O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE
SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VI. VIDA ESPÍRITA. MUNDOS
TRANSITÓRIOS.
Existem, mundos que servem de estações ou de lugares
de repouso aos Espíritos errantes.
Existem sim mundos particularmente destinados
aos seres errantes, mundos que eles podem habitar temporariamente, espécie
de acampamentos, de lugares em que possam repousar de erraticidades muito
longas, que são sempre um pouco penosas. São posições intermediárias entre
os mundos, graduados de acordo com a natureza dos Espíritos que podem
atingi-los, e que neles gozam de maior ou menor bem-estar.
Os
Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los, para seguir o
seu destino. Figurai-os como aves de arribação descendo numa ilha, para
recuperarem suas forças e seguirem avante.
Os Espíritos progridem durante essas estações nos
mundos transitórios.
Os que
assim se reúnem têm o fito de se instruírem e poder mais facilmente obter
a permissão de ir a lugares melhores até chegar à posição dos eleitos.
Os mundos transitórios não são por sua natureza
especiais, perpetuamente destinados aos Espíritos errantes.
Sua
posição é apenas temporária.
Não são eles ao mesmo tempo habitados por seres
corpóreos porque sua superfície é estéril. Os que os
habitam não precisam de nada.
Essa esterilidade não é permanente e não se liga à
sua natureza especial.
São
estéreis transitoriamente.
A Natureza desses mundos se traduz, pelas belezas
da imensidade, que não são menos admiráveis do que as que chamamos belezas
naturais.
Sendo transitório o
estado desses mundos, a Terra já esteve entre eles na época durante a sua formação.
Comentário de Kardec: Nada existe de inútil na Natureza: cada
coisa tem a sua finalidade, a sua destinação; nada é vazio, tudo é habitado, a
vida se expande por toda parte. Assim, durante a longa série de séculos que se
escoou antes da aparição do ser humano sobre a Terra, durante os lentos
períodos de transição atestados pelas camadas geológicas, antes mesmo da
formação dos primeiros seres orgânicos, sobre essa massa informe, nesse árido
caos em que os elementos se confundiam, não havia ausência de vida. Seres que
não tinham as nossas necessidades, nem as nossas sensações físicas, ali
encontravam refúgio. Deus quis que, mesmo nesse estado imperfeito, ela servisse
para alguma coisa. Quem, pois, ousaria dizer que, entre os bilhões de mundos
que circulam na imensidade, apenas um, e um dos menores, perdido na multidão,
teve o privilégio exclusivo de ser povoado? Qual seria a utilidade dos outros?
Deus só os teria feito para recrear os nossos olhos? Suposição absurda,
incompatível com a sabedoria que brilha em todas as suas obras, inadmissíveis
quando se pensa em todas as que não podemos perceber. Ninguém poderá negar que há
nesta ideia dos mundos ainda impróprios para a vida material, e, entretanto,
povoados de seres apropriados ao seu estado, alguma coisa de grande e
sublime, onde talvez se encontre a solução de mais de um problema.
BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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