terça-feira, 24 de outubro de 2017

ENCARNAÇÃO EM DIFERENTES MUNDOS.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IV. PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS. ENCARNAÇÃO NOS DIFERENTES MUNDOS.

Nossas diferentes existências corpóreas não passamos todas na Terra, mas nos diferentes mundos. As deste globo não são as primeiras nem as últimas, mas as mais materiais e distanciadas da perfeição.
 A cada nova existência corpórea a alma pode reviver muitas vezes num mesmo globo, isto se não estiver bastante adiantada para passar a um mundo superior.
 Podemos então reaparecer muitas vezes na Terra.
Podemos também voltar a ela depois de ter vivido em outros mundos; podemos ter já vivido noutros mundos bem como na Terra.
Não é uma necessidade reviver na Terra. Mas, se não progredirmos, podemos ir para outro mundo que não seja melhor, e que pode mesmo ser pior.
Nenhuma vantagem particular em voltar na Terra, a não ser que se venha em missão, pois então se progride como em qualquer outro mundo.
Não seria melhor continuar como Espírito, pois ficaríamos
estacionado, e o que se quer é avançar para Deus.
 Os Espíritos, depois de se haverem encarnado em outros mundos podem encarnar-se neste, sem jamais terem passado por aqui, como nós em outros globos. Todos os mundos são solidários; o que não se faz num, pode-se fazer noutro.
Assim, existem seres humanos que estão na Terra pela primeira vez, e em diversos graus.
Não teria nenhuma utilidade poder se reconhecer por um sinal qualquer, quando um Espírito se encontra pela primeira vez na Terra.
Para chegar à perfeição e à felicidade suprema, que é o objetivo final de todos os seres, o Espírito não deve passar pela série de todos os mundos que existem no Universo. Porque há muitos mundos que se encontram no mesmo grau e onde os Espíritos nada aprenderiam de novo.
A explicação dentro da pluralidade de sua existência num mesmo globo, é que eles podem ali se encontrar de cada vez, em posições bastante diferentes, e que serão outras tantas ocasiões de adquirir experiência.
 Os Espíritos podem renascer corporalmente num mundo relativamente inferior àquele em que já viveram, quando têm uma missão a cumprir, para ajudar o progresso; e então aceitam com alegria as tribulações dessa existência porque lhes fornecem um meio de se adiantarem.
Isso não pode também acontecer como expiação aos Espíritos rebeldes a mundo inferiores, onde eles podem permanecerem
estacionários, mas nunca retrogradar; sua punição, pois, é a de não avançar e ter recomeçar as existências mal empregadas, no meio que convém à sua natureza.
Os que devem recomeçar a mesma existência são os que faliram em sua missão ou em suas provas.
 Os seres que habitam cada mundo não estão todos no mesmo grau de perfeição.
É como na Terra: há os que estão mais ou menos adiantados.
 Ao passar deste mundo para outro, o Espírito conserva a inteligência que tinha aqui, pois a inteligência nunca se perde. Mas ele pode não dispor dos mesmos meios para manifestá-la. Isso depende da sua superioridade e do estado do corpo que adquirir.
Os seres que habitam os diferentes mundos têm corpos semelhantes aos nossos, porque é necessário que o Espírito se revista de matéria para agir sobre ela; mas esse envoltório é mais ou menos material, segundo o grau de pureza a que chegaram os Espíritos, e é isso que determina as diferenças entre os mundos que temos de percorrer. Porque há muitas moradas na casa de nosso Pai, e muitos graus. Tem alguns que o sabem e têm consciência disso aqui na Terra, mas outros nada sabem.
Quanto se podemos conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos, os Espíritos, não podem responder senão na medida do nosso grau de evolução. Quer dizer que não devem revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão em condições de compreendê-las, e elas os perturbariam.
Comentário de Kardec: À medida que o Espírito se purifica, o corpo que o reveste, aproxima-se igualmente da natureza espírita. A matéria se torna menos densa, ele já não se arrasta penosamente pelo solo, suas necessidades físicas são menos grosseiras, os seres vivos não têm mais necessidade de se destruírem para se alimentar. O Espírito é mais livre e tem, para as coisas distanciadas, percepções que desconhecemos: vê pelos olhos do corpo aquilo que só vemos pelo pensamento.
A purificação dos Espíritos reflete-se na perfeição moral dos seres em que estão encarnados. As paixões animais se enfraquecem, o egoísmo dá lugar ao sentimento fraternal. É assim que, nos mundos superiores ao nosso, as guerras são desconhecidas, os ódios e as discórdias não têm motivo, porque ninguém pensa em prejudicar o seu semelhante. A intuição do futuro, a segurança que lhes dá uma consciência isenta de remorsos fazem que a morte não lhes cause nenhuma apreensão: eles a recebem sem medo e como uma simples transformação.
A duração da vida, nos diferentes mundos, parece proporcional ao seu grau de superioridade física e moral, e isso é perfeitamente racional. Quanto menos material é o corpo, está menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam, quanto mais puro é o Espírito, menos sujeito às paixões que o enfraquecem. Este é ainda um auxílio da providência, que deseja, assim, abreviar os sofrimentos.
 Passando de um mundo para outro, o Espírito passa por nova infância, onde a infância é por toda parte uma transição necessária, mas não é sempre tão ingênua como entre nós.
O Espírito nem sempre pode escolher o novo mundo em que vai habitar; mas pode pedir e obter o que deseja, se o merecer. Porque os mundos só são acessíveis aos Espíritos de acordo com o grau de sua elevação.
Se o Espírito nada pedir, o que determina o mundo onde irá reencarnar é o seu grau de elevação.
 O estado físico e moral dos seres vivos não é perpetuamente o mesmo em cada globo; os mundos também estão submetidos à lei do progresso. Todos começaram como o nosso, por um estado inferior, e a Terra mesma sofrerá uma transformação semelhante, tornando-se um paraíso terrestre, quando os seres humanos se fizerem bons.
Comentário de Kardec: É assim que as raças que hoje povoam a Terra desaparecerão um dia e serão substituídas por seres mais e mais perfeitos. Essas raças transformadas sucederão à atual, como esta sucedeu a outras que eram mais grosseiras.
Há mundos em que o Espírito deixando de viver num corpo material, só tem por envoltório o períspirito, e esse envoltório torna-se de tal maneira etéreo que para nós é como se não existisse; eis então o estado dos Espíritos puros.
Não existe uma demarcação precisa entre o estado das últimas encarnações e o do Espírito puro.
 A diferença se dilui pouco a pouco e se torna insensível, como a noite se dilui ante as primeiras claridades do dia.
A substância do períspirito não é a mesma em todos os globos.
É mais eternizada em uns do que em outros. Ao passar de um para outro mundo, o Espírito se reveste da matéria própria de cada um, com mais rapidez, que o relâmpago.
Os Espíritos puros habitam determinados mundos, mas não estão confinados a eles como os seres a Terra; eles podem, melhor que os outros, estar em toda parte(1).

