domingo, 22 de outubro de 2017

PERCEPÇÕES, SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS.


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VI. VIDA ESPÍRITA. PERCEPÇÕES, SENSAÇÕES E SOFRIMENTOS DOS ESPÍRITOS.

A alma, uma vez no mundo dos Espíritos, tem ainda as percepções que tinha nesta vida, e outras que não possuía, porque o seu corpo era como um véu que a obscurecia. A inteligência é um atributo do Espírito, mas se manifesta mais livremente quando não tem entraves.
 As percepções e os conhecimentos dos Espíritos quanto mais se aproximam da perfeição, mais sabem; se são superiores, sabem muito. Os Espíritos inferiores são mais ou menos ignorantes em todos os assuntos.
 Os Espíritos conhecem o princípio das coisas conforme a sua elevação e a sua pureza. Os Espíritos inferiores não  sabem mais do que os seres humanos.
Os Espíritos não compreendem a duração como nós.
Comentário de Kardec: Os Espíritos vivem fora do tempo, tal como o compreendemos; a duração, para eles, praticamente não existe, e os séculos, tão longos para nós, são aos seus olhos apenas instantes que desaparecem na eternidade, da mesma maneira que as desigualdades do solo se apagam e desaparecem, para aquele que se eleva no espaço.
Os Espíritos fazem do presente uma ideia mais precisa e mais justa do que nós mais ou menos como aquele que vê claramente tem uma ideia mais justa das coisas do que o cego. Os Espíritos veem o que não vemos, e julgam diferente de nós. Mas ainda uma vez: isso depende da sua elevação.
Os Espíritos o conhecimento do passado é para eles ilimitado.
O passado, quando dele nos ocupamos, é um presente, precisamente como nos lembramos de uma coisa que nos impressionou durante o nosso exílio. Mas nem tudo os Espíritos conhecem, a começar pela sua própria criação.
Dependendo da sua perfeição, os Espíritos conhecem o futuro.  Quase sempre, nada mais fazem do que entrevê-lo, mas nem sempre têm a permissão de revelá-lo. Quando o veem, eles lhes parecem o presente. O Espírito vê o futuro mais claramente, à medida que se aproxima de Deus. Depois da morte, a alma vê e abarca de relance as suas migrações passadas, mas não pode ver o que Deus lhe prepara. Para isso, é necessário que esteja integrada nele, depois de muitas existências.
Os Espíritos chegados à perfeição absoluta têm completo conhecimento do futuro, mas não é o termo, porque Deus é o único e soberano Senhor e ninguém o pode igualar.
Os Espíritos que veem a Deus são os Espíritos superiores  e o compreendem; os Espíritos inferiores o sentem e adivinham.
 Quando um Espírito inferior diz que Deus lhe proíbe ou permite uma coisa, ele sabe que a ordem vem de Deus, porque sentem a sua soberania, e quando uma coisa não deve ser feita ou uma palavra não deve ser dita, recebe uma intuição, uma advertência invisível, que o inibe de fazê-lo. Nós mesmos temos pressentimentos que são para nós como advertências secretas, para fazermos ou não alguma coisa. O mesmo acontece com os Espíritos, mas em grau superior, pois compreendem que, sendo mais sutil do que a nossa a essência dos Espíritos, eles podem receber mais facilmente as advertências divinas.
A ordem não vem diretamente de Deus, pois para comunicar-se com Ele é preciso merecê-lo. Deus transmite as suas ordens pelos Espíritos que estão mais elevados em perfeição e instrução.
 A vista dos Espíritos não é circunscrita, como nos seres corpóreos, é uma faculdade geral.
Os Espíritos não precisam de luz para ver.
Veem pela luz própria, sem necessidade de luz exterior. Para eles não há trevas, a não ser aquelas em que podem encontrar-se por expiação.
