O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO VIII. LEI DO POGRESSO. INFLUÊNCIA DO ESPIRITISMO SOBRE O POGRESSO.
O Espiritismo se tornará uma crença comum
e marcara uma nova era na História da
Humanidade, porque pertence à Natureza, e chegou o tempo em que deve tomar
lugar entre os conhecimentos humanos. Haverá, entretanto grandes lutas a
sustentar, mais contra os interesses do que contra a convicção porque não
se pode dissimular que há pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio
e outras por motivos puramente materiais. Mas os seus contraditas, ficam
cada vez mais isolados, e serão forçados a pensar como todos os outros, sob
pena de se tornarem ridículos.
Comentário de Kardec: As ideias só se transformam com o tempo e
não subitamente; elas se enfraquecem de geração em geração e acabam por
desaparecer com os que as professavam e que são substituídos por outros
indivíduos imbuídos de novos princípios, como se verifica com as ideias políticas.
Vede o paganismo; não há ninguém, certamente que professe hoje as ideias
religiosas daquele tempo; não obstante, muitos séculos depois do advento do
Cristianismo, ainda haviam deixado traços que somente a completa renovação das
raças pôde apagar. O mesmo acontecerá com o Espiritismo; ele faz muito
progresso, mas haverá ainda, durante duas ou três gerações, um fenômeno de
incredulidade que só o tempo fará desaparecer. Contudo, sua marcha será mais
rápida que a do Cristianismo porque é o próprio Cristianismo que lhe abre as
vias sobre as quais ele se desenvolvera. O Cristianismo tinha que
destruir; o Espiritismo só tem que construir.
O Espiritismo pode contribuir para o progresso destruindo o materialismo, que é uma das chagas da
sociedade, ele faz os seres compreenderem onde está o seu verdadeiro
interesse. A vida futura não estando mais velada pela dúvida, o ser humano
compreenderá melhor que pode assegurar o seu futuro através do presente.
Destruindo os preconceitos de seita, de casta e de cor, ele ensinará aos seres
humanos a grande solidariedade que os deve unir como irmãos.
O Espiritismo poderia até pensar que não veria a vencer
a indiferença dos seres humanos, e o seu apego às coisas materiais, se conhece
se bem pouco os seres humanos. Pensar
que uma causa qualquer pudesse transformá-los como por encanto seria bobagem,
por que: as ideias se modificam pouco a pouco com os indivíduos, e
são necessárias gerações para que se apaguem completamente os traços dos velhos
hábitos. A transformação, portanto, não pode operar-se a não ser com
o tempo gradualmente, pouco a pouco. Em cada geração uma parte do véu se
dissipa. O Espiritismo vem rasgá-lo de uma vez; mas mesmo que só tivesse o
efeito de corrigir um ser humano de um só dos seus defeitos, isso seria um
passo que ele afaria dar e por isso um grande bem, porque esse primeiro
passo lhe tornaria os outros mais fáceis.
Os Espíritos não ensinaram desde todos os tempos o
que ensinam hoje porque, tudo tem o seu tempo, assim como não se ensina às crianças o que é ensinado aos adultos, e assim
como não se da aos recém-nascidos um alimento que ele não possa
digerir. Cada coisa tem o seu tempo. Os espíritos ensinaram muitas coisas
que os seres humanos não compreenderam ou desfiguraram, mas que atualmente
podem compreender. Pelo ensinamento deles, mesmo incompleto, prepararam o
terreno para receber a semente que vai agora frutificar.
Os Espíritos
não se apressam nesse progresso através de manifestações tão gerais e patentes,
que pudessem levar a convicção aos mais incrédulos, porque não existem milagres.
Mas mesmo assim Deus os semeia a mancheias nos vossos passos
e tem ainda seres que os negam. O Cristo, ele próprio, convenceu os seus
contemporâneos com os prodígios que realizou, e ainda hoje os seres negam
os fatos mais patentes que se passam aos seus olhos. E tem aqueles que
mesmo vendo não acreditam. Não é
por meio de prodígios que Deus conduzirá os seres. Na sua bondade, Ele
quer deixar-lhes o mérito de se convencerem através da razão.
COMENTÁRIO:
O transcurso do primeiro século
do Espiritismo, a 18 de abril de 1957 veio confirmar plenamente essa
extraordinária previsão de Kardec. No primeiro século do seu desenvolvimento, o
Cristianismo era ainda uma seita obscura e terrivelmente perseguida. Somente
nos fins do terceiro século atingiu as proporções de desenvolvimento, e
universalização que o Espiritismo apresentou no seu primeiro século. A marcha
do Espiritismo se fez com muito maior rapidez e sua vitória brilhará mais rápida
do que se espera.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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