A SAUDADES
Vencido pela
profunda angústia da minha mágoa, despertei quando o jovem rosto da manhã
adornado de luz e o mar de nuvens viajeiras, me convidaram para o banquete do
dia.
Levantei e percebi
que não fora um pesadelo... A presença da sua ausência era a mais pura e triste
realidade...
Não sei dizer ao
certo se é a presença da ausência ou a ausência da presença ou, talvez seja,
simplesmente, saudade...
Lá fora tudo
respirava perfume e os braços do vento, carregando o pólen da vida, cantavam
nos ramos do arvoredo delicada canção...
Saí a correr,
tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos.
A presença
invisível do bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade, enquanto os pés
ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto...
Embriagado pela
saudade, meu ser ansiava pela paz...
Em vão tentei
exaurir as forças para livrar-me da dor, mas não lograva libertar-me do punhal
da melancolia cravado no coração, e da lembrança da sua ausência...
Quando, enfim, a
tarde se escondeu no longe das montanhas altaneiras, outra vez tombei em mim
mesmo, extenuado e só...
Naquele momento
desejei que o Todo Poderoso me dominasse com os fortes recursos da Soberana
Misericórdia, livrando-me de mim mesmo...
Parecia que não
mais suportaria o espinho da saudade cravado em meu peito, já dorido e
exausto...
A ausência da sua
presença queimava as fibras mais sutis da minha alma.
E a presença da sua
ausência feria-me o coração dilacerado e só...
A noite devorou o
dia e, ao escancarar a sua boca negra, mostrou a primeira estrela engastada no
manto escuro, vencendo as sombras...
Minutos depois,
miríades de astros brilhantes compuseram o diadema da vitória total da luz...
Só então, solitário
e meditativo, compreendi como a minha canção de dor chegara ao ouvidos do
Criador, que me respondeu em vibrações fulgurantes de esperanças à distância...
Só então compreendi
que não há escuridão que resista a um simples raio de luz, e decidi acender a
chama da esperança em minha alma.
E, só então, pude
ouvir o Sublime Cancioneiro do silêncio e Suas melodias repletas de sons e paz,
convidando-me a confiar em Seu infinito poder e entregar-me aos braços suaves
da esperança...
* * *
Se o manto escuro
da saudade pesa sobre os seus ombros, ilumine-se com as pérolas da oração
sincera em favor do bem-amado que partiu.
Preencha a ausência
da presença com a lembrança dos momentos compartilhados nas horas alegres, e
confie no reencontro feliz.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LII do livro
Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Disponível no livro Momento Espírita, v.1 e no CD Momento Espírita, v.4, ed. Fep.
Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Disponível no livro Momento Espírita, v.1 e no CD Momento Espírita, v.4, ed. Fep.
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