordamos nosso velho com saudade.
Particularmente, quando nós mesmos nos tornamos pais, as lembranças acodem aos
atropelos.
Na acústica da
alma, ainda ouvimos os passos firmes nas noites de trovoadas, a conferir em sua
ronda, janelas, trancas, cortinas, o sono da criançada.
Se fecharmos os
olhos, podemos sentir o deslizar da sua mão levemente pelo nosso rosto e o
puxar cuidadoso do cobertor.
Vemos sua silhueta
se perdendo na penumbra e ouvimos o último abrir e fechar da geladeira.
Recordamos da
criança que fomos e que ficava à espera da sua volta do trabalho. Aqueles que
tivemos pais cujo trabalho exigia muitos dias fora do lar, podemos sentir outra
vez o coração aos atropelos, lembrando o som do carro dele, chegando, na
madrugada.
Será que lembrou de
trazer um presente? Será que a sua barba está por fazer e vai espetar o nosso
rosto?
Recordamos o
passeio dos fins de semana, do presente de aniversário, da ceia de Natal. Até
das broncas após as nossas malandragens.
Igualmente
lembramos dos carinhos à chegada de nosso boletim, a alegria após passar de
ano. A comemoração em família pelas nossas vitórias: fundamental, ensino médio,
vestibular, faculdade, e outros mais.
E quando chegamos à
adolescência? Quantos cuidados! Quem são os seus companheiros? Com quem
você vai sair? Aonde vai?
Não fume. Não beba.
Não exceda a velocidade. Respeite os sinais de trânsito.
É hora de chegar?
Não falei para chegar antes da meia-noite?
Filho respeite os
mais velhos. Faça um carinho nos seus avós. Quando, afinal, vai se decidir a
trabalhar?
Garoto, vou lhe
cortar a mesada.
Olhando as rugas
estampadas no rosto de nosso pai, somos tomados de carinho e nos curvamos
diante dele. Quantos anos vividos no calor do lar paterno. Quantas lições!
Lições que hoje
repassamos para os nossos próprios filhos e, sem nos darmos conta, vamos
repetindo os mesmos gestos dele. Daquele que há sessenta, setenta anos renasceu
e um dia se tornou nosso pai.
Olhamos nossos
filhos e, lembrando de como a generosidade de nosso pai, os seus cuidados nos
fizeram bem ao caráter, nos esmeramos no atendimento aos nossos próprios
rebentos.
Por tudo isso,
outra vez, é que a nossa gratidão cresce no peito e explode em uma grande
manifestação de afeto. E, como se nosso pai fosse uma criança pequena,
abraçamos o velho e o embalamos em nossos braços, com a mesma canção de ninar
que um dia ele embalou a nossa infância.
* * *
As mensagens
repassadas às crianças calam profundamente em suas almas. Embora o tempo, a
distância, as circunstâncias mais adversas, tudo o que as aninhou e animou nos
anos infantis repercute pela vida afora.
Eis porque a
infância tem um caráter de primordial importância ao ser humano. É nesse
período de repouso para o Espírito, que se prepara para as lutas do mundo, que
o ser se abastece de energias, vigor, valores reais que são, em verdade, as
únicas heranças autênticas que os pais legam aos filhos.
Redação do Momento
Espírita, a partir do texto Pai, de autoria desconhecida.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 19, ed. Fep.
Em 01.02.2012.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO
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