CAPÍTULO XXVII. PEDI E OBTEREIS.
MODO DE ORAR.
O irmão V. Monod, no ano de 1.862 em Bordeaux, deixou dito que o primeiro dever nosso, e de todos os dias é proferir a prece. Ressalta que de todos nós que oramos, que são poucos os que sabem realmente orar! Salienta, que de nada vale ao Senhor as frases que proferimos de maneira maquinalmente, isto porque nos habituamos a repeti-las, e porque temos o hábito de fazermos por ser um dever, e que nos pesa.
Ressalta que a prece do cristão Espírita, principalmente aqueles oriundos de outros cultos, que deve ser feita no momento em que o Espírito retoma o jugo da carne; e que devemos elevar-nos com humildade aos pés da Majestade Divina, mas também com profundeza, num impulso de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até esse dia. E de agradecimento ainda, pela noite transcorrida, durante a qual nos foi permitido, ir ter com os nossos amigos, com os nossos guias, para haurir, no contato com eles, novas forças e mais perseverança. Que devemos elevar-nos humildemente aos pés do Senhor, pedindo pela nossa fraqueza, suplicando o seu amparo, a sua indulgência, a sua misericórdia. E que a prece deve ser profunda, porque é a nossa alma que deve elevar-se ao Criador, que deve transfigurar-se, como Jesus no Tabor, para chegar até Ele, branca e radiante de esperança e de amor.
Diz ainda, que a nossa prece deve encerrar o pedido das graças de que necessitamos, mas de que necessitamos realmente. Que é inútil, portanto, pedir ao Senhor que abrevie a nossas provas, ou que nos dê alegrias e riquezas. E sim pedir antes os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Que evitemos dizer, como o fazem muitos dentre nós: “Não vale a pena orar, porque Deus não me atende”. E o irmão pergunta, se quando pedimos, na maioria das vezes, se já nos lembramos de pedir a nossa melhoria moral? Diz que são poucas vezes, e que mais nos lembramos de pedir é o sucesso para os nossos empreendimentos terrenos, e depois exclamamos: “Deus não se preocupa conosco; se o fizesse, não haveria tantas injustiças!” E o irmão diz que somos insensatos, e ingratos. E salienta que se mergulharmos no fundo da nossa consciência, quase sempre ali encontraremos o motivo dos nossos males de que nos queixamos. Que devemos pedir, pois antes de tudo, que possamos melhorar, e veremos que torrentes de graças e consolações se derramarão sobre nós!
Deixou também dito que devemos orar incessantemente, sem para isso procurarmos o nosso oratório ou cairmos de joelhos nas praças públicas. Lembra-nos que a prece diária é o próprio cumprimento dos nossos deveres, sem exceção, de qualquer natureza que sejam. E pergunta se não é um ato de amor a Deus, assistirmos os nossos irmãos numa necessidade qualquer, moral ou física? E diz que não é um ato de reconhecimento a elevação do nosso pensamento a Ele, quando uma felicidade nos chega, quando evitamos um acidente, ou mesmo quando uma simples contrariedade nos aflora à alma, desde que não nos esqueçamos de exclamar mentalmente: “Seja bendito, meu Pai!”! Diz também que não é um ato de contrição, quando sentimos que falimos, dizermos humildemente para o Supremo Juiz, mesmo que seja num rápido pensamento: “Perdoai-me, Deus meu, pois que pequei (por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade); dai-me a força de não tornar a falir, e a coragem de reparar a minha falta”.
Diz também, que Isto independe das preces regulares da manhã e da noite, e dos dias consagrados, pois, como vemos a prece pode ser feita todos os instantes, sem interromper os nossos afazeres; e até, pelo contrário, assim feita, ela nos santifica. E que não duvidemos de que um só desses pensamentos, partindo do coração, é mais ouvido por nosso Pai celestial, do que as longas preces repetidas por hábitos, quase sempre sem um motivo determinante, e as quais apenas maquinalmente nos chama a hora convencional.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e escrita pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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