segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

DUPLA VISTA.

 


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VII. DUPLA VISTA.

 

0 fenômeno designado pelo nome de dupla vista(1) tem relação com o sonho e o sonambulismo, sendo tudo isso uma mesma coisa. Isso a que chamamos dupla vista é ainda o Espírito em maior liberdade, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a vista da alma.

A faculdade da dupla vista é permanente e o seu exercício, não. Nos mundos menos materiais que o nosso, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo pensamento, sem excluir, entretanto, a linguagem articulada; também a dupla vista é para a maioria uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser comparado ao dos nossos sonâmbulos lúcidos, e essa é também a razão por que eles se manifestam a nós mais facilmente do que os encarnados de corpos mais grosseiros.

A dupla vista se desenvolve espontaneamente ou pela vontade de quem a possui, e na maioria das vezes, ela é espontânea, mas a vontade também, muitas vezes, desempenha um grande papel. Assim, podemos tomar, por exemplo, certas pessoas chamadas leitoras da sorte, algumas das quais possuem esta faculdade de dupla vista e nisso a que chamamos de visão.

A dupla vista é suscetível de se desenvolver pelo exercício, onde o trabalho sempre conduz ao progresso, e o véu que encobre as coisas se torna transparente.

Esta faculdade se liga à organização física por certo, a organização desempenha o seu papel; há organizações que se mostram refratárias

A dupla vista parece hereditária em certas famílias, por intermédio de organizações, que se transmite, como as outras qualidades físicas; e depois, no desenvolvimento da faculdade por uma espécie de educação, que também se transmite de um para outro.

Na doença, na proximidade de um perigo, numa grande comoção podem desenvolver a dupla vista. O corpo se encontra às vezes num estado particular que permite ao Espírito ver o que não podemos ver com os olhos do corpo.

Comentário de Kardec: Os tempos de crise e de calamidades, as grandes emoções todas as causas enfim, de supraexcitação moral provocam às vezes o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a Providência nos dá, em presença do perigo, o meio de conjugar.  Todas as seitas e todos os partidos perseguidos oferecem numerosos exemplos a respeito.

Nem sempre as pessoas dotadas de dupla vista têm consciência disso; para elas é coisa inteiramente natural, e muitas dessas pessoas acreditam que se todos se observassem nesse sentido, perceberiam ser como elas.

Poderíamos atribuir a uma espécie de dupla vista a perspicácia de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário, julgam as coisas com mais precisão do que as outras, porque é sempre a alma que irradia mais livremente e julga melhor do que sob o véu da matéria.

Esta faculdade pode, em certos casos, dar a presciência das coisas, e dá também os pressentimentos, porque há muitos graus desta faculdade e o mesmo indivíduo pode ter todos os graus ou não ter mais do que alguns.


(1) Kardec usou as duas expressões: “Segunda vista” e “dupla vista”, com evidente preferência pelo primeiro. Em português, sendo mais comum “dupla vista”, demos preferência a esta. (N. do T.)

MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

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