O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IX.
ANJOS DA GUARDA, ESPÍRITOS PROTETORES, FAMILIARES OU
SIMPÁTICOS.
Há
Espíritos que se ligam a um indivíduo em particular para o proteger.
O irmão espiritual, é o que
chamamos o bom Espírito ou o bom gênio.
Anjo da guarda
devemos entender como o Espírito protetor de uma ordem elevada.
A missão do
Espírito protetor é igual a de um pai para com os filhos: conduzir o
seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo
nas suas aflições sustentar sua coragem nas provas da vida.
O Espírito
protetor é ligado ao indivíduo desde o nascimento até a morte, e frequentemente o
segue depois da morte, na vida espírita, e mesmo através de numerosas
experiências corpóreas porque essas existências não são mais do que fases bem
curtas da vida do Espírito.
A missão do
Espírito protetor é obrigatória a velar por nós porque aceitou essa tarefa, mas
pode escolher os seres que lhe são simpáticos. Para uns, isso é um
prazer; para outros, uma missão ou um dever.
Ligando-se
a um pessoa, o Espírito não renuncia a proteger outros Indivíduos. Mas o faz de maneira mais
geral.
O Espírito
protetor está ligado ao ser que foi confiado à sua guarda, mas acontece frequentemente
que certos Espíritos deixam sua posição pura para cumprir diversas
missões, mas nesse caso são substituídos.
O Espírito
protetor, não abandona às vezes o protegido quando este se mostra rebelde às
suas advertências. Ele apenas se afasta quando vê que os seus conselhos são inúteis,
e que é mais forte a vontade do protegido em submeter-se à influência dos
Espíritos inferiores, mas não o abandona completamente e sempre se faz
ouvir. É o ser humano quem lhe fecha os ouvidos. Ele volta, logo que
chamado.
Há certas doutrinas que deveriam
converter os mais incrédulos, por seu encanto e por sua doçura, fazendo-os
pensar e acreditar, nos anjos da guarda. Pensar que possuem sempre ao lado
deles seres que lhes são superiores, que estão sempre ali para
os aconselhar, os sustentar, os ajudar a escalar a montanha escarpada
do bem, que são amigos mais firmes e mais devotados que as mais íntimas
ligações que se possam contrair na Terra. Acreditarem que esses
seres ali estão por ordem de seu Deus, que os colocou ao lado deles; que
estão ali estão por seu amor, e cumprem junto a eles todos uma bela mas
penosa missão. Sim, onde quer que estejam, que seu anjo estará com eles:
nos cárceres, nos hospitais, nos antros do vício, na solidão, nada os separa
desse amigo que não podem ver, mas do qual a alma deles recebem os mais
doces impulsos e os mais sábios conselhos.
Os Bons Espíritos um dia perguntarão:
Ah! por que não conheceram melhor esta verdade? Quantas vezes ela os
ajudaria nos momentos de crise; quantas vezes ela os salvaria dos
maus Espíritos! Mas no dia decisivo este anjo de bondade terá muitas vezes
de os dizer: “Não te avisei disso? E não afizeste! Não te mostrei o
abismo? E nele te precipitaste! Não fiz soar na tua consciência a voz da
verdade, e não seguiste os conselhos da mentira?”. Ah! interpelai vossos
anjos da guarda, estabelecei entre vós e eles essa terna intimidade que
reina entre os melhores amigos! Não penseis em lhes ocultar nada, pois
eles são os olhos de Deus e não os podeis enganar! Considerai o futuro;
procurai avançar nesta vida, e vossas provas serão mais curtas, vossas
existências mais felizes. Vamos, seres humanos, coragem! Afastai para
longe de vós, de uma vez por todas, preconceitos e segundas intenções!
Entrai na nova via que se abre diante de vós, marchai, marchai! Tendes guias,
segui-os; a meta não vos pode faltar porque essa meta é o próprio Deus.
Aos que pensavam que é impossível a
Espíritos verdadeiramente elevados se restringirem a uma tarefa tão laboriosa e
de todos os instantes, os protetores dirão que influenciaram as almas deles,
embora estando a milhões de léguas de distância: para os protetores o espaço
não existe, e mesmo vivendo em outro mundo os Espíritos, conservam sua ligação
com eles. Dirão que gozam de faculdades que não podem compreender, mas que
estão certos de que Deus não os impôs uma tarefa acima das forças deles, e nem os
abandonou sozinhos sobre a Terra, sem amigos e sem amparo.
Podemos também dizer, que cada anjo da guarda
tem o seu protegido e vela como um pai vela pelo filho. E sente-se feliz quando
os vê no bom caminho; chora quando os conselhos deles são desprezados.
Os Bons Espíritos alertam que não
temamos fatigar-nos com as nossas perguntas; e que possamos permanecer, pelo
contrário, sempre em contato como eles, e assim seremos então mais forte e mais
felizes. Alertam também que são essas comunicações de cada ser humano com seu
Espírito familiar, podem fazer médiuns a todos os seres humanos, médiuns hoje
ignorados, mas que mais tarde se manifestarão, derramando-se como um oceano sem
bordas para fazer refluir a incredulidade e a ignorância. Seres instruídos,
instruí seres de talento, educando irmãos nossos. Que devemos saber que a obra assim realizada é
a do Cristo, a que Deus nos impõe. Por que Deus nos concedeu a inteligência e a
ciência, senão para as repartirmos com nossos irmãos, para os adiantar na senda
da ventura e da eterna bem aventurança.
São Luís,
Santo Agostinho.
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