O Livro dos Espíritos. Capítulo
I. Panteísmo.
Deus é um
ser distinto, ou seria, segundo a opinião de alguns, a resultante de todas as
forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?
Se assim fosse, Deus não existiria,
porque seria efeito e não a causa; ele não pode ser, ao mesmo tempo, uma e
outra.
— Deus existe, e não
o podemos duvidar, e isso é o essencial. Acreditar no que nos dizem os
Bons Espíritos, e não queiramos ir além. Não nos percais num labirinto de
onde não poderíamos sair. Isso não nos tornaria melhores, mas talvez, um
pouco mais orgulhosos, porque acreditamos saber, quando na realidade nada
sabemos. Deixemos, pois, de lado, todos esses sistemas; temos que nos desembaraçar
de muitas coisas que nos tocam mais diretamente. Isto nos será mais útil
do que querermos penetrar o que é impenetrável.
Pensar na
opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os
globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu
conjunto, a própria Divindade; ou seja, que pensar da doutrina panteísta?
A resposta é: Não podendo ser Deus, o
homem quer pelo menos ser uma parte de Deus.
Os que
professam essa doutrina pretendem nela encontrar a demonstração de alguns dos
atributos de Deus. Sendo os mundos infinitos, Deus é, por isso mesmo, infinito;
o vácuo ou o nada não existindo em parte alguma, Deus está em toda a parte;
Deus estando em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, dá a
todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. O que se pode opor
a este raciocínio?
Pois é. A razão, é refletirmos
maduramente e não nos será difícil reconhecer com um absurdo.
Comentário de Kardec: Esta doutrina faz de Deus um ser material
que, embora dotado de inteligência suprema, seria em ponto grande aquilo que
somos em ponto pequeno. Ora, a matéria se transformando sem cessar. Deus, nesse
caso, não teria nenhuma estabilidade e estaria sujeito a todas as vicissitudes
e mesmo a todas necessidades da Humanidade; faltar-lhe-ia um dos atributos
essenciais da Divindade: a imutabilidade. As propriedades da matéria não podem
ligar-se à ideia de Deus, sem que o rebaixemos em nosso pensamento, e todas as
sutilezas do sofisma não conseguirão resolver o problema da sua natureza
íntima. Não sabemos tudo o que ele é, mas sabemos aquilo que não pode ser, e
este sistema está em contradição com as suas propriedades mais essenciais, pois
confunde o criador com a criatura, precisamente como se quiséssemos que uma
máquina engenhosa fosse parte integrante do mecânico que a concebeu.
A inteligência de
Deus se revela nas suas obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras
de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que o concebeu e
executou.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO
PACHECO QUADRADO.
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