O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IV. PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS. DESTINAÇÃO
DAS CRIANÇAS APÓS A MORTE.
O Espírito de uma criança que morre em tenra idade é
tão adiantado como o de um adulto, e às vezes bem
mais, porque pode ter vivido muito mais e possuir maiores experiências,
sobretudo se progrediu.
O Espírito de uma criança pode então ser mais
adiantado que o de seu pai. Isso é bastante frequente; não o vemos
tantas vezes na Terra.
Se não praticou o bem e nem o mal, o Espírito da
criança que morre em tenra idade, não tendo podido fazer o mal, pertence aos
graus superiores, mas Deus não o afasta
das provas que deve sofrer. Se for puro, não é pelo fato de ter sido
criança, mas porque já se havia adiantado.
O porquê a vida se interrompe com frequência na
infância, é porque a duração da vida da criança
pode ser para o seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes
do termo devido, e sua morte é frequentemente uma prova ou uma expiação
para os pais.
O Espírito de uma criança morta em tenra idade, ela recomeça uma nova existência.
Comentário de Kardec: Se o ser humano só tivesse uma existência e se, após essa, a
sua sorte fosse fixada para a eternidade, qual seria o merecimento da metade da
espécie humana, que morre em tenra idade, para gozar sem esforço da felicidade
eterna? E com que direito seria ela libertada das condições, quase sempre
duras, impostas à outra metade? Tal ordem de coisas não poderia estar de acordo
com a justiça de Deus. Pela reencarnação faz-se a igualdade para todos: o
futuro pertence a todos, sem exceção e sem favoritismo, e os que chegarem por
último só poderão queixar-se de si mesmos. O ser humano deve ter o mérito das
suas ações, como tem a sua responsabilidade.
Não é, aliás, razoável considerar-se
a infância como um estado de inocência. Não se veem crianças dotadas dos piores
instintos, numa idade em que a educação ainda não pôde exercer a sua
influência? Não se veem algumas que parecem trazer inatos à astúcia, a
falsidade, a perfídia, o instinto mesmo do roubo e do assassínio, e isso não
obstante os bons exemplos do meio? A lei civil absolve os seus erros, por
considerar que elas agem mais instintivamente do que por deliberado propósito.
Mas de onde podem provir esses instintos, tão diferentes entre as crianças da
mesma idade, educadas nas mesmas condições e submetidas às mesmas influências?
De onde vem essa perversidade precoce, a não ser da inferioridade do Espírito,
pois que a educação nada tem com ela? Aqueles que são viciosos é que progridem
menos e têm então de sofrer as consequências, não dos seus atos da infância,
mas das suas existências anteriores. É assim que a lei se mostra a mesma para
todos, e a justiça de Deus a todos abrange.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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