sábado, 21 de novembro de 2020

AS VIRTUDES E OS VÍCIOS.

 


0 LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO XII. PERFEIÇÃO MORAL. AS VIRTUDES E OS VÍCIOS.

 

Todas as virtudes têm o seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Mas a mais sublime das virtudes consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.

Os seres humanos que praticam o bem por um impulso espontâneo, sem que tenham de lutar com nenhum sentimento contrário, não têm elas o mesmo mérito daquelas que têm de lutar contra a sua própria natureza e conseguem superá-la.

Os seres humanos que não têm de lutar são porque já realizaram o progresso: lutaram anteriormente e venceram; é por isso que os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço e suas ações lhes parecem tão fáceis: o bem se tornou para eles um hábito. Deve-se honrá-los como a velhos guerreiros que conquistaram suas posições. Como estamos ainda longe da perfeição, esses exemplos nos espantam pelo contraste e os admiramos tanto mais porque são raros. Mas devemos saber que nos mundos mais avançados que o nosso, isso que entre nós é exceção se torna regra O sentimento do bem se encontra por toda parte e de maneira espontânea, porque são mundos habitados somente por bons Espíritos e uma única intenção má seria neles uma exceção monstruosa. Eis porque os seres ali são felizes e assim será também na Terra, quando a Humanidade se houver transformado e quando compreender e praticar a caridade na sua verdadeira acepção.

Dentro dos defeitos e os vícios sobre os quais ninguém se enganaria, o indício mais característico da imperfeição, vem a ser o interesse pessoal. As qualidades morais são geralmente como a douração de um objeto de cobre, que não resiste à pedra de toque. Um ser humano pode possuir qualidades reais que fazem para o mundo um ser de bem; mas essas qualidades, embora representem um progresso, não suportam em geral a certas provas, e basta ferir a tecla do interesse pessoal para se descobrir a fundo. O verdadeiro desinteresse é de fato tão raro na Terra que se pode admirá-lo como a um fenômeno, quando ele se apresenta. O apego às coisas materiais é um indício notório de inferioridade, pois, quanto mais o ser humano se apega aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado.

As pessoas desinteressadas, mas sem discernimento, que prodigalizam os seus haveres sem proveito real, por não saberem empregá-los de maneira razoável, terão o mérito do desinteresse, mas não o do bem que poderiam fazer. Se o desinteresse é uma virtude, a prodigalidade irrefletida é sempre, pelo menos uma falta de juízo. A fortuna não é dada a alguns para ser lançada ao vento como não o é a outros para ser encerrada num cofre.

E um depósito de que terão de prestar contas, porque terão de responder por todo o bem que poderiam ter feito e não o fizeram: por todas as lágrimas que poderiam ter enxugado com o dinheiro dado aos que na verdade não estavam necessitados.

É necessário fazer o bem por caridade, ou seja, sem interesse, e não aquele que faz o bem visando uma recompensa na Terra na esperança de que lhe seja levado em conta na outra vida, o qual esse pensamento prejudica o seu  adiantamento.

Dentro do desejo de se progredir para sair da situação penosa desta vida, se pensar que simplesmente pela prática do bem se pode esperar uma situação melhor é errado. Porque aquele que faz o bem sem segunda intenção, pelo prazer único de ser agradável a Deus e ao seu próximo sofredor, já se encontra num grau de adiantamento que lhe permitirá chegar mais rapidamente à felicidade do que o seu irmão que, mais positivo, faz o bem por cálculo e não pelo impulso natural do coração.

Praticar o bem ao  próximo e cuidar de se corrigir dos próprios defeitos, com segunda intenção é pouco meritório, trata-se de um egoísmo. Mas emendar-se, vencer as paixões, corrigir o caráter, visando a se aproximar dos bons Espíritos sem querer nada em troca é se elevar, e é meritório.

Não há nenhum egoísmo em se melhorar com vistas de se aproximar de Deus, pois esse é o objetivo de todos.

Mesmo que a vida corpórea seja apenas uma efêmera passagem por este mundo, devemos sim nos preparar para a vida futura, sendo útil se esforçar por adquirirmos conhecimentos científicos.

