O LIVRO DOS
ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VI. VIDA
ESPÍRITA. ESPÍRITOS ERRANTES.
A alma reencarna às vezes
imediatamente após a separação do corpo, mas, na maioria das vezes, depois
de intervalos mais ou menos longos. Nos mundos superiores a reencarnação
é quase sempre imediata. A matéria corpórea sendo menos grosseira, o
Espírito encarnado goza de quase todas as faculdades do Espírito. Seu
estado normal é o dos nossos sonâmbulos lúcidos.
A alma, nos intervalos das
encarnações é um
Espírito errante, que aspira a um novo destino e o
espera.
A duração desses
intervalos pode ser de
algumas horas a alguns milhares de séculos. De resto, não existe, propriamente
falando, limite extremo determinado para o estado errante, que pode
prolongar-se por muito tempo, mas que nunca é perpétuo. O Espírito tem
sempre a oportunidade, cedo ou tarde, de recomeçar uma existência que sirva à
purificação das anteriores.
Essa duração está subordinada a uma
consequência do livre arbítrio do Espírito
Os Espíritos
sabem perfeitamente o que fazem, mas para alguns é também uma punição infligida
por Deus. Outros pedem o seu prolongamento para prosseguir estudos que não
podem ser feitos com proveito a não ser no estado de Espírito.
A erraticidade não é por
si mesma, um sinal de inferioridade entre os Espíritos, pois há Espíritos errantes de todos
os graus. A encarnação é um estado transitório, já foi dito. No seu estado
normal, o Espírito é livre da matéria.
Os Espíritos não
encarnados nem todos são errantes.
Os que devem reencarnar-se sim; mas os Espíritos
puros, que chegam à perfeição, não são errantes: seu estado é definitivo.
Comentário
de Kardec: No
tocante à suas qualidades intimas, os Espíritos pertencem a diferentes ordens
ou graus, pelos quais passam sucessivamente, à medida que se purificam. No
tocante ao estado, podem ser encarnados, que quer dizer ligados a um corpo;
errantes, ou desligados do corpo material e esperando uma nova encarnação para
se melhorarem; Espíritos puros ou perfeitos e não tendo mais necessidade de
encarnação.
A maneira que se instruem
os Espíritos errantes, é através dos estudos.
Estudam o seu passado e procuram o meio de se
elevarem. Veem, observam o que se passa nos lugares que percorrem; escutam os
discursos dos seres humanos esclarecidos
e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes proporciona ideias
que não possuíam.
Nem
todos os Espíritos conservam algumas das paixões humanas.
Os Espíritos elevados, ao perderem o seu invólucro,
deixam as más paixões e só guardam a do bem; mas os Espíritos inferiores às
conservam, pois de outra maneira pertenceriam à primeira ordem.
O porquê os Espíritos, ao
deixar a Terra, não abandonam as suas más paixões, desde que veem os seus
inconvenientes, damos um exemplo:
No nosso mundo tem pessoas que são excessivamente
vaidosas. Será que, ao deixa-lo, perderão este defeito? Após a partida da
Terra, sobretudo para aqueles que tiveram paixões bem vivas, resta uma espécie
de atmosfera que os envolve guardando todas essas coisas más, pois o Espírito
não está inteiramente desprendido. É apenas por momentos que ele se entrevê a
verdade, como para mostrar-lhe o bom caminho.
O Espírito no estado
errante pode
melhorar-se bastante, sempre de acordo com a sua vontade e o seu desejo;
mas é na existência corpórea que ele põe em prática as novas ideias
adquiridas.
Os Espíritos
errantes são mais ou menos felizes, segundo os seus méritos. Sofrem as paixões
cujos germes conservaram, ou são felizes, segundo a sua maior ou
menor desmaterialização. No estado errante, o Espírito entrevê o que lhe
falta para ser feliz. É assim que ele busca os meios de atingi-lo; mas nem
sempre lhe é permitido reencarnar à vontade, e isso é uma punição.
No estado errante, os
Espíritos não podem ir a todos os mundos conforme: quando o Espírito deixou o corpo, ainda
não está completamente desligado da matéria e pertence ao mundo em que viveu ou
a um mundo do mesmo grau; a menos que, durante sua vida, se tenha
elevado. Esse é o objetivo a que deve voltar-se, pois sem isso jamais se
aperfeiçoaria. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores,
passando por eles como estrangeiro. Nada mais faz do que os entrever, e é
isso que lhe dá o desejo de se melhorar para ser digno da felicidade que
neles se desfruta e poder habitá-los.
Os Espíritos já purificados vêm aos mundos
inferiores frequentemente,
a fim de ajudá-los a progredir. Sem isso, esses mundos estariam entregues a si
mesmos, sem guias para dirigi-los.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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