O LIVRO DOS
ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IV.
PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS. ENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOS.
Nossas diferentes
existências corpóreas não passamos todas na Terra, mas nos diferentes mundos. As deste
globo não são as primeiras nem as últimas, mas as mais materiais e distanciadas
da perfeição.
A cada nova existência corpórea a alma pode reviver muitas vezes num mesmo
globo, isto se não estiver bastante adiantada para passar a um mundo superior.
Podemos então reaparecer muitas vezes na
Terra.
Podemos também voltar a
ela depois de ter vivido em outros mundos; podemos ter já vivido noutros mundos bem como na
Terra.
Não é uma necessidade
reviver na Terra. Mas,
se não progredirmos, podemos ir para outro mundo que não seja melhor, e que
pode mesmo ser pior.
Nenhuma vantagem particular em voltar na Terra, a
não ser que se venha em missão, pois então se progride como em qualquer outro
mundo.
Não seria melhor
continuar como Espírito, pois ficaríamos
estacionado, e o que se quer é avançar para Deus.
Os Espíritos, depois de se haverem encarnado
em outros mundos podem encarnar-se neste, sem jamais terem passado por aqui, como nós em outros globos. Todos os
mundos são solidários; o que não se faz num, pode-se fazer noutro.
Assim, existem seres
humanos que estão na Terra pela primeira vez, e em diversos graus.
Não teria nenhuma
utilidade poder se reconhecer por um sinal qualquer, quando um Espírito se encontra
pela primeira vez na Terra.
Para chegar à perfeição e
à felicidade suprema, que é o objetivo final de todos os seres, o Espírito não deve
passar pela série de todos os mundos que existem no Universo. Porque há muitos mundos que se
encontram no mesmo grau e onde os Espíritos nada aprenderiam de novo.
A explicação dentro da
pluralidade de sua existência num mesmo globo, é que eles podem ali se encontrar de cada
vez, em posições bastante diferentes, e que serão outras tantas ocasiões de
adquirir experiência.
Os Espíritos podem renascer corporalmente num
mundo relativamente inferior àquele em que já viveram, quando têm uma missão a cumprir,
para ajudar o progresso; e então aceitam com alegria as tribulações dessa
existência porque lhes fornecem um meio de se adiantarem.
Isso não pode também
acontecer como expiação aos Espíritos rebeldes a mundo inferiores, onde eles
podem permanecerem
estacionários,
mas nunca retrogradar; sua punição, pois, é a de não avançar e ter recomeçar as
existências mal empregadas, no meio que convém à sua natureza.
Os que devem recomeçar a
mesma existência são os que
faliram em sua missão ou em suas provas.
Os seres que habitam cada mundo não estão todos
no mesmo grau de perfeição.
É como na Terra: há os que estão mais ou menos adiantados.
Ao passar deste mundo para outro, o Espírito
conserva a inteligência que tinha aqui, pois a inteligência nunca se perde. Mas ele pode
não dispor dos mesmos meios para manifestá-la. Isso depende da sua
superioridade e do estado do corpo que adquirir.
Os seres que habitam os
diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos, porque é necessário que o Espírito
se revista de matéria para agir sobre ela; mas esse envoltório é mais ou menos
material, segundo o grau de pureza a que chegaram os Espíritos, e é isso que
determina as diferenças entre os mundos que temos de percorrer. Porque há
muitas moradas na casa de nosso Pai, e muitos graus. Tem alguns que o sabem e
têm consciência disso aqui na Terra, mas outros nada sabem.
Quanto se podemos conhecer
exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos, os Espíritos, não podem responder senão
na medida do nosso grau de evolução. Quer dizer que não devem revelar estas
coisas a todos, porque nem todos estão em condições de compreendê-las, e elas
os perturbariam.
Comentário
de Kardec: À medida
que o Espírito se purifica, o corpo que o reveste, aproxima-se igualmente da
natureza espírita. A matéria se torna menos densa, ele já não se arrasta
penosamente pelo solo, suas necessidades físicas são menos grosseiras, os seres
vivos não têm mais necessidade de se destruírem para se alimentar. O Espírito é
mais livre e tem, para as coisas distanciadas, percepções que desconhecemos: vê
pelos olhos do corpo aquilo que só vemos pelo pensamento.
A purificação dos Espíritos
reflete-se na perfeição moral dos seres em que estão encarnados. As paixões
animais se enfraquecem, o egoísmo dá lugar ao sentimento fraternal. É assim
que, nos mundos superiores ao nosso, as guerras são desconhecidas, os ódios e
as discórdias não têm motivo, porque ninguém pensa em prejudicar o seu
semelhante. A intuição do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência
isenta de remorsos fazem que a morte não lhes cause nenhuma apreensão: eles a
recebem sem medo e como uma simples transformação.