O nosso Espírito se elevará mais depressa se houver progredido intelectualmente. No intervalo das encarnações, aprenderemos em uma hora aquilo que na Terra demandaria anos. Nenhum conhecimento é inútil; todos contribuem mais ou menos para o adiantamento, porque o Espírito perfeito deve saber tudo e, devendo o progresso realizar-se em todos os sentidos, todas as ideias adquiridas ajudam o desenvolvimento do Espírito.

Entre aquele que nasceu na opulência e jamais conheceu a necessidade, e o outro que deve a sua fortuna ao seu próprio trabalho, e ambos a empregam exclusivamente em sua satisfação pessoal. O mais culpado é aquele que conheceu o sofrimento, por que. ele sabe o que é sofrer. Conhece a dor que não alivia, mas como geralmente acontece, nem se lembra mais dela.

É um compromisso de má consciência aquele que acumula sem cessar e sem beneficiar a ninguém, e somente aos seus herdeiros.

Entre dois seres humanos, o primeiro se priva do necessário e morre de necessidades sobre o seu tesouro; o segundo é avaro só para os demais e pródigo para consigo mesmo; enquanto recua diante do mais ligeiro sacrifício para prestar um serviço ou fazer uma coisa útil, nada lhe parece muito para satisfazer aos seus gostos e às suas paixões. O mais culpável no mundo dos Espíritos será aquele que goza. É mais egoísta do que avarento. O outro já recebeu uma parte de sua punição.                             .

O sentimento é louvável, quando puro em se cobiçar a riqueza com o desejo de praticar o bem. Mas não quando este desejo é sempre bastante interessado em se fazer o bem a nós somente.

Existe culpa em se estudar os defeitos alheios com o fito de criticá-los e divulgar, porque isso é faltar com a caridade. Se for com intenção de proveito pessoal, evitando-se aqueles defeitos, pode ser útil. Mas não se deve esquecer que a indulgência para com os defeitos alheios é uma das virtudes compreendidas na caridade. Antes de censurar as imperfeições dos outros, vejamos se não podemos fazer o mesmo a nosso respeito. Tratai, pois, de possuir qualidades contrarias aos defeitos que criticais nos outros. Esse é um meio de nos tornarmos superiores.

Se os censuramos por serem avarentos, sejamos generosos; sejamos grandes em todas as nossas ações. Em uma palavra, pratiquemos aquilo que Jesus deixou dito: “Vedes um argueiro no olho do vizinho e não vedes uma trave no vosso”.

Será considerado culpado, aquele que revelar o mal, se o sentimento for fazer escândalo. Isto trata-se de  um prazer pessoal que se proporciona, apresentando quadros que são, em geral, ante um mau do que um bom exemplo. O Espírito faz uma apreciação, mas pode ser punido por essa espécie de prazer que  sente em revelar o mal.

Para se saber a pureza das intenções e a sinceridade do escritor isso nem sempre é útil. Se ele escreve boas coisas, procura aproveitá-las; se escreve más, e uma questão de consciência que a ele diz respeito. De resto, se ele quer provar a sua sinceridade, cabe-lhe apoiar os preceitos no seu próprio exemplo.

Alguns autores publicam obras muito belas e moralmente elevadas, que ajudam o progresso da Humanidade, mas das quais eles mesmos não tiraram  proveito. Como Espírito isto se será levado em conta o bem que fizeram através de suas obras, os Bons espíritos nos respondem:

Que a moral sem ações é como a semente sem. o trabalho. De que pode servir a semente se não afizerem frutificar para alimentá-los. Esses seres humanos são mais culpáveis porque tinham inteligência para compreender; não praticando as máximas que ofereciam aos outros, renunciaram a colher os seus frutos.

E repreensível aquele que fazendo conscientemente o bem, reconhece que o faz desde que possa ter consciência do mal que fizer, onde deve tê-la igualmente do bem, a fim de saber se age bem ou mal. É pesando todas as suas ações na balança da lei de Deus, e, sobretudo na da lei de justiça, de amor e de caridade, que ele poderá dizer a si mesmo se as suas ações são boas ou más e aprová-las ou desaprová-las. Não pode, pois, ser responsabilizado por reconhecer que triunfou das más tendências e de estar satisfeito por isso, desde que não se envaideça com o que cairia em outra falta.

 

 

 

 

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

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