O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO II. PENAS E GOZOS FUTUROS. NATUREZA DAS PENAS E GOZOS FUTUROS.
As penas e os gozos da alma após a
morte têm alguma coisa de material?
— Não podem ser
materiais, desde que a alma não é de matéria. O próprio bom senso o diz. Essas
penas e esses gozos nada têm de carnal e por isso mesmo são mil vezes mais
vivos do que os da Terra. O Espírito, uma vez desprendido, é mais
impressionável: a matéria não mais lhe enfraquece as sensações. (Ver itens 237
a 257.)
Por que o homem faz ideias tão
grosseiras e absurdas das penas e dos gozos da vida futura?
— Inteligência
ainda não suficientemente desenvolvida. A criança compreende da mesma maneira que
o adulto? Aliás, isso depende também do que se lhe tenha ensinado: é nesse
ponto que há necessidade de uma reforma. Vossa linguagem é muito imperfeita
para exprimir o que existe além do vosso alcance. Por isso, foi necessário
fazer comparações, sendo essas imagens e figuras tomadas como a própria
realidade. Mas à medida que o homem se esclarece, seu pensamento compreende as
coisas que a sua linguagem não pode traduzir.
Em que consiste a felicidade dos bons
Espíritos?
— Em conhecer todas
as coisas; não ter ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das
paixões que fazem a infelicidade dos homens. O amor que os une é para eles a
fonte de uma suprema felicidade. Não experimentam nem as necessidades, nem os
sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes com o bem que
fazem. De resto, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua
elevação. Somente os Espíritos puros gozam, na verdade, da felicidade suprema,
mas nem por isso os demais são infelizes. Entre os maus e os perfeitos, há uma
infinidade de graus, nos quais os gozos são relativos ao estado moral. Os que
são bastante adiantados compreendem a felicidade dos que avançaram mais que
eles, e a ela aspiram, mas isso é para eles motivo de emulação e não de inveja.
Sabem que deles depende alcançá-la e trabalham com esse fito, mas com a calma
da consciência pura. Sentem-se felizes de não ter de sofrer o que sofrem os
maus.
Contais a ausência das necessidades
materiais entre as condições da felicidade para os Espíritos. Mas a satisfação
dessas mesmas necessidades não é para o homem uma fonte de gozos?
— Sim, de gozos
animais. E quando não pode satisfazer essas necessidades, isso é uma tortura.
O que se deve entender quando se diz
que os espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe cantar
louvores?
— É uma alegoria para dar a ideia da compreensão que eles têm das
perfeições de Deus, pois o veem e compreendem; mas, como tantas outras, não se
deve tomá-la ao pé da letra. Tudo na Natureza, desde o grão de areia, canta, ou
seja, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Mas não penseis que os
Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação na eternidade. Isso seria uma
felicidade estúpida e monótona, e mais ainda, a felicidade do egoísta, pois a
sua existência seria uma inutilidade sem fim. Eles não sofrem mais as
tribulações da existência corpórea: isso já é um gozo; depois, como já
dissemos, conhecem e sabem todas as coisas e empregam proveitosamente a
inteligência adquirida, para auxiliar o progresso dos outros Espíritos: essa é
a sua ocupação e ao mesmo tempo um gozo.
BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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