sexta-feira, 20 de outubro de 2017

SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO III. RETORNO DA VIA CORPORAL À VIDA ESPIRITUAL.
SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO.

A separação da alma e do corpo não é dolorosa.
O corpo frequentemente sofre mais durante a vida, que no momento da morte; neste, a alma nada sente. Os sofrimentos que às vezes se provam no momento da morte são um prazer para o Espírito, que vê chegar o fim do seu exílio.
Comentário de Kardec: Na morte natural, que se verifica pelo esgotamento da vitalidade orgânica em consequência de idade, o ser humano deixa a vida sem perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de energia.
A separação da alma e do corpo, os liames que a retinham sendo rompidos, ela se desprende.
A separação se verifica quando a alma se desprende gradualmente e não escapa como um pássaro cativo subitamente libertado. Os dois estados se tocam e se confundem, de maneira que o Espírito se desprende pouco a pouco dos seus liames; estes se soltam e não se rompem.
Comentário de Kardec:   Durante a vida, o Espírito está ligado ao corpo pelo seu envoltório material ou perispírito; a morte é apenas a destruição do corpo, e não desse envoltório que se separa do corpo, quando cessa a vida orgânica. A observação prova que no instante da morte o desprendimento do Espírito não se completa subitamente- ele se opera gradualmente, com lentidão variável, segundo os indivíduos. Para uns é bastante rápido, e pode dizer-se que o momento da morte é também o da libertação que se verifica logo após. Noutros, porém, sobretudo naqueles cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito mais demorado e dura, às vezes alguns dias semanas e até mesmo meses, o que implica a existência no corpo de nenhuma vitalidade, nem a possibilidade de retorno á vida, mas a simples persistência de uma afinidade entre o corpo e o Espírito, afinidade que está sempre na razão da preponderância que, durante a vida, o Espírito deu à matéria. É lógico admitir que quanto mais o Espírito estiver identificado com a matéria, mais sofrerá para separar-se dela. Por outro lado, a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida corpórea e quando a morte chega, é quase instantânea. Este é o resultado dos estudos efetuados sobre os indivíduos observados no momento da morte. Essas observações provam ainda que a afinidade que persiste, em alguns indivíduos, entre a alma e o corpo é às vezes, muito penosa, porque o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso é excepcional e peculiar a certos gêneros de morte, verificando-se em alguns suicídios.
Quanto à separação definitiva entre a alma e o corpo na agonia, às vezes, a alma já deixou o corpo, que nada mais tem do que a vida orgânica. O ser humano não tem mais consciência de si mesmo, e, não obstante, ainda lhe resta um sopro de vida. O corpo é uma máquina que o coração põe em movimento. Ele se mantém enquanto o coração lhe fizer circular o sangue pelas veias e para isso não necessita da alma.
No momento da morte, a alma sente, muitas vezes, que se quebram os liames que a prendem ao corpo, e então emprega todos os seus esforços para os romper de uma vez. Já parcialmente separada da matéria, vê o futuro desenrolar-se ante ela e goza por antecipação do estado de Espírito.
Uma pálida ideia nos da o exemplo da larva, que primeiro se arrasta pela terra, depois se fecha na crisálida, numa morte aparente, para renascer numa existência brilhante, podendo dar-nos uma ideia da vida terrena, seguida do túmulo e por fim de uma nova existência.
A imagem é boa, mas é necessário não toma-la ao pé da letra, como sempre fazemos.
A sensação que experimenta a alma, no momento em que se reconhece no mundo dos Espíritos, depende do que fizeram. Se fizeram o mal com o desejo de desfazê-lo, estará, no primeiro momento, envergonhado de o haver feito. Para o justo, é muito diferente: ele se sente aliviado de um grande peso porque não receia nenhum olhar perseguidor.
O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que morreram antes dele segundo a afeição que tenham mantido reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos Espíritos e o ajudam a se libertar das faixas da matéria. Vê também a muitos que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que estão na erraticidade, bem como os que se encontram encarnados, que vai visitar.
Na morte violenta ou acidental, quando os órgãos ainda não se debilitaram pela idade ou pelas doenças, a separação da alma e a cessação da vida se verificam simultaneamente; mas, em todos os casos, o instante que os separa é muito curto.
Após a decapitação, por exemplo, o ser humano conserva por alguns instantes a consciência de si mesmo.
Frequentemente ele a conserva por alguns minutos, até que a vida orgânica se extinga de uma vez. Mas muitas vezes a preocupação da morte lhe faz perder a consciência antes do instante do suplício.
Comentário de Kardec: Não se trata, aqui, senão da consciência que o supliciado pode ter de si mesmo como ser humano, por meio do corpo, e não como Espírito. Se não perdeu essa consciência antes do suplicio, ele pode conservá-la por alguns instantes, mas de duração muito curta, e a perde necessariamente com a vida orgânica do cérebro. Isso não quer dizer que o períspirito esteja inteiramente desligado do corpo, mas pelo contrário, pois, em todos os casos de morte violenta, quando esta não resulta da extinção gradual das forças vitais, os liames que unem o corpo ao períspirito são mais tenazes, e o desprendimento completo é mais lento.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

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