O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO VI. DO LIVRO III.PENA DE MORTE.
A pena de morte desaparecerá da legislação
humana e sua supressão assinalará um progresso da Humanidade, quando os
seres humanos forem mais esclarecidos. A pena de morte será completamente
abolida da Terra. Os seres não terão mais necessidade de ser julgados por
outros seres. Falam os Espíritos de uma época que ainda está muito longe
de nós.
Comentário de Kardec: O progresso social ainda deixa muito
a desejar, mas seríamos injustos para com a sociedade moderna se não víssemos
um progresso nas restrições impostas à pena de morte entre os povos mais
adiantados, e à natureza dos crimes aos quais se limita a sua aplicação. Se
compararmos as garantias de que ajusta se esforça para cercar hoje o acusado, a
humanidade com que o trata, mesmo quando reconhecidamente culpado, com o que se
praticava em tempos que não vão muito longe, não poderemos deixar de reconhecer
a via progressiva pela qual a Humanidade avança.
A lei de
conservação dá ao ser humano o direito de preservar a sua própria vida; não
aplica ele esse direito quando elimina da sociedade um membro perigoso.
Existe outros meios de se preservar
do perigo, sem matar. É necessário, aliás, abrir e não fechar ao criminoso
a porta do arrependimento.
A pena de
morte pode ser banida das sociedades civilizadas, onde foi uma necessidade em
tempos menos adiantados.
Necessidade não é bem o termo. O ser
humano sempre julga uma coisa necessária quando não encontra nada melhor.
Mas, à medida que se esclarece, vai compreendendo melhor o que é justo ou
injusto e repudia os excessos cometidos nos tempos de ignorância, em nome
da justiça.
Pergunta-se
se a restrição dos casos em que se aplica a pena de morte é um índice do
progresso da civilização?
Os espíritos respondem e perguntam se
não nos revoltamos lendo os relatos dos morticínios humanos que
antigamente se faziam em nome da justiça e frequentemente em honra à
Divindade; das torturas a que se submetia o condenado e mesmo o acusado,
para lhe arrancar, a peso do sofrimento, a confissão de um crime que ele
muitas vezes não havia cometido? Pois bem, se tivéssemos vivido naqueles
tempos, acharias tudo natural, e talvez, como juiz, tivesses feito outro
tanto. É assim que o que parece justo numa época parece bárbaro em outra.
Somente as leis divinas são eternas. As leis humanas modificam-se com o
progresso. E se modificarão ainda, até que sejam colocadas em harmonia com
as leis divinas.
Jesus
deixou dito: “Quem matar pela espada perecerá pela espada”. Essas palavras não
representam a consagração da pena de talião? E a morte imposta ao assassino
não é a aplicação dessa pena.
Pois é, estes equivocados quanto a
estas palavras, como sobre muitas outras. A pena de talião é a
justiça de Deus; é Ele quem a aplica. Todos nós sofremos a cada instante
essa pena, porque somos punidos naquilo em pecamos, nesta vida
ou numa outra. Aquele que fez sofrer o seu semelhante estará
numa situação em que sofrerá o mesmo. É lei das causas e efeitos quem fala. E é
este o sentido das palavras de Jesus. Pois não nos disse também: “Perdoai
aos vossos inimigos”? E não nos ensinou a pedir a Deus que perdoe as nossas
ofensas da maneira que perdoamos, ou seja, na mesma proporção em que
houvermos perdoado?
Pois é, devemos compreender bem isso.
Perguntam
os Espíritos, o que pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?
Isso segundo eles equivale a tomar o
lugar de Deus na prática da justiça. Os que agem assim revelam quanto
estão longe de compreender a Deus e quanto têm ainda a expiar. É um crime
aplicar a pena de morte em nome de Deus, e os que afazem são responsáveis
por esses assassinatos.
Definição perfeita da concepção
espírita da moral. Os princípios verdadeiros de moral são de natureza eterna e
o costumes dos povos se modificam através da evolução, em direção daqueles
princípios. A Sociologia materialista, tratando apenas dos costumes, criou o
falso conceito da relatividade da moral, já em declínio, entrando, no
pensamento moderno. O ser humano intui cada vez de maneira mais clara as leis
divinas da moral, na proporção em que progride. Os seus costumes se depuram e a
sua moral se harmoniza com essas leis superiores.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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