A duração da vida, nos diferentes
mundos, parece proporcional ao seu grau de superioridade física e moral, e isso
é perfeitamente racional. Quanto menos material é o corpo, está menos sujeito
às vicissitudes que o desorganizam, quanto mais puro é o Espírito, menos
sujeito às paixões que o enfraquecem. Este é ainda um auxílio da providência,
que deseja, assim, abreviar os sofrimentos.
Passando de um mundo para outro, o Espírito
passa por nova infância, onde a infância
é por toda parte uma transição necessária, mas não é sempre tão ingênua como entre
nós.
O Espírito nem sempre
pode escolher o novo mundo em que vai habitar; mas pode pedir e obter o que deseja, se o
merecer. Porque os mundos só são acessíveis aos Espíritos de acordo com o grau
de sua elevação.
Se o Espírito nada pedir,
o que determina o mundo onde irá reencarnar é o seu grau de elevação.
O estado físico e
moral dos seres vivos não é perpetuamente o mesmo em cada globo; os mundos também estão submetidos à
lei do progresso. Todos começaram como o nosso, por um estado inferior, e a
Terra mesma sofrerá uma transformação semelhante, tornando-se um paraíso
terrestre, quando os seres humanos se fizerem bons.
Comentário
de Kardec: É
assim que as raças que hoje povoam a Terra desaparecerão um dia e serão
substituídas por seres mais e mais perfeitos. Essas raças transformadas
sucederão à atual, como esta sucedeu a outras que eram mais grosseiras.
Há mundos em que o
Espírito deixando de viver num corpo material, só tem por envoltório o períspirito, e esse envoltório torna-se de tal
maneira etéreo que para nós é como se não existisse; eis então o estado
dos Espíritos puros.
Não existe uma demarcação
precisa entre o estado das últimas encarnações e o do Espírito puro.
A diferença
se dilui pouco a pouco e se torna insensível, como a noite se dilui ante
as primeiras claridades do dia.
A substância do
períspirito não é a mesma em todos os globos.
É mais eternizada em uns do que em outros. Ao
passar de um para outro mundo, o Espírito se reveste da matéria própria de
cada um, com mais rapidez, que o relâmpago.
Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas
não estão confinados a eles como os seres a Terra; eles podem, melhor que
os outros, estar em toda parte(1).
(1) De todos os globos que
constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a Terra é daqueles
cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente: Marte lhe
seria ainda inferior e Júpiter muito superior em todos os
sentidos. O Sol não seria um mundo habitado por seres
corpóreos, mas um lugar de encontro de Espíritos superiores, que de lá irradiam
seu pensamento para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos
menos elevados, com os quais se comunicam por meio do fluido universal. Como
constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que
parece, estariam nas mesmas condições.
O volume e o afastamento do Sol não tem nenhuma
relação necessária com o grau de desenvolvimento dos mundos, pois parece que
Vênus está mais adiantada que a Terra e Saturno menos que Júpiter Muitos
Espíritos que animaram pessoas conhecidas na Terra disseram estar reencarnados
em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e é de admirar que num
globo tão adiantado se encontrem seres que a opinião terrena não considerava
tão elevados. Isto, porém, nada tem de surpreendente, se considerarmos que
certos Espíritos que habitam aquele planeta podiam ter sido enviados a Terra,
em cumprimento de uma missão que, aos nossos olhos, não os colocaria no
primeiro plano; em segundo lugar, entre a sua existência terrena e a de
Júpiter, podiam ter tido outras, intermediárias, nas quais se tivessem
melhorado; em terceiro lugar, naquele mundo, como no nosso, há diferentes graus
de desenvolvimento, e entre esses graus pode haver a distância que separa entre
nós o selvagem do ser civilizado. Assim, o fato de habitarem Júpiter, não se
segue que estejam no nível dos seres mais evoluídos, da mesma maneira que uma
pessoa não está no nível de um sábio do Instituto, pela simples razão de morar
em Paris.
As condições de longevidade não são, por toda
parte, as mesmas da Terra, não sendo possível a comparação de idades. Uma
pessoa, falecida há alguns anos, quando evocada, disse haver encarnado, seis
meses antes, num mundo cujo nome é desconhecido. Interpelada sobre a idade que
tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso calcular, porque não contamos o tempo
como vós; além disso, o nosso meio de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos
muito mais rapidamente; tanto assim que há apenas seis dos vossos meses nele me
encontro, e posso dizer que, quando à inteligência, tenho trinta anos de idade terrena”.
Muitas
respostas semelhantes foram dadas por outros Espíritos e nada há nisso de
inverossímil. Não vemos na Terra tantos animais adquirirem em poucos meses um
desenvolvimento normal? Porque não poderia dar-se o mesmo com o ser, em outras
esferas? Notemos, por outro lado, que o desenvolvimento alcançado pelo ser na
Terra, na idade de trinta anos, talvez não seja mais que uma espécie de
infância comparado ao que ele deve atingir. É preciso ter uma visão bem curta
para nos considerarmos os protótipos da criação, e seria rebaixar a Divindade,
acreditar que, além de nós, ele nada mais poderia criar.
BIBLIOGRAFIA:
O LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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