 Os Espíritos não precisam transportar-se, para ver em dois lugares diferentes. Podem ver ao mesmo tempo num e noutro hemisfério do globo, se transportando como o Espírito se transporta com a rapidez do pensamento, podemos dizer que vê por toda parte de uma só vez. Seu pensamento pode irradiai dirigir-se para muitos pontos ao mesmo tempo. Mas essa faculdade depende da sua pureza: quanto menos puro ele for, mais limitada é a sua vista; somente os Espíritos superiores podem ter visão de conjunto.
Comentário de Kardec: A faculdade de ver dos Espíritos, inerente à sua natureza, difunde-se por todo seu ser, como a luz num corpo luminoso. É uma espécie de lucidez universal, que estende a tudo, envolve simultaneamente o espaço, o tempo e as coisas e par; qual não há trevas nem obstáculos materiais. Compreende-se que assim deve ‘ pois no ser humano a vista funciona através de um órgão que recebe a luz, e sem luz fica na obscuridade. Nos Espíritos, a faculdade de ver é um atributo próprio, que independe de qualquer agente exterior. Avista não precisa da luz.
 O Espírito vê as coisas mais distintamente do que nós, porque a sua vista penetra o que a nossa não pode penetrar; nada a obscurece.
O Espírito percebe os sons, e percebe até mesmo os que os nossos sentidos obtusos não podem perceber.
A faculdade de ouvir, como a de ver, são atributos do Espírito e fazem parte do seu ser. Quando ele se reveste de corpo material, elas se manifestam pelos meios orgânicos; mas, no estado de liberdade, não estão mais localizadas.
O Espírito só vê e ouve o que ele quiser. Isto de uma maneira geral, e, sobretudo para os Espíritos elevados. Os imperfeitos ouvem e veem frequentemente, queiram ou não, aquilo que pode ser útil ao seu melhoramento.
Os Espíritos são sensíveis à nossa música.
O que é ela perante a música celeste, essa harmonia da qual ninguém na Terra pode ter ideia? Uma é para a outra o  que o canto do selvagem é para a suave melodia. Não obstante, os Espíritos vulgares podem provar um certo prazer ao ouvir a nossa música, porque não estão ainda capazes de compreender outra mais sublime. A música tem, para os Espíritos, encantos infinitos, em razão de suas qualidades sensitivas muito desenvolvidas. Refiro-me à música celeste, que é tudo quanto a imaginar espiritual pode conceber de mais belo e mais suave.
 Os Espíritos são sensíveis às belezas naturais, a elas segundo as suas aptidões para apreciá-las e compreende-la. Para os Espíritos elevados, há belezas de conjunto diante das quais se apagam, por assim dizer, as belezas dos detalhes.
 Os Espíritos experimentam as nossas necessidades e os nossos   sofrimentos físicos, porque eles os conheceram, e porque os sofreram, mas não os experimentam como nós, porque são Espíritos.
Os Espíritos não sentem fadiga e necessidade de repouso.
Não podem sentir a fadiga como a entendemos, e, portanto não necessitam do repouso corporal, pois não possuem órgãos em que as forças tenham de ser restauradas. Mas o Espírito repousa, no sentido de não permanecer numa atividade constante. Ele não age de maneira material porque a sua ação é toda intelectual e o seu repouso é todo moral.  Há momentos em que o seu pensamento diminui de atividade e não se dirige a um objetivo determinado; este é um verdadeiro repouso, mas não se pode compará-lo ao do corpo. A espécie de fadiga que os Espíritos podem provar esta na razão da sua inferioridade, pois quanto mais se elevam, de menos repousos necessitam.
Quando um Espírito diz que sofre, são das angústias morais, que o torturam mais dolorosamente que os sofrimentos físicos.
Alguns Espíritos se queixam de frio ou calor pelas lembranças do que sofreram durante a vida e algumas vezes tão penosa como a própria realidade. Frequentemente, é uma comparação que fazem, para exprimirem a sua situação. Quando se lembram do corpo experimentam uma espécie de impressão, como quando se tira uma capa e algum tempo depois ainda se pensa estar com ela.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


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