O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO I. DOS ESPÍRITOS. PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS.
Os Espíritos bons ou maus por natureza, melhoram por si e passam de uma ordem inferior para uma
superior.
Com referência se os Espíritos foram criados bons e
outros maus, podemos dizer que Deus
criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a
cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente
conduzir à perfeição, pelo conhecimento da verdade e para os aproximar
dele. A felicidade eterna e sem perturbações, eles a encontrarão nessa
perfeição. Os Espíritos adquirem, o conhecimento passando pelas provas que
Deus lhes impõe. Uns aceitam essas provas com submissão e chegam mais
prontamente ao seu destino; outros não conseguem sofrê-las sem lamentação,
e assim permanecem, por sua culpa, distanciados da perfeição e da
felicidade prometida.
Segundo isto, os Espíritos, na sua origem, se
assemelham a crianças, ignorantes e sem experiência, mas adquirindo pouco a
pouco os conhecimentos que lhes faltam, ao percorrer as diferentes fases da
vida.
A
comparação é justa: a criança rebelde permanece ignorante e imperfeita;
seu menor ou maior aproveitamento depende da sua docilidade. Mas a vida do
ser humano tem fim, enquanto a dos Espíritos se estende ao infinito.
Não há Espíritos que ficarão perpetuamente nas
classes inferiores; todos se tornarão perfeitos. Eles
mudam, embora devagar, porque, como já foi dito uma vez, um pai justo e
misericordioso não pode banir eternamente os seus filhos. Querias que
Deus, tão grande, tão justo e tão bom, fosse pior que nós mesmos?
Depende dos Espíritos apressar o seu avanço para a
perfeição.
Eles
chegam mais ou menos rapidamente, segundo o seu desejo e a sua submissão à
vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa que uma
rebelde?
Os Espíritos não podem se degenerar. À medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição.
Quando o Espírito concluiu uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o
perde. Pode permanecer estacionário, mas não retrogradar.
Na questão se Deus pode livrar os Espíritos das
provas que devem sofrer para chegar à primeira ordem, podemos dizer que se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam
merecimento para gozar os benefícios dessa perfeição. Onde estaria o
mérito sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é
necessária à sua personalidade, e a missão que lhes cabe nos diferentes
graus está nos desígnios da Providência, com vistas à harmonia do
Universo.
Comentário de Kardec: Como, na vida social, todos os seres humanos
podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o
soberano de um país não faz, de cada um dos seus soldados, um general; por que
todos os empregados subalternos não são superiores; por que todos os alunos não
são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual, existe ainda a
diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos
os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a
possibilidade de se elevar ao posto supremo.
Todos os Espíritos não passam pela fileira do mal
para chegar ao bem, mas pela da ignorância.
Pelo livre arbítrio alguns Espíritos seguiram o
caminho do bem, e outros, o do mal.
Deus não
criou Espíritos maus; criou-os simples e ignorantes, ou seja, tão aptos para o
bem quanto para o mal; os que são maus, assim se tornaram por sua vontade.
Os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm a
consciência de si mesmos, tem a liberdade de escolher entre o bem e o mal,
porque o livre-arbítrio se desenvolve à medida
que o Espírito adquire consciência de si mesmo. Não haveria liberdade, se
a escolha fosse provocada por uma causa estranha à vontade do Espírito. A
causa não esta nele, mas no exterior, nas influências a que ele cede em
virtude de sua espontânea vontade. Esta é a grande figura da queda do ser
humano e do pecado original: uns cederam à tentação e outros a resistiram.
As influências que se exercem sobre ele, vem dos Espíritos imperfeitos que procuram envolvê-lo e
dominá-lo, e que ficam felizes de o fazer sucumbir. Foi o que se quis
representar na figura de Satanás.
Quanto se esta influência só se exerce sobre o
Espírito na sua origem, podemos dizer que
segue-o
na vida de Espírito, até que ele tenha de tal maneira adquirido o domínio
de si mesmo que os maus desistam de obsediá-lo.
O porquê Deus permitiu que os Espíritos pudessem
seguir o caminho do mal, foi pelo livre arbítrio que foi dado a cada um
escolher a sua estrada.
A sabedoria
de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a cada um, porque
assim cada um tem o mérito de suas obras.
Havendo Espíritos que desde o princípio, seguem o caminho
do bem absoluto, e outros, o do mal absoluto, haverá sim gradações sem dúvida,
entre esses dois extremos, e
constituem a grande maioria.
Os Espíritos que seguiram o caminho do mal poderão
chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros, mas na eternidade serão mais longas para eles.
Comentário de Kardec: Por essa expressão, a eternidade, devemos
entender a ideia que os Espíritos inferiores fazem da perpetuidade dos seus
sofrimentos, cujo termo não lhes é dado ver. Essa ideia se renova em todas as
provas nas quais sucumbem.
Deus contempla os extraviados com o mesmo olhar, e
os ama do mesmo modo. Tai uma prova daqueles que chegam ao supremo grau,
depois de passarem pelo mal.
Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades
intelectuais, mas não sabendo de onde vêm, é
necessário que o livre-arbítrio se desenvolva. Progridem mais ou menos
rapidamente, tanto em inteligência como em moralidade.
Comentário de Kardec: Os
Espíritos que seguem desde o princípio o caminho do bem nem por isso são
Espíritos perfeitos; se não têm más tendências, não estão menos obrigados a
adquirir a experiência e os conhecimentos necessários à perfeição. Podemos
compará-los a crianças que, qualquer que seja a bondade dos seus instintos
naturais tem necessidade de desenvolver-se, de esclarecer-se e não chegam sem
transição da infância à maturidade. Assim como temos seres que são
bons e outros que são maus desde a infância, há Espíritos que são bons ou maus
desde o princípio com a diferença capital de que a criança traz os seus
instintos formados, enquanto o Espírito na sua formação, não possui mais
maldade que bondade. Ele tem todas as tendências, e toma uma direção ou outra
em virtude do seu livre-arbítrio.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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