Quando a idade avança
Passamos pela rua e observamos o casal de idosos
parado em frente ao posto móvel policial.
Os dois policiais jovens sorriam e respondiam, cordialmente, às questões
do senhor e da senhora, ambos de cabeças totalmente nevadas.
O casal não estava ali para reclamar de coisa alguma. Somente desejava
estabelecer um diálogo, conversar. Sozinhos, sem ter com quem trocar ideias, em
verdade, dialogam com quem quer que lhes possa dar atenção.
Afinal, os filhos, tendo constituído sua própria família, estão
distantes. Os amigos partiram quase todos para o mundo do grande Além.
Então, eles puxam conversa com o caixa do supermercado, no ponto de
ônibus, na fila do banco, no posto de saúde.
E contam o que aconteceu no dia anterior, o pequeno acidente que quase
os fez cair ao solo, os lances do último capítulo da novela, as notícias
ouvidas no rádio, há pouco.
Há quem seja gentil e os ouça. Até responda, demonstrando interesse.
Mas, nem todos...
Não pudemos nos furtar a tecer um paralelo, lembrando das crianças que
saem a passeio e vão cumprimentando quem encontrem pelas ruas.
E insistem no cumprimento até receberem um retorno. Acenam com a
mão, mandam beijos...
É comum acharmos graça, sorrirmos, e devolvermos os cumprimentos.
Difícil não nos encantarmos com a fala delas, que mais parece uma
cachoeira despencando pela montanha abaixo.
Isso porque elas desandam a falar sem controle, misturando a narração da
história que ouviram na escolinha com os personagens do desenho animado que
assistiram, acrescentando ainda seus próprios comentários.
Contam o presente que esperam ganhar no aniversário, a festa que terão
com seus amiguinhos.
Por vezes, nem entendemos o todo da fala, mas sorrimos e nos esforçamos
para dar uma resposta, fazer um comentário, que não pareça tolo para esses
pequenos, que têm uma lógica própria.
E nos encantamos com eles. Crianças, joias de luz espalhadas pela Terra.
Raios de sol brilhando nas nossas vidas.
* * *
Não é estranho que tenhamos tanta boa vontade com a criança e
manifestemos enfado com o idoso?
Se atentarmos bem, ambos fazem a mesma coisa, têm a mesma atitude.
Seria interessante que trabalhássemos nossa emoção.
Por que agimos de maneira tão diferente?
A criança é o botão que desabrocha. O idoso é a flor que murchará, logo
mais, se não receber a água da ternura, o ar do afago, o sol da compreensão.
A criança necessita de estímulos para se desenvolver. O idoso necessita
de atenção para prosseguir a viver, para ter reabastecido o seu bom ânimo.
Olhemos a criança, contemplando o futuro, pensando no amanhã.
Contemplemos o idoso, recordando a semeadura do ontem, o quanto
produziu, contribuiu, ao longo dos anos, para a sociedade, para o mundo e o
reverenciemos, no hoje.
Ontem eles nos afagaram, nos atenderam, nos ouviram as mil tolices da
infância, os queixumes da adolescência. Cabe-nos retribuir um pouco que seja.
Pensemos: se a morte não resolver nos visitar com antecedência,
haveremos de chegar lá, um dia.
E, da mesma forma, ansiaremos por quem nos dê atenção, nos ouça, tenha
atitude de quem se importa.
Semeemos para colher.
Redação do Momento Espírita.
Em 2.5.2017.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUDRADO.
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