O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO XI. LEI DE JUSTIÇA, AMOR E CARIDADE. DIREITO DE PROPRIEDADE. ROUBO.
O primeiro de todos os direitos naturais do ser humano é o de viver. É por isso que ninguém tem o direito de atentar
contra a vida do semelhante ou fazer qualquer coisa que possa comprometer
a sua existência corpórea.
O direito de viver confere ao ser humano de ajuntar o que necessita
para viver e repousar, quando não mais puder trabalhar. Mas deve fazê-lo em família, como a abelha,
através de um trabalho honesto, e não ajuntar como um egoísta. Alguns
animais lhe dão o exemplo dessa previdência.
0 ser humano tem o direito de defender aquilo que ajuntou pelo trabalho. Deus não disse? “Não roubarás”; e Jesus disse: “Dai
a César o que é de César”.
Comentário de Kardec: Aquilo que o ser humano ajunta por um
trabalho honesto é uma propriedade legítima, que ele tem o direito de defender.
Porque a propriedade que é fruto do trabalho constitui um direito natural, tão
sagrado como o de trabalhar e viver.
O desejo de possuir é natural, mas quando o ser humano só deseja para si e para sua satisfação pessoal,
é egoísmo.
Entretanto, não será legítimo o
desejo de possuir, pois o que tem com o que viver não se torna carga para
ninguém.
Há seres humanos
insaciáveis que acumulam sem proveito para ninguém ou apenas para
satisfazer as suas paixões. Acreditas que isso seja aprovado por Deus?
Aquele que ajunta pelo seu trabalho, com a intenção de auxiliar o seu
semelhante, pratica a lei de «amor e caridade e seu trabalho é
abençoado por Deus”.
O caráter da propriedade legítima só há uma propriedade: a que foi adquirida sem
prejuízo para os outros.
Comentário de Kardec: A lei de amor e justiça proíbe que se faça
a outro o que não queremos que nos seja feito, e condena, por esse mesmo
princípio, todo meio de adquirir que o contrarie.
O direito de propriedade é sem limites, pois tudo o que é legitimamente adquirido é uma propriedade, mas, como
já dissemos, a legislação humana é imperfeita e consagra frequentemente
direitos convencionais que a justiça natural reprova. É por isso que os seres
humanos reformam suas leis à medida que o progresso se realiza e que eles
compreendem melhor a justiça. O que num século parece perfeito, no século
seguinte se apresenta como bárbaro.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO
DOS ESPÍRITOS.
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