O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO.CAPÍTULO XXVII. REUNIÕES ESPÍRITAS.
4 –
Porque onde se acham dois ou três congregados em meu nome, aí estou eu no meio
deles. (Mateus, XVIII: 20).
5 – Prefácio –
Para estarem reunidos em nome de Jesus, não basta à presença material, pois é
necessário que o estejam espiritualmente, pela comunhão de intenções e de
pensamentos, voltados para o bem. Então Jesus se encontra no meio da reunião.
Ele ou os Espíritos puros que o representam. O Espiritismo nos faz compreender
de que maneira os Espíritos podem estar entre nós. É graças ao seu corpo
fluídico ou espiritual, e com a aparência que nos permitiria reconhecê-los,
caso se tornassem visíveis. Quanto mais elevados na hierarquia, maior é o seu
poder de irradiação, de maneira que, possuindo o dom de ubiquidade, podem estar
simultaneamente em muitos lugares: para tanto, basta a emissão de um raio de
seu pensamento.
Com
essas palavras, Jesus quis mostrar o efeito da união e da fraternidade. Não é o
maior ou menor número que atrai os Espíritos, pois se assim fosse, ele podia
ter dito, em vez de duas ou três pessoas, dez ou vinte, mas o sentimento de
caridade que as anima reciprocamente. Ora, para isso, bastam duas pessoas, mas
se essas duas orarem separadas, mesmo que se dirijam a Jesus, não há entre elas
comunhão de pensamentos, sobretudo se não estão movidas por um sentimento de
mútua benevolência. Se estiverem, então, animadas de mútua prevenção, com ódio,
inveja ou ciúme, as correntes fluídicas de seus pensamentos se repelem, em vez
de se unirem por um comum impulso de simpatia, e então elas não estão
reunidas em nome de Jesus. Nesse caso, Jesus será apenas o pretexto da
reunião, e não o seu verdadeiro motivo. (Cap. XXVII, nº 9)
Isso
não quer dizer que Jesus não ouça uma pessoa só. Se ele não disse: “Atenderei a
qualquer que me chame”, é porque exige, antes de tudo, o amor do próximo, do
qual se podem dar maiores provas em conjunto do que isoladamente, e porque todo
sentimento pessoal o nega. Segue-se que, numa reunião numerosa, se duas ou três
pessoas se ligassem pelo coração, num sentimento de verdadeira caridade,
enquanto as outras permanecessem isoladas e concentradas em ideias egoístas ou
mundanas, Jesus estaria com as primeiras e não com as demais. Não é, portanto,
a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores, que
constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, segundo, o
espírito de caridade por ele personificado. (Caps. X: nº 7 e 8; e
XXVII: 2 a 4).
Esse
deve ser o caráter das reuniões espíritas sérias, em que sinceramente se deseja
o concurso dos Bons Espíritos.
6 – Prece (Para
o começo da reunião)
Rogamos
ao Senhor Deus Todo-Poderoso enviar-nos Bons Espíritos para nos assistirem,
afastar aqueles que possam induzir-nos ao erro, e dar-nos a luz necessária para
distinguirmos a verdade da impostura. Afastai também os Espíritos malfazejos,
encarnados ou desencarnados, que poderiam tentar lançar a desunião entre nós, e
com isso desviar-nos da caridade e do amor do próximo. Se alguns procurarem penetrar
neste recinto, fazei que não encontrem acesso em nossos corações. Bons
Espíritos, que vos dignais vir instruir-nos, tornai-nos dóceis aos vossos
conselhos, afastai-nos de todo pensamento de egoísmo, de orgulho, de
inveja e de ciúmes: inspirai-nos a indulgência e a benevolência para com os
nossos semelhantes presentes ou ausentes, amigos ou inimigos; fazei, enfim, que
pelos sentimentos que nos animarem, possamos reconhecer a vossa salutar
influência. Daí aos médiuns, que encarregardes de nos transmitir os vossos
ensinamentos, a consciência da santidade do mandato que lhes é confiado e da
gravidade do ato que vão praticar, a fim de que o façam com o fervor e o
recolhimento necessários. Se estiverem entre nós pessoas que foram atraídas por
outros sentimentos, que não o do bem, abri os seus olhos à luz, e perdoai-as,
como nós as perdoamos, se vieram com intenções malfazejas. Pedimos
especialmente ao espírito de Fulano, nosso guia
espiritual, para nos assistir e velar por nós.
7 – Prece (Para
o fim da reunião)
Agradecemos
aos Bons Espíritos que vieram comunicar-se conosco, pedimos que nos ajudem a
por em prática as instruções que nos deram, e façam que cada um de nós, ao sair
daqui, esteja fortificado na prática do bem e do amor ao próximo. Desejamos
igualmente que essas lições sejam proveitosas para os Espíritos sofredores,
ignorantes ou viciosos, que puderam assistir a esta reunião, e para os quais
suplicamos a misericórdia de Deus.
PARA OS MÉDIUNS
8 – E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que eu derramarei do meu Espírito
sobre toda a carne; profetizarão os vossos filhos e vossas filhas, e os vossos
mancebos verão visões, e os vossos anciãos sonharão sonhos. E certamente
naqueles dias derramarei do meu Espírito sobre os meus servos e sobre minhas
servas, e profetizarão. (Atos, II: 17-18).
