O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO
VI. VIDA ESPÍRITA. PERCEPÇÕES, SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS.
A alma, uma
vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as percepções que tinha nesta vida, e
outras que não possuía, porque o seu corpo era como um véu que a
obscurecia. A inteligência é um atributo do Espírito, mas se
manifesta mais livremente quando não tem entraves.
As percepções e os conhecimentos dos Espíritos
quanto mais se aproximam da perfeição, mais sabem; se
são superiores, sabem muito. Os Espíritos inferiores são mais ou menos
ignorantes em todos os assuntos.
Os
Espíritos conhecem o princípio das coisas conforme a sua elevação e a sua
pureza. Os Espíritos inferiores não sabem mais do que os seres
humanos.
Os
Espíritos não compreendem a duração como nós.
Comentário de Kardec: Os
Espíritos vivem fora do tempo, tal como o compreendemos; a duração, para eles,
praticamente não existe, e os séculos, tão longos para nós, são aos seus olhos apenas
instantes que desaparecem na eternidade, da mesma maneira que as desigualdades
do solo se apagam e desaparecem, para aquele que se eleva no espaço.
Os
Espíritos fazem do presente uma ideia mais precisa e mais justa do que nós mais
ou menos como aquele que vê claramente tem uma ideia mais justa das coisas
do que o cego. Os Espíritos veem o que não vemos, e julgam diferente de
nós. Mas ainda uma vez: isso depende da sua elevação.
Os
Espíritos o conhecimento do passado é para eles ilimitado.
O passado, quando dele nos ocupamos,
é um presente, precisamente como nos lembramos de uma coisa que nos
impressionou durante o nosso exílio. Mas nem tudo os Espíritos conhecem, a
começar pela sua própria criação.
Dependendo
da sua perfeição, os Espíritos conhecem o futuro. Quase sempre, nada mais fazem do que
entrevê-lo, mas nem sempre têm a permissão de revelá-lo. Quando
o veem, eles lhes parecem o presente. O Espírito vê o futuro mais
claramente, à medida que se aproxima de Deus. Depois da morte, a alma vê e
abarca de relance as suas migrações passadas, mas não pode ver o
que Deus lhe prepara. Para isso, é necessário que esteja integrada nele,
depois de muitas existências.
Os
Espíritos chegados à perfeição absoluta têm completo conhecimento do futuro,
mas não é o termo, porque Deus é o único e soberano Senhor e ninguém o pode
igualar.
Os
Espíritos que veem a Deus são os Espíritos superiores e o compreendem; os Espíritos inferiores o
sentem e adivinham.
Quando um Espírito inferior diz que Deus lhe proíbe
ou permite uma coisa, ele sabe que a ordem vem de Deus, porque sentem
a sua soberania, e quando uma coisa não deve ser feita ou uma palavra não
deve ser dita, recebe uma intuição, uma advertência invisível, que o inibe
de fazê-lo. Nós mesmos temos pressentimentos que são para nós como
advertências secretas, para fazermos ou não alguma coisa. O mesmo acontece com
os Espíritos, mas em grau superior, pois compreendem que, sendo mais sutil
do que a nossa a essência dos Espíritos, eles podem receber mais
facilmente as advertências divinas.
A ordem não
vem diretamente de Deus, pois para comunicar-se com Ele é preciso
merecê-lo. Deus transmite as suas ordens pelos Espíritos que estão mais
elevados em perfeição e instrução.
A vista dos Espíritos não é circunscrita, como
nos seres corpóreos, é uma faculdade geral.
Os
Espíritos não precisam de luz para ver.
Veem pela luz própria, sem
necessidade de luz exterior. Para eles não há trevas, a não ser aquelas em
que podem encontrar-se por expiação.
