CAPÍTULO XVIII. MUITOS OS CHAMADOS,
POUCOS OS ESCOLIHIDOS.
A PORTA ESTREITA.
São Mateus, no capítulo VII, v.13 e 14, relata o
significado das palavras de Jesus:
Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que
leva à perdição, e muitos são os que entram por ela. Que estreita é a porta, e
que apertado o caminho que leva para a vida, e quão poucos são os que acertam
com ela!
Já o irmão São Lucas, no
capítulo XIII, v.23 a 30, relata dentro deste tema, que alguém perguntou a
Jesus? Senhor são poucos, então, os que se salvam? E
Jesus lhes respondeu: Porfiai por entrar pela porta estreita, porque vos digo
que muitos procurarão entrar e não o poderão. E quando o pai de família tiver
entrado, e fechado à porta, vós estareis de fora, e começareis a bater à porta,
dizendo: Abre-nos, Senhor! E ele vos responderá, dizendo: Não sei de onde sois.
Então começareis a dizer: Nós somos aqueles que, em tua presença, comemos e
bebemos, a quem ensinaste nas nossas praças. E diante disto ele os respondeu:
Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos os que obrais a iniquidade. E falou
mais, ali será o choro e o ranger de dentes, quando virdes que Abrão, e Isaac e
Jacó, e todos os profetas, estão no Reino de Deus, e que vós ficais fora dele,
excluídos. E virão do oriente e do ocidente, e do setentrião e do meio-dia,
muitos que se assentarão à mesa do Reino de Deus. E então os que são últimos
serão os primeiros, e os que são os primeiros serão os últimos.
Diante
de tudo isto se conclui que a porta da perdição é larga, porque as más paixões
são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado. Já a da salvação é
estreita porque o ser humano que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços
para vencer as suas más tendências, e poucos se resignam a isso. Completando a
máxima: São muitos os chamados e poucos os escolhidos.
Esse
é o estado atual da humanidade terrena, porque, sendo a Terra um mundo de
expiações, nela predomina o mal. Quando estiver transformada, o caminho do bem
será o mais frequentado. Devemos então entender essas palavras, portanto, em
sentido relativo e não absoluto. Se esse tivesse de ser o estado normal da
humanidade, Deus teria voluntariamente condenado à perdição a imensa maioria
das criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é toda
justiça e todo bondade.
Mas quais as faltas de que esta
humanidade seria culpada, para merecer uma sorte tão triste, no presente e no
futuro, se toda ela estivesse na Terra e a alma não tivesse outras
experiências? Por que tantos escolhos semeados no seu caminho? Por que essa
porta tão estreita, que apenas a um pequeno número é dado transpor, se a sorte
da alma está definitivamente fixada, após a morte? É assim que, com a unicidade
da existência, estamos incessantemente em contradição com nós mesmos e com a
justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o
horizonte se alarga, iluminam se os pontos mais obscuros da fé, o presente e o
futuro se mostram solidários com o passado, e somente assim podemos compreender
toda a profundidade, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.
Bibliografia: O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e escrita pelo Médium Getulio Pacheco
Quadrado.
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