O LIVRO DOS ESPÍRITOS.CAPÍTULO
VI. VIDA ESPÍRITA. MUNDOS TRANSITÓRIOS.
Existem, como foi dito, mundos que
servem de estações ou de lugares de repouso aos Espíritos errantes?
— Sim, há mundos particularmente destinados
aos seres errantes, mundos que eles podem habitar temporariamente, espécie
de acampamentos, de lugares em que possam repousar de erraticidades muito
longas, que são sempre um pouco penosas. São posições intermediárias entre
os mundos, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que podem
atingi-los, e que neles gozam de maior ou menor bem-estar.
Os Espíritos que habitam esses mundos
podem deixá-los à vontade?
— Sim, os Espíritos que se encontram nesses
mundos podem deixá-los, para seguir o seu destino. Figurai-os como aves de arribação descendo
numa ilha, para recuperarem suas forças e seguirem avante.
Os Espíritos progridem durante essas
estações nos mundos transitórios?
— Certamente. Os que assim se reúnem têm o
fito de se instruírem e poder mais facilmente obter a permissão de ir a
lugares melhores até chegar à posição dos eleitos.
Os mundos transitórios são, por sua
natureza especial, perpetuamente destinados aos Espíritos errantes?
— Não, sua posição é apenas temporária.
São eles ao mesmo tempo habitados por
seres corpóreos?
— Não, sua superfície é estéril. Os que os
habitam não precisam de nada.
Essa esterilidade é permanente e se
liga à sua natureza especial?
— Não; são estéreis transitoriamente.
Esses mundos seriam, então, desprovidos
de belezas naturais?
— A Natureza se traduz, pelas
belezas da imensidade, que não são menos admiráveis do que as que chamais
belezas naturais.
Sendo transitório o estado desses
mundos, a Terra terá um dia de estar entre eles?
— Já esteve.
) Em que época?
— Durante a sua formação.
Comentário de Kardec: Nada existe de inútil na
Natureza: cada coisa tem a sua finalidade, a sua destinação; nada é vazio, tudo
é habitado, a vida se expande por toda parte. Assim, durante a longa série de
séculos que se escoou antes da aparição do homem sobre a Terra, durante os
lentos períodos de transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da
formação dos primeiros seres orgânicos, sobre essa massa informe, nesse árido caos
em que os elementos se confundiam, não havia ausência de vida. Seres que não
tinham as nossas necessidades, nem as nossas sensações físicas, ali encontravam
refúgio. Deus quis que, mesmo nesse estado imperfeito, ela servisse para alguma
coisa. Quem, pois, ousaria dizer que, entre os bilhões de mundos que circulam
na imensidade, apenas um, e um dos menores, perdido na multidão, teve o
privilégio exclusivo de ser povoado? Qual seria a utilidade dos outros? Deus só
os teria feito para recrear os nossos olhos? Suposição absurda, incompatível
com a sabedoria que brilha em todas as suas obras, inadmissíveis quando se
pensa em todas as que não podemos perceber. Ninguém poderá negar que há, nesta ideia
dos mundos ainda impróprios para a vida material, e, entretanto, povoados de
seres apropriados ao seu estado, alguma coisa de grande e sublime, onde talvez
se encontre a solução de mais de um problema.
BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO
MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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