(1) De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário, segundo os Espíritos, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente: Marte lhe seria ainda inferior e Júpiter muito superior em todos os sentidos. O Sol não seria um mundo habitado por seres corpóreos, mas um lugar de encontro de Espíritos superiores, que de lá irradiam seu pensamento para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, com os quais se comunicam por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que parece, estariam nas mesmas condições.
O volume e o afastamento do Sol não tem nenhuma relação necessária com o grau de desenvolvimento dos mundos, pois parece que Vênus está mais adiantada que a Terra e Saturno menos que Júpiter Muitos Espíritos que animaram pessoas conhecidas na Terra disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e é de admirar que num globo tão adiantado se encontrem seres que a opinião terrena não considerava tão elevados. Isto, porém, nada tem de surpreendente, se considerarmos que certos Espíritos que habitam aquele planeta podiam ter sido enviados a Terra, em cumprimento de uma missão que, aos nossos olhos, não os colocaria no primeiro plano; em segundo lugar, entre a sua existência terrena e a de Júpiter, podiam ter tido outras, intermediárias, nas quais se tivessem melhorado; em terceiro lugar, naquele mundo, como no nosso, há diferentes graus de desenvolvimento, e entre esses graus pode haver a distância que separa entre nós o selvagem do ser civilizado. Assim, o fato de habitarem Júpiter, não se segue que estejam no nível dos seres mais evoluídos, da mesma maneira que uma pessoa não está no nível de um sábio do Instituto, pela simples razão de morar em Paris.
As condições de longevidade não são, por toda parte, as mesmas da Terra, não sendo possível a comparação de idades. Uma pessoa, falecida há alguns anos, quando evocada, disse haver encarnado, seis meses antes, num mundo cujo nome é desconhecido. Interpelada sobre a idade que tinha nesse mundo, respondeu: “Não posso calcular, porque não contamos o tempo como vós; além disso, o nosso meio de vida não é o mesmo; desenvolvemo-nos muito mais rapidamente; tanto assim que há apenas seis dos vossos meses nele me encontro, e posso dizer que, quando à inteligência, tenho trinta anos de idade terrena”.
Muitas respostas semelhantes foram dadas por outros Espíritos e nada há nisso de inverossímil. Não vemos na Terra tantos animais adquirirem em poucos meses um desenvolvimento normal? Porque não poderia dar-se o mesmo com o ser, em outras esferas? Notemos, por outro lado, que o desenvolvimento alcançado pelo ser na Terra, na idade de trinta anos, talvez não seja mais que uma espécie de infância comparado ao que ele deve atingir. É preciso ter uma visão bem curta para nos considerarmos os protótipos da criação, e seria rebaixar a Divindade, acreditar que, além de nós, ele nada mais poderia criar.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


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