sexta-feira, 7 de junho de 2024

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VIII.EMANCIPAÇÃO DA ALMA. DUPLA VISTA.

 


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VIII.EMANCIPAÇÃO DA ALMA.DUPLA VISTA.

O fenômeno designado pelo nome de dupla vista(1) tem relação com o sonho e o sonambulismo?

— Tudo isso não é mais do que uma mesma coisa. Isso a que chamas dupla vista é ainda o Espírito em maior liberdade, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a vista da alma.

A dupla vista é permanente?

— A faculdade, sim; o seu exercício, não. Nos mundos menos materiais que o vosso, os Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo pensamento, sem excluir, entretanto, a linguagem articulada; também a dupla vista é para a maioria uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser comparado ao dos vossos sonâmbulos lúcidos, e essa é também a razão por que eles se manifestam a vós mais facilmente do que os encarnados de corpos mais grosseiros.

A dupla vista se desenvolve espontaneamente ou pela vontade de quem a possui?

— Na maioria das vezes, ela é espontânea, mas a vontade também, muitas vezes, desempenha um grande papel. Assim, podes tomar, por exemplo, certas pessoas chamadas leitoras da sorte, algumas das quais possuem esta faculdade de dupla vista e nisso a que chamas visão.

A dupla vista é suscetível de se desenvolver pelo exercício?

— Sim, o trabalho sempre conduz ao progresso, e o véu que encobre as coisas se torna transparente.

Esta faculdade se liga à organização física?

—  Por certo, a organização desempenha o seu papel; há organizações que se mostram refratárias. De onde vem que a dupla vista pareça hereditária em certas famílias?

— Similitude de organizações, que se transmite, como as outras qualidades físicas; e depois, desenvolvimento da faculdade por uma espécie de educação, que também se transmite de um para outro.

É verdade que certas circunstâncias desenvolvem a dupla vista?

— A doença, a proximidade de um perigo, uma grande comoção podem desenvolvê-la. O corpo se encontra às vezes num estado particular que permite ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos do corpo.

Comentário de Kardec: Os tempos de crise e de calamidades, as grandes emoções, todas as causas enfim, de superexcitação moral provocam às vezes o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a Providência nos dá, em presença do perigo, o meio de conjugar.  Todas as seitas e todos os partidos perseguidos oferecem numerosos exemplos a respeito.

As pessoas dotadas de dupla vista sempre têm consciência disso?

— Nem sempre; para elas, é coisa inteiramente natural, e muitas dessas pessoas acreditam que se todos se observassem nesse sentido, perceberiam ser como elas.

Poder-se-ia atribuir a uma espécie de dupla vista a perspicácia de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário, julgam as coisas com mais precisão do que as outras?

— É sempre a alma que irradia mais livremente e julga melhor do que sob o véu da matéria.

Esta faculdade pode, em certos casos, dar a presciência das coisas?

— Sim; ela dá também os pressentimentos, porque há muitos graus desta faculdade e o mesmo indivíduo pode ter todos os graus ou não ter mais do que alguns.


(1) Kardec usou as duas expressões: “Segunda vista” e “dupla vista”, com evidente preferência pelo primeiro. Em português, sendo mais comum “dupla vista”, demos preferência a esta. (N. do T.)

BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

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