CAPÍTULO XXV. BUSCAI E
ACHAREIS.
NÃO VOS CANSEIS PELO OURO.
O irmão Mateus no capítulo X, vers. 9-15, comenta
as palavras do Senhor Jesus dizendo aos seus apóstolos: Não possuais ouro nem
prata, nem leveis dinheiro nas vossas cintas; nem alforje para o caminho, nem
duas túnicas, nem calçado, nem bordão, porque digno é o trabalhador do seu
alimento.
E em qualquer cidade ou aldeia que entrarem se
informem de quem há nela dignos de hospedá-los, e ficai ali até que se retirem.
E ao entrarem na casa, saudai-a, dizendo: Paz seja nesta casa. E se naquela
casa na realidade o merecer, virá sobre ela a vossa paz; e se não o merecer,
tornará para vós a vossa paz. Quando alguém não vos queira hospedar, e nem
ouvir o que dizeis, ao sair para fora da casa, ou da cidade, sacudi o pó de
vossos pés. Em verdade vos afirmo isto: no dia do juízo a terra de Sodoma e de
Gomorra, serão tratadas menos rigorosamente do que aquela cidade.
Pois é, Estas
palavras, que Jesus dirigia aos seus apóstolos, ao enviá-los anunciar a boa
nova pela primeira vez, nada tinham de estranho naquela época. Estavam de
acordo com os costumes patriarcais do Oriente, onde o viajor era sempre bem
recebido. Mas então eles eram raros. Entre os povos modernos, o aumento das
viagens teria de criar novos costumes. Só encontramos agora os do tempo antigo
nas regiões distantes, onde o tráfico intenso ainda não penetrou. Se Jesus
voltasse hoje a Terra, não poderia mais dizer aos seus apóstolos: Ponde-vos a
caminho sem provisões.
Juntamente
com o seu sentido próprio, essas palavras encerram um sentido moral bastante
profundo. Jesus ensinava, assim, aos seus discípulos, a se confiarem à
Providência. Além, desde que nada possuíam, eles não podiam tentar a cupidez dos
que os recebiam. Era um meio pelo qual distinguiam os caridosos dos egoístas, e
por isso lhes disse: “Informai-vos de quem é digno de vos receber”, ou seja, de
quem é suficientemente humano para abrigar o viajor que nada pode pagar,
porquanto esses são dignos de ouvir as vossas palavras e é pela sua caridade
que os reconhecereis.
Quanto
aos que nem sequer os quiseram receber, nem ouvir, o recomendou aos apóstolos
que os amaldiçoassem? Ou recomendou que se impusessem a eles, e usassem de violência,
para os constranger a se converterem? Não, mas que se retirassem pura e
simplesmente, à procura de gente de boa vontade.
Assim diz hoje o Espiritismo aos seus
adeptos: Não violenteis nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar a sua
crença para adotar a vossa; não lanceis o anátema sobre os que não pensam como
vós. Acolhei os que vos procuram e deixem em paz os que vos repelem.
Lembrai-vos das palavras do Cristo: antigamente o céu era tomado por violência,
mas hoje o será pela caridade e a doçura.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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