Deus
Deus é um princípio fundamental para a
Doutrina dos Espíritos. "Não há vida, realidade, inteligência senão pela
vontade de Deus" (Leocádio J. Correia, 25/09/82). Deus é a causa primeira
de todas as coisas (Allan Kardec).
Para o Espiritismo, o entendimento que
os homens têm de Deus não está pronto nem é definitivo, está em constante
evolução. O conceito de Deus modifica-se com o tempo, resultado de ampliações
sucessivas de um conceito inicial, de abordagens complementares que destacaram
aspectos diferentes de Deus não considerados até então, e, também, de visões
contraditórias que expuseram as limitações de explicações utilizadas em
determinado momento. A compreensão de Deus, alcançada por uma pessoa é a
possível em face do seu conhecimento e do conhecimento do seu grupo social.
A tradição judaico-cristã é um exemplo.
Moisés alcançou a ideia de um Deus que, não sendo mais voluntarioso,
estabelecia um contrato, um conjunto de regras a serem obedecidas pelo seu
povo. Amós compreendeu que a relação de Deus com o homem seria, embora severa,
justa (Deus de justiça). Oséas afirmou que Deus, na sua severidade, sabia
perdoar os erros de seus filhos (Deus de perdão). O Deutero Isaías compreendeu
que o Deus de Israel era o mesmo de toda a humanidade (Deus único). E Jesus
traduziu em ações que todos são iguais perante Deus, e que o amor é a relação
básica entre Deus e suas criaturas (Deus de amor).
A visão histórica mostra que vários
conceitos de Deus, aceitos em um determinado período, foram sendo abandonados
na medida em que deixaram de atender às expectativas das pessoas e de seus
grupos sociais. Deus foi aos poucos deixando de ser um deus entre muitos
deuses. Deixou de ser o Deus de um só povo, o que comandava os exércitos e
esmagava seus inimigos. Deixou de ser o Deus imprevisível em suas ações, que a
todos castigava. Deixou de ser o Deus que provocava medo e controlava a vida
das pessoas. Deixou de ser o Deus de uma Igreja, refém de concepções
doutrinárias e dogmáticas.
No entendimento do Espiritismo, Deus
não se relaciona ao mágico, ao místico, ao divinal, ao sacro, ao infinito, ao
absoluto. Deus não é matéria, nem energia. Ele não tem uma forma definida. Deus
não está restrito a uma pessoa, por mais evoluída que seja, como Jesus. Deus
não está no céu. Ele está nos seres, mas não se confunde com eles; está nas
coisas, mas não se confunde com elas.
Deus não prescreve comportamentos, não
determina um conjunto de regras a serem seguidas. Logo, não há desobediência à
sua vontade, não há pecado. Deus não vigia, não fiscaliza. Ele não pune, não
castiga, não determina ou executa sentenças.
Para o Espiritismo, Deus não aceita
oferendas, sacrifícios ou promessas. Não concede graça, dom ou favores. Não intercede
não aceita pedidos, não protege alguém em especial. Deus não atua através de
milagres.
Deus não está limitado à humanidade, ao
planeta Terra ou à Via Láctea. Deus abrange todas as coisas, todos os seres
vivos, inteligentes ou não, encarnados ou desencarnados do Universo. Deus se
estende pelo Cosmo e o mantém (o Universo organizado e ordenado) — Deus
Cósmico.
Para a Doutrina Espírita, o Universo é
estruturado, as coisas não ocorrem ao acaso. Em tudo há causalidade,
inteligibilidade, significado, padrão. Deus, para o Espiritismo, é a Inteligência
Suprema (Allan Kardec).
O objetivo do ser é a evolução, a
ampliação de sua consciência através da aquisição de conhecimentos. Ao
construir a sua trajetória de vida, o ser inteligente amplia a sua percepção e
compreensão da natureza, das coisas, das pessoas, de si mesmo, do Cosmo, da
estruturação inteligente do Universo e, em consequência, o seu entendimento de
Deus. Deus torna-se evidente na Harmonia de tudo o que existe. Ao se fazer
identidade com o Cosmo, se faz identidade com Deus, pois os seres, as coisas,
as relações, a harmonia do Universo presentão Deus. Dessa forma, Deus é a
totalidade.
A estruturação inteligente do Universo
é ampla, plural, variada, abrangendo o número de consciências do universo. O
Livre-Arbítrio é parte fundamental do Cosmo e as infinitas possibilidades que
surgem de seu exercício estão contidas na estruturação inteligente do Universo.
A compreensão que o ser vai tendo do
Cosmo é construída gradativamente e é expressa através de sínteses parciais,
limitadas, incompletas. Algumas dessas sínteses parciais foram chamadas de leis
de Deus, e muitas vezes entendidas como uma prescrição que deveria ser
obedecida de forma rígida, como uma ordem direta de Deus que os homens não
deveriam discutir. Com o tempo, no entanto, passou a ser vista como a expressão
de uma compreensão, como uma aproximação do entendimento da estrutura
inteligente do Universo. As chamadas leis não são prescrições, mas
entendimentos. A identidade com Deus não se faz, portanto, pela obediência, mas
através de conhecimento, entendimento, sabedoria, consciência.
Todos os seres se relacionam com Deus
tal como as criaturas com o Criador. Na medida em que evoluem, ampliam a sua
consciência dessa unidade criatura-Criador. Todos os seres criam expressando
Deus e nesse sentido pode-se compreender que Deus está presente em todos os
seres (Deus onipresente). Pode-se compreender, também, que Deus é consciente
através da consciência de todos os seres do universo (Deus onisciente). E, por
fim, Deus faz, age, constrói através de suas criaturas. Elas são instrumentos
do amor, da justiça, verdade, da evolução. A estruturação inteligente é operada
pelas suas criaturas (Deus onipotente).
"Deus é vida, paz, amor,
compreensão, inteligência, justiça, caridade suprema,... onipotência, onipresença,
onisciência, verdade universal" (L.J. Correia, 25/09/88).
Deus é a expressão da vida, Deus é a
dinâmica da vida. Deus é a unidade que se revela todos os dias quando nos
procuramos (Antônio Grimm).
"...estou servindo ao meu Criador?" L.J.Correia
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MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO
PACHECO QUADRADO.
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