O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IV. PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS. JUSTIÇA
DA REENCARNAÇÃO.
Sobre o que se
funda o dogma da reencarnação?
— Sobre a justiça
de Deus e a revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai deixa sempre
aos filhos uma porta aberta ao arrependimento. A razão nos diz que seria
injusto privar para sempre da felicidade eterna aqueles cujo melhoramento não
dependeu deles mesmos? Todos os homens não são filhos de Deus? Somente entre os
homens egoístas é que se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os
castigos sem perdão.
Comentário de
Kardec: Todos os Espíritos tendem a perfeição, e Deus lhes proporciona os
meios de consegui-la com as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça,
permite- lhe realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou
acabar numa primeira prova.
Não estaria de
acordo com a equidade, nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre
aqueles que encontraram obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de
sua vontade, no próprio meio em que foram colocados. Se a sorte do homem fosse
irrevogavelmente fixada após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de
todos na mesma balança e não os teria tratado com imparcialidade.
A doutrina da
reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências
sucessivas, é a única que corresponde a ideia da justiça de Deus com respeito
aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro
e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os
nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os
Espíritos nos ensinam.
O homem que tem a
consciência da sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma
consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus, não pode esperar que, por
toda a eternidade, haja de ser igual aos que agiram melhor do que ele. O
pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para sempre do bem
supremo, e do que ele poderá conquistá-lo através de novos esforços, o ampara e
lhe reanima a coragem. Qual é aquele que no fim da sua carreira, não lamenta
ter adquirido demasiado tarde uma experiência que já não pode aproveitar? Pois
esta experiência tardia não estará perdida: ele a aproveitará numa nova
existência.
BIBLIOGRAFIA. O
LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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