O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO
III. PERCEPÇÕES, SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS.
A alma, uma
vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as percepções que tinha nesta vida e outras, porque o
seu corpo era como um véu que a obscurecia. A inteligência é um atributo
do Espírito, mas se manifesta mais livremente quando não tem entraves.
As percepções
e os conhecimentos dos Espíritos quanto mais se aproximam da perfeição, mais sabem;
se são superiores, sabem muito. Os Espíritos inferiores são mais ou menos
ignorantes em todos os assuntos.
Conforme e
sua elevação e a sua pureza os Espíritos conhecem o princípio das coisas. Já os Espíritos
inferiores não sabem mais do que os homens.
Os
Espíritos não compreendem a duração como nós, e isso faz que não compreendam
sempre quando se trata de fixar datas ou épocas.
Comentário de Kardec: Os Espíritos vivem fora do tempo, tal
como o compreendemos; a duração, para eles, praticamente não existe, e os
séculos, tão longos para nós, são aos seus olhos apenas instantes que
desaparecem na eternidade, da mesma maneira que as desigualdades do solo se
apagam e desaparecem, para aquele que se eleva no espaço.
Os
Espíritos fazem do presente uma ideia mais precisa e mais justa do que nós, isso
é, mais ou menos como aquele que vê claramente e tem uma ideia
mais justa das coisas do que o cego. Os Espíritos veem o que não vemos, e
julgam diferente de nós. Mas ainda uma vez, isso depende da sua elevação.
O
conhecimento do passado é para eles, o passado, quando dele nos
ocupamos, é um presente, precisamente como nos lembra de uma coisa que nos
impressionou durante o nosso exílio. Entretanto, como eles não tem mais o
véu material que obscurece a nossa inteligência, lembram das coisas que
desapareceram para nós. Mas nem tudo os Espíritos conhecem, a começar pela
sua própria criação.
Dependendo
da sua perfeição os Espíritos conhecem o futuro, onde quase sempre, nada mais
fazem do que entrevê-lo, mas nem sempre têm a permissão de o
revelar. Quando o veem, ele nos parece presente. O Espírito vê o
futuro mais claramente, à medida que se aproxima de Deus. Depois da morte,
a alma vê e abarca de relance as suas migrações passadas, mas
não pode ver o que Deus lhe prepara. Para isso, é necessário que esteja
integrada nele, depois de muitas existências.
Os
Espíritos chegados à perfeição absoluta, não têm completo conhecimento do
futuro, porque Deus é o único e soberano Senhor e ninguém o pode igualar.
Somente os
Espíritos superiores veem e compreendem Deus. Já os Espíritos inferiores o
sentem e adivinham.
Quando um
Espírito inferior diz que Deus lhe proíbe ou permite uma coisa, é porque ele sente a sua
soberania, e quando uma coisa não deve ser feita ou uma palavra não deve
ser dita, recebe uma intuição, uma advertência invisível, que o inibe de
fazê-lo. Nós mesmos temos pressentimentos que são para nós como advertências
secretas, para fazermos ou não alguma coisa. O mesmo acontece com os
Espíritos em grau superior, pois compreendem, mas eles sendo mais sutil do
que a nossa a essência dos Espíritos, eles podem receber mais facilmente
as advertências divinas.
A ordem é
transmitida praticamente por Deus por intermédio de Espíritos que estão mais
elevados, e em perfeição e instrução, e não por intermédio de outros Espíritos, pois para
comunicar-se com ele é preciso merecê-lo.
A vista dos
Espíritos não é circunscrita, como nos seres corpóreos. Trata-se de uma
faculdade geral.
Os Espíritos
veem pela luz própria, sem necessidade de luz exterior. Para
eles não há trevas, a não ser aquelas em que podem encontrar-se por
expiação.
Os
Espíritos não precisam transportar-se, para ver em dois lugares diferentes. Como o Espírito se
transporta com a rapidez do pensamento, podemos dizer que vê por toda
parte de uma só vez. Seu pensamento pode irradiai dirigir-se para muitos
pontos ao mesmo tempo. Mas essa faculdade depende da sua pureza: quanto
menos puro ele for, mais limitada é a sua vista; somente os Espíritos
superiores podem ter visão de conjunto.
