0 LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA.MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IV. PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS JUSTIÇA DA
REENCARNAÇÃO.
O dogma da reencarnação se funda sobre a justiça de Deus e a
revelação, pois não nos cansamos de repetir: um bom pai deixa sempre aos filhos
uma porta aberta ao arrependimento. A razão não diz que seria injusto privar
para sempre da felicidade eterna daqueles cujo melhoramento não dependeu deles
mesmos. Todos os seres humanos são filhos de Deus. Somente entre os seres
egoístas é que se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem
perdão.
Comentário
de Kardec: Todos os Espíritos também tendem a perfeição, e Deus lhes proporciona
os meios de consegui-la, com as provas da vida corpórea. Mas, na sua justiça,
permite-lhes realizar, em novas existências, aquilo que não puderam fazer ou
acabar numa primeira prova.
Não estaria de acordo com a equidade,
nem segundo a bondade de Deus, castigar para sempre aqueles que encontraram
obstáculos ao seu melhoramento, independentemente de sua vontade, no próprio
meio em que foram colocados. Se a sorte do ser humano fosse irrevogavelmente
fixada após a sua morte, Deus não teria pesado as ações de todos na mesma
balança e não os teria tratado com imparcialidade.
A doutrina da reencarnação, que
consiste em admitir para o ser humano muitas existências sucessivas, é a única
que corresponde à ideia da justiça de Deus, com respeito aos seres de condição
moral interior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as
nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros
através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos
ensinam.
O ser humano que tem consciência da sua inferioridade encontra na
doutrina da reencarnação uma consoladora esperança. Se crê na justiça de Deus,
não pode esperar que, por toda a eternidade, haja de ser igual aos que agiram
melhor do que ele. O pensamento de que essa inferioridade não o deserdará para
sempre do bem supremo e que ele poderá conquistá-lo através de novos esforços o
ampara e lhe reanima a coragem. Qual é aquele que, no fim da sua carreira, não
lamenta ter adquirido demasiado tarde uma experiência que já não pode aproveitar?
Pois esta experiência tardia não estará perdida: ele a aproveitará numa nova
existência.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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