O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IX.INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPÓREO.
AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE OS FENÔMENOS DA NATUREZA.
Tudo tem uma razão
de ser e nada acontece sem a permissão de Deus, ou seja, os grandes fenômenos
da Natureza, esses que se consideram como perturbações dos elementos, são
devidos a causa fortuitas ou têm pelo contrário, um fim providencial?
Esses fenômenos sempre objetivam o homem?
– Algumas vezes têm uma razão de ser
diretamente relacionado ao homem mas frequentemente não tem outro objetivo
que o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da
Natureza.
Concebemos
perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primaria, nisso como em todas
as coisas; mas como sabemos que os Espíritos podem agir sobre a matéria e que
eles são os agentes da vontade de Deus perguntamos se alguns dentre eles não
exerceriam uma influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou
dirigir?
— Mas é evidente; isso não pode
ser de outra maneira. Deus não se entrega a uma ação direta sobre a
Natureza, mas tem os seus agentes dedicados, em todos os graus da escala
dos mundos.
A Mitologia dos
antigos é inteiramente fundada sobre as ideias espíritas, com a diferença de
que consideravam os Espíritos como divindades. Ora, eles nos representavam
esses deuses ou esses Espíritos com atribuições especiais. Assim, uns eram
encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir à vegetação etc.
Essa crença é destituída de fundamento?
— Tão pouco destituída de
fundamento que está ainda muito aquém da verdade.
Pela mesma razão poderia haver Espíritos
habitando o interior da Terra e presidindo aos fenômenos geológicos?
— Esses Espíritos não habitam
precisamente a Terra, mas presidem e dirigem os fenômenos segundo as suas
atribuições. Um dia tereis a explicação de todos esses fenômenos e os
compreendereis melhor.
Os Espíritos que presidem aos
fenômenos da Natureza formam uma categoria especial no mundo espírita, são
seres à parte ou Espíritos que foram encarnados, como nós?
— Que o serão, ou que o foram.
Esses Espíritos
pertencem às ordens superiores ou inferiores da hierarquia espírita?
— Segundo o seu papel for mais
ou menos material ou inteligente; uns mandam, outros executam; os que executam
as coisas materiais são sempre de uma ordem inferior, entre os Espíritos
como entre os homens.
Na produção de
certos fenômenos, das tempestades, por exemplo, é somente um Espírito que age
ou se reúnem em massa?
— Em massas inumeráveis.
Os Espíritos
que agem sobre os fenômenos da Natureza agem com conhecimento de causa em
virtude de seu livre-arbítrio, ou por um impulso instintivo e irrefletido?
— Uns, sim; outros, não. Faço uma comparação: figurai essas
miríades de animais que pouco a pouco fazem surgir do mar as ilhas e os arquipélagos;
acreditais que não há nisso um objetivo providencial e que essa
transformação da face do globo não seja necessária para a harmonia geral?
São, entretanto, animais do último grau os que realizam essas coisas,
enquanto vão provendo às necessidades e sem perceberem que são
instrumentos de Deus. Pois bem, da mesma maneira os Espíritos mais
atrasados são úteis ao conjunto; enquanto eles ensaiam para a vida, e
antes de terem plena consciência de seus atos e de seu livre-arbítrio,
agem sobre certos fenômenos de que são agentes sem o saberem. Primeiro,
executam; mais tarde, quando sua inteligência estiver desenvolvida,
comandarão e dirigirão as coisas do mundo material; mais tarde ainda,
poderão dirigir as coisas do mundo moral. É assim que tudo serve, tudo se
encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, pois ele
mesmo começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, de que o vosso
Espírito limitado ainda não pode abranger o conjunto!
BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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