O LIVRO DOS ESPÍRITOS.CAPÍTULO
I. DOS ESPÍRITOS.FORMA E UBIQUIDADE DOS ESPÍRITOS.
Os Espíritos têm
uma forma determinada, limitada e constante?
—Aos vossos olhos, não; aos nossos,
sim. Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão ou uma centelha etérea(1).
Esta flama ou
centelha tem alguma cor?
— Para vós, ela varia do escuro ao brilho do rubi, de acordo com a menor
ou maior pureza do Espírito.
Comentário de
Kardec: Representam-se ordinariamente os gênios com uma flama ou uma
estrela na fronte. É essa uma alegoria, que lembra a natureza essencial dos
Espíritos. Colocam-na no alto da cabeça, por ser ali que se encontra a sede da
inteligência.
Os Espíritos gastam
algum tempo para cruzar o espaço?
— Sim; mas rápido como o pensamento.
O pensamento não é
a própria alma que se transporta?
— Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também o está, pois é
a alma que pensa. O pensamento é um atributo.
O Espírito que se
transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos
espaços que atravessa, ou é subitamente transportado para onde deseja ir?
— Uma e outra coisa. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, dar-se
conta da distância que atravessa, mas essa distância pode também desaparecer
por completo; isso depende da sua vontade e também da sua natureza, se mais ou
menos depurada.
A matéria
oferece obstáculos aos Espíritos?
— Não; eles penetram tudo; o ar, a terra, as águas, o próprio fogo lhes
são igualmente acessíveis.
Os Espíritos têm o
dom da ubiquidade, ou, em outras palavras, o mesmo Espírito pode dividir-se ou
estar ao mesmo tempo em vários pontos?
— Não pode haver divisão de um Espírito; mas cada um deles é um centro
que irradia para diferentes lados, e é por isso que parecem estar em muitos
lugares ao mesmo tempo. Vês o sol, que não é mais do que um, e, não obstante,
irradia por toda parte e envia os seus raios até muito longe. Apesar disso, ele
não se divide.
Todos os Espíritos
irradiam com o mesmo poder?
— Bem longe disso; o poder de irradiação depende do grau de pureza de
cada um.
Comentário de
Kardec: Cada Espírito é uma unidade indivisível; mas cada um deles pode
estender o seu pensamento em diversas direções, sem por isso se dividir É
somente nesse sentido que se deve entender o dom de ubiquidade atribuído aos
Espíritos. Como uma fagulha que projeta ao longe a sua claridade e pode ser
percebida de todos os pontos do horizonte. Como, ainda, um homem que, sem mudar
de lugar e sem se dividir, pode transmitir ordens, sinais e produzir movimentos
em diferentes lugares.
(1) Todo este trecho se
refere ao Espírito puro, desprovido do períspirito. Necessário atentar para
essas variações, para não confundirmos as explicações. (N. do T.)
BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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