Comentário de Kardec: A faculdade de ver dos
Espíritos, inerente à sua natureza, difunde-se por todo seu ser, como a luz num
corpo luminoso. É uma espécie de lucidez universal, que estende a tudo, envolve
simultaneamente o espaço, o tempo e as coisas e par; qual não há trevas nem
obstáculos materiais. Compreende-se que assim deve, pois no homem a vista
funciona através de um órgão que recebe a luz, e sem luz fica na obscuridade.
Nos Espíritos, a faculdade de ver é um atributo próprio, que independe de
qualquer agente exterior. Avista não precisa da luz. (Ver Ubiquidade item
92.)
O Espírito
vê as coisas mais distintamente do que nós, porque a sua vista penetra o que a
nossa não pode penetrar; nada a obscurece.
O Espírito
percebe os sons, e percebe até mesmo os que os nossos sentidos obtusos não podem
perceber.
A faculdade
de ouvir, como a de ver, está em todo o seu ser, onde todas as percepções
são atributos do Espírito e fazem parte do seu ser. Quando ele se reveste
de corpo material, elas se manifestam pelos meios orgânicos; mas, no
estado de liberdade, não estão mais localizadas.
Sendo as
percepções atributos do próprio Espírito, o Espírito só vê e ouve o que ele
quiser. Isto de uma maneira geral, e sobretudo para os Espíritos elevados.
Os imperfeitos ouvem e veem frequentemente, queiram ou não, aquilo que
pode ser útil ao seu melhoramento.
Os Espíritos
são sensíveis à música celeste, essa harmonia da qual ninguém na Terra pode ter ideia. Uma
é para a outra o que o canto do selvagem é para a suave melodia. Não
obstante, os Espíritos vulgares podem provar um certo prazer ao ouvir a nossa
música, porque não estão ainda capazes de compreender outra mais sublime.
A música tem, para os Espíritos, encantos infinitos, em razão de suas
qualidades sensitivas muito desenvolvidas. Refiro-me à música celeste, que
é tudo quanto a imaginar espiritual pode conceber de mais belo e mais
suave.
Os
Espíritos são sensíveis às belezas naturais segundo as suas aptidões para as
apreciar e compreender. Para os Espíritos elevados, há belezas de
conjunto diante das quais se apagam, por assim dizer, as belezas dos
detalhes.
Os Espíritos
experimentaram as nossas necessidades e os nossos sofrimentos
físicos porque sofreram e conheceram, mas não os experimentam como nós,
porque são Espíritos.
Os
Espíritos não sentem fadiga e necessidade de repouso, e, portanto
não necessitam do repouso corporal, pois não possuem órgãos em que as
forças tenham de ser restauradas. Mas o Espírito repousa, no sentido de
não permanecer numa atividade constante. Ele não age de maneira
material porque a sua ação é toda intelectual e o seu repouso é todo
moral. Há momentos em que o seu pensamento diminui de atividade
e não se dirige a um objetivo determinado; este é um verdadeiro repouso,
mas não se pode compará-lo ao do corpo. A espécie de fadiga que os
Espíritos podem provar esta na razão da sua inferioridade, pois quanto
mais se elevam, de menos repouso necessitam.
Quando um
Espírito diz que sofre, a natureza do seu sofrimento, vem a ser as
angústias morais, que o torturam mais
dolorosamente que os sofrimentos físicos.
Alguns
Espíritos se queixam de frio ou calor, pela lembrança do que sofreram durante a
vida e algumas vezes tão penosa como a própria realidade. Frequentemente,
é uma comparação que fazem, para exprimirem a sua situação. Quando se
lembram do corpo experimentam uma espécie de impressão, como quando se
tira uma capa e algum tempo depois ainda se pensa estar com ela.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO
PACHECO QUADRADO.
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