O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE TERCEIRA. LEIS MORAIS. CAPÍTULO I. LEI
DIVINA OU NATURAL. ORIGEM E CONHECIMENTO DA LEI NATURAL.
Deus
proporcionou a todos os seres humanos os meios de conhecerem a sua lei, mas
nem todos a compreendem; os que melhor a compreendem são os seres humanos
de bem e os que desejavam pesquisá-la. Não obstante, todos um dia a
compreenderão, porque é necessário que o progresso se realize.
Comentário de Kardec: A
justiça da multiplicidade de encarnações do ser humano decorre deste princípio.
pois a cada nova existência sua inteligência se torna mais desenvolvida e ele
compreende melhor o que é o bem e o que é o mal. Se tudo tivesse de se realizar
numa só existência, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem
diariamente no embrutecimento da selvageria ou nas trevas da ignorância, sem
que deles dependa o próprio esclarecimento.
A alma
compreende melhor a lei de Deus segundo o grau de perfeição a que
tenha chegado e conserva a sua lembrança intuitiva após a união com o
corpo; mas os maus instintos do ser humano frequentemente fazem que ele a
esqueça.
A lei de
Deus esta escrita na consciência.
O ser
humano tinha na consciência a lei de Deus, e teve a necessidade de lhe
relembrado porque ele a tinha esquecido e desprezado: Deus quis que
ela lhe fosse lembrada.
Deus
outorgou a alguns seres humanos a missão de revelar a sua lei.
Em todos os tempos houve seres
humanos que receberam essa missão. São Espíritos superiores, encarnados
com o fim de fazer progredir a Humanidade.
Tem alguns
seres humanos que pretenderam instruir os seres humanos na lei de Deus, e se
enganaram algumas vezes através de falsos princípios.
Os que não eram inspirados por Deus e
que se atribuíram a si mesmos por ambição, uma missão que não tinham
certamente os fizeram extraviar; não obstante, como eram seres humanos de
gênio, em meio aos próprios erros ensinaram frequentemente grandes verdades.
O caráter
do verdadeiro profeta é um ser humano de bem, inspirado por
Deus. Podemos reconhecê-lo por suas palavras e por suas ações. Deus não se
serve da boca do mentiroso para ensinar a verdade.
O tipo mais
perfeito que Deus ofereceu ao ser humano para lhe servir de guia e de modelo
foi Jesus.
Comentário de Kardec: Jesus
é para o ser humano o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade
na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele
ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do
espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra.
Se
alguns dos que pretenderam instruir os seres humanos na lei de Deus algumas
vezes os desviaram para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por
sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as
condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos deles
apresentaram como leis divinas o que era apenas leis humanas, instruídas para
servir às paixões e dominar os seres humanos.
As leis
divinas e naturais só foram reveladas aos seres humanos por Jesus e antes dele
só foram conhecidas por intuição.
Já foi dito que elas estão escritas
por toda a parte. Todos os seres humanos que meditaram sobre a sabedoria
puderam compreendê-las e ensiná-las desde os séculos mais distantes. Por
seus ensinamentos, mesmo incompletos, eles prepararam o terreno para
receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza,
o ser humano pôde conhecê-las sempre que desejou procurá-las. Eis porque
os seus princípios foram proclamados em todos os tempos pelos seres de bem,
e também porque encontramos os seus elementos na doutrina moral de todos
os povos saídos da barbárie, mas incompletos ou alterados pela ignorância
e a superstição.
Desde que
Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, foi utilitário do ensinamento dado
pelos Espíritos, porque o ensino de Jesus era frequentemente alegórico e
em forma de parábolas, porque ele falava de acordo com a época e os
lugares, e se fez hoje necessário que a verdade seja inteligível para
todos. E preciso, pois. explicar e desenvolver essas leis, tão poucos são
os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. Nossa missão é a
de espertar os olhos e os ouvidos para confundir os orgulhosos e
desmascarar os hipócritas: os que afetam exteriormente a virtude e a
religião para ocultar as suas torpezas. O ensinamento dos Espíritos deve
ser claro e sem equívocos afim de que ninguém possa pretextar ignorância e
cada um possa julgá-lo e apreciá-lo com sua própria razão. Estamos
encarregados de preparar o Reino de Deus anunciado por Jesus, e por isso é
necessário que ninguém possa interpretar a lei de Deus ao sabor de suas
paixões, nem falsear o sentido de uma lei que é todo amor
e caridade(1).
A verdade
não esteve sempre ao alcance de todos, porque é necessário que cada coisa venha ao
seu tempo. A verdade é como a luz: é preciso que nos habituemos a ela
pouco a pouco, pois de outra maneira nos ofuscaria.
Jamais houve um tempo em que Deus permitisse
ao ser humano receber comunicações tão completas e tão instrutivas como as que
hoje lhe são dadas. Havia na Antiguidade, como sabeis alguns indivíduos que
estavam de posse daquilo que consideravam uma ciência sagrada e da qual faziam
mistério para os que consideravam profanos. Devemos compreender com o que
conhecemos das leis que regem esses fenômenos, que eles recebiam apenas
verdades esparsas no meio de um conjunto equívoco e na maioria das vezes
alegórico. Não há, entretanto, para o ser humano de estudo, nenhum antigo
sistema filosófico, nenhuma tradição, nenhuma religião a negligenciar,
porque todos encerram os germes de grandes verdades, que, embora pareçam
contraditórias entre si, espalhadas que se acham entre acessórios sem
fundamento, são hoje muito fáceis de coordenar, graças à chave que nos dá
o Espiritismo de uma infinidade de coisas que até aqui nos pareciam sem
razão, e cuja realidade nos é agora demonstrada de maneira irrecusável.
Não deixemos de tirar temas de estudo desses materiais. São eles muito
ricos e podem contribuir poderosamente para a nossa instrução(2)
(1) Descartes, na terceira de suas
“Meditações Metafísicas”, declarou que a ideia de Deus está impressa no ser
humano “como a marca impressa na sua obra.” Essa ideia de Deus é inata no ser
humano e o impele à perfeição. Embora as escolas modernas de Psicologia neguem
a existência de ideias inatas, o Espiritismo sustenta essa existência, através do
princípio da reencarnação. Por outro lado, as ideias de Deus da sobrevivência,
do bem e do mal existem e existiram sempre entre todos os povos. A lei de Deus
está escrita na consciência do ser humano como a assinatura do artista na sua
obra.
Comparar esta resposta com a mensagem
do Espírito de Verdade colocada por Kardec como prefácio de “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”. Como se vê, desde os primeiros momentos, os Espíritos
anunciaram que a finalidade da doutrina era o restabelecimento do Cristianismo.)
(2) Os textos sagrados das grandes religiões,
como a Bíblia e os Vedas, os sistemas de antigos filósofos, as doutrinas de
velhas ordens ocultas ou esotéricas, todos encerram grandes verdades nas suas
contradições aparentes. Os espíritas não devem recuar diante desses sistemas ou
ver-lhes apenas as contradições, quando possuem a chave do Espiritismo, com a
qual estão aptos a decifrar-lhes os enigmas, descobrindo seus poderosos motivos
de esclarecimento. Também nos sistemas modernos de filosofia ou de ciência, por
mais contrários que pareçam aos espíritas, uma análise verdadeiramente espírita
poderá revelar a existência de grandes verdades.
BIBLIOGRAFIA:
O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
0 comentários:
Postar um comentário
ESTAMOS DISPOSIÇÃO DOS AMIGOS PARA ESCLARECER QUALQUER DÚVIDA.