9 – Prefácio – Quis o Senhor que a luz se fizesse para todos os
homens, e que a voz dos Espíritos penetrasse por toda à parte, a fim de que
cada um pudesse obter a prova da imortalidade. É com esse objetivo que os
Espíritos se manifestam hoje por toda a Terra, e que a mediunidade,
revelando-se entre as pessoas de todos as idades e de todas as condições, entre
homens e mulheres, crianças e velhos, constituem um sinal de que os tempos
chegaram. Para conhecer a coisas do mundo visível e descobrir os segredos da
natureza material, Deus concedeu aos homens a vista física, os sentidos
corporais e os instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o seu
olhar nas profundidades do espaço, e com o microscópio descobriu o mundo dos
infinitamente pequenos. Para penetrar o mundo invisível, deu-lhe a mediunidade.
Os médiuns são os intérpretes do ensino dos Espíritos, ou melhor, são
os instrumentos materiais pelos quais os Espíritos se exprimem, nas suas
comunicações com os homens. Sua missão é sagrada, porque tem por fim
abrir-lhes os horizontes da vida eterna.
Os
Espíritos vêm instruir o homem sobre o seu futuro, para conduzi-lo ao caminho
do bem e não para poupar-lhe o trabalho material que lhe cabe neste mundo, para
o seu próprio adiantamento, nem para favorecer as suas ambições e a sua
cupidez. Eis do que os médiuns devem compenetrar-se bem, para não fazerem mau
uso de suas faculdades. Aquele que compreende a gravidade do mandato de que se
acha investido, cumpre-o religiosamente. Sua consciência o condenaria, como por
um ato sacrílego, se transformasse em divertimento e distração, para si
mesmo e para os outros, as faculdades que lhe foram dadas com uma
finalidade séria, pondo-o em relação com os seres do outro mundo. Como
intérpretes do ensinamento dos Espíritos, os médiuns devem desempenhar um papel
importante na transformação moral que se opera. Os serviços que podem prestar
estão na razão da boa orientação que derem às suas faculdades, pois os que
seguem os meus caminho são mais prejudiciais do que úteis à causa do
Espiritismo; pelas más impressões que produzem retardam mais de uma conversão.
Eis porque terão de prestar contas do uso que fizeram das faculdades que lhes
foram dadas para o bem dos seus semelhantes.
O
médium que não quer perder a assistência dos Bons Espíritos, deve trabalhar
pela sua própria melhoria. O que deseja que a sua faculdade se engrandeça e
desenvolva, deve engrandecer-se moralmente, abstendo-se de tudo o que possa
desviá-la da sua finalidade providencial. Se os Bons Espíritos às vezes se
servem de instrumentos imperfeitos, é para bem aconselhá-los e procurar
levá-los ao bem; mas se encontram corações endurecidos, e se os seus conselhos
não são ouvidos, retiram-se, e os maus têm então o campo livre. (Cap.
XXIV, nº 11 e 12). A experiência demonstra que, entre os que não aproveitam
os conselhos dos Bons Espíritos, as comunicações, após haverem alguns clarões,
durante certo tempo, acabam por cair no erro, na verbosidade vazia e no
ridículo, sinal incontestável do afastamento dos Bons Espíritos.
Obter
a assistência dos Bons Espíritos e livrar-se dos Espíritos levianos e
mentirosos, deve ser o objetivo dos esforços constantes de todos os médiuns
sérios. Sem isso a mediunidade é uma faculdade estéril que pode mesmo reverter
em prejuízo daquele que a possui, degenerando em obsessão perigosa. O médium
que compreende o seu dever, em vez de orgulhar-se de uma faculdade que não lhe
pertence, desde que lhe pode ser retirada, atribui a Deus o que de bom consegue
obter. Se as suas comunicações, merecem elogios, ele não se envaidece com isso,
por saber que elas independem do seu método pessoal, e agradece a Deus haver
permitido que os Bons Espíritos se manifestassem através dele. Se dão motivo a
críticas, não se ofende por isso, pois sabe que elas não foram produzidas por
ele. Pelo contrário, reconhece não ter sido um bom instrumento e que não possui
todas as qualidades necessárias para impedir a intromissão dos maus Espíritos.
Trata, então, de adquirir essas qualidades, e pede, pela prece, a força que lhe
falta.
10 – Prece – Deus Todo-Poderoso, permiti que os Bons Espíritos
me assistissem na comunicação que solicito. Preservai-me da presunção de me
julgar ao abrigo dos maus Espíritos; do orgulho que poderia me enganar sobre o
valor do que obtenha; de todo sentimento contrário à caridade para com os
outros médiuns. Se for induzido ao erro, inspirai a alguém ideia de me
advertir, e a mim, a humildade que me fará aceitar a crítica com
reconhecimento, e aceitar para mim, e não para os outros, os conselhos que os
Bons Espíritos queiram dar-me.
Se
me sentir tentado a enganar, seja no que for, ou a me envaidecer da faculdade
que vos aprouve conceder-me, peço-vos que a retireis de mim, antes que permitir
seja ela desviada de sua finalidade providencial, que é o bem de todos e o meu
próprio adiantamento moral.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO
QUADRADO.
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