SÃO LUIS
Paris
A encarnação é uma punição, e somente
os Espíritos culpados é que lhe estão sujeitos?
A
passagem dos Espíritos pela vida corpórea é necessária, para que eles possam
realizar, com a ajuda do elemento material, os propósitos cuja execução Deus
lhes confiou. É ainda necessária por eles mesmos, pois a atividade que então se
veem obrigados a desempenhar ajuda-os a desenvolver a inteligência. Deus, sendo
soberanamente justo, deve aquinhoar equitativamente a todos os seus filhos. É
por isso que Ele concede a todos o mesmo ponto de partida, a mesma
aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de ação. Todo
privilégio seria uma preferência, e toda preferência uma injustiça. Mas a
encarnação, para todos os Espíritos, é apenas um estado transitório. É uma
tarefa que Deus lhes impõe, no princípio da existência, como primeira prova do
uso que farão do seu livre arbítrio. Os que executam essa tarefa com zelo,
sobem rapidamente, e de maneira menos penosa, os primeiros degraus da iniciação,
e gozam mais cedo o resultado do seu trabalho. Os que, ao contrário, fazem mau
uso da liberdade que Deus lhes concede, retardam o seu progresso. E é assim que
por sua obstinação, podem prolongar indefinidamente a necessidade de se
reencarnarem. E é então que a encarnação se torna um castigo.
Observação
– Uma comparação vulgar nos fará melhor compreender esta diferença. O estudante
não atinge os graus superiores, sem ter percorrido a série de classes que o
levam até lá. Essas classes, por mais trabalho que exijam, são o meio de
atingir o fim, e não uma punição. O estudante laborioso abrevia a caminhada,
encontrando menos dificuldades. Acontece o contrário com aquele que a
negligência e a preguiça obrigam a repetir certas classes. Não é, porém, o
estudo que constitui uma punição, mas a obrigação de recomeçá-lo em cada
classe.
É
o que se passa com o homem na Terra. Para o Espírito do selvagem, que está
quase no começo da vida espiritual, a encarnação é um meio de desenvolver a
inteligência. Mas, para o homem esclarecido, em que o senso moral está
largamente desenvolvido, e que se vê obrigado a repetir as etapas de uma vida
corporal cheia de angústias, enquanto já podia ter atingido o fim, é um
castigo, pela necessidade em que se acha de prolongar a sua permanência nos
mundos inferiores e infelizes. Aquele que, ao contrário, trabalha ativamente
para o seu progresso moral, pode não somente abreviar a duração de sua
encarnação material, mas franquear de uma vez os graus intermediários, que o
distanciam dos mundos superiores.
Os
Espíritos não poderiam encarnar-se uma só vez num mesmo globo, e passar suas
diferentes existências em diferentes esferas? Esta opinião seria admissível, se
todos os homens estivessem na Terra, exatamente no mesmo nível intelectual e
moral. As diferenças existentes entre eles, desde o selvagem até o homem
civilizado, revelam os graus que têm de percorrer. A encanação, aliás, deve ter
uma finalidade útil. Ora, qual seria a finalidade das encarnações efêmeras, das
crianças que morrem em tenra idade?
REPORT
THIS AD
Teriam sofrido sem qualquer proveito,
nem para elas nem para os outros? Deus, cujas leis são todas soberanamente
sábias, nada faz de inútil. Pelas reencarnações no mesmo globo, quis que os
mesmos Espíritos se pusessem de novo em contato, tendo assim ocasião de reparar
as suas faltas recíprocas. E tendo e conta as suas relações anteriores, quis,
ainda, fundar uma base espiritual os laços de família, apoiando numa lei
natural os princípios de solidariedade, fraternidade e igualdade.
MENSAGEM DIVULGADA
PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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