Os Espíritos não precisam transportar-se, para
ver em dois lugares diferentes. Podem ver ao mesmo tempo num e noutro
hemisfério do globo, se transportando como o Espírito se transporta com a
rapidez do pensamento, podemos dizer que vê por toda parte de uma só vez. Seu
pensamento pode irradiai dirigir-se para muitos pontos ao mesmo tempo. Mas
essa faculdade depende da sua pureza: quanto menos puro ele for, mais
limitada é a sua vista; somente os Espíritos superiores podem ter visão de
conjunto.
Comentário de Kardec: A
faculdade de ver dos Espíritos, inerente à sua natureza, difunde-se por todo
seu ser, como a luz num corpo luminoso. É uma espécie de lucidez universal, que
estende a tudo, envolve simultaneamente o espaço, o tempo e as coisas e par;
qual não há trevas nem obstáculos materiais. Compreende-se que assim deve ‘
pois no ser humano a vista funciona através de um órgão que recebe a luz, e sem
luz fica na obscuridade. Nos Espíritos, a faculdade de ver é um atributo
próprio, que independe de qualquer agente exterior. Avista não precisa da luz.
O
Espírito vê as coisas mais distintamente do que nós,
porque a sua vista penetra o que a nossa não pode penetrar; nada a
obscurece.
O Espírito
percebe os sons, e percebe até mesmo os que os nossos sentidos
obtusos não podem perceber.
A faculdade
de ouvir, como a de ver, são atributos do Espírito e fazem parte do
seu ser. Quando ele se reveste de corpo material, elas se manifestam pelos
meios orgânicos; mas, no estado de liberdade, não estão mais localizadas.
O Espírito só vê e ouve o que ele
quiser. Isto de uma maneira geral, e, sobretudo para os Espíritos
elevados. Os imperfeitos ouvem e veem frequentemente, queiram ou não, aquilo
que pode ser útil ao seu melhoramento.
Os
Espíritos são sensíveis à nossa música.
O que é ela perante a música celeste,
essa harmonia da qual ninguém na Terra pode ter ideia? Uma é para a outra
o que o canto do selvagem é para a suave melodia. Não obstante, os
Espíritos vulgares podem provar um certo prazer ao ouvir a nossa música,
porque não estão ainda capazes de compreender outra mais sublime. A música
tem, para os Espíritos, encantos infinitos, em razão de suas qualidades
sensitivas muito desenvolvidas. Refiro-me à música celeste, que é tudo
quanto a imaginar espiritual pode conceber de mais belo e mais suave.
Os Espíritos são sensíveis às belezas
naturais, a elas segundo as suas aptidões para apreciá-las
e compreende-la. Para os Espíritos elevados, há belezas de conjunto diante
das quais se apagam, por assim dizer, as belezas dos detalhes.
Os Espíritos experimentam as nossas
necessidades e os nossos sofrimentos físicos, porque eles os conheceram,
e porque os sofreram, mas não os experimentam como nós, porque são
Espíritos.
Os
Espíritos não sentem fadiga e necessidade de repouso.
Não podem sentir a fadiga como a
entendemos, e, portanto não necessitam do repouso corporal, pois não
possuem órgãos em que as forças tenham de ser restauradas. Mas o Espírito
repousa, no sentido de não permanecer numa atividade constante. Ele não
age de maneira material porque a sua ação é toda intelectual e o seu
repouso é todo moral. Há momentos em que o seu pensamento
diminui de atividade e não se dirige a um objetivo determinado; este é um
verdadeiro repouso, mas não se pode compará-lo ao do corpo. A espécie de
fadiga que os Espíritos podem provar esta na razão da sua inferioridade,
pois quanto mais se elevam, de menos repousos necessitam.
Quando um
Espírito diz que sofre, são das angústias morais, que o torturam
mais dolorosamente que os sofrimentos físicos.
Alguns
Espíritos se queixam de frio ou calor pelas lembranças do que sofreram durante a
vida e algumas vezes tão penosa como a própria realidade. Frequentemente,
é uma comparação que fazem, para exprimirem a sua situação. Quando se
lembram do corpo experimentam uma espécie de impressão, como quando se
tira uma capa e algum tempo depois ainda se pensa estar com ela.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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