CAPÍTULO XXVI. DAR DE GRAÇA O
QUE DE GRAÇA RECEBER.
MEDIUNIDADE GRATUITA.
No Evangelho Segundo o Espiritismo esta escrito algo
em torno da Mediunidade, e ressalta que
tanto os médiuns atuais como os apóstolos também possuíam a mediunidade. E que
receberam igualmente de Deus um dom gratuito, que é o de serem intérpretes dos
Espíritos, para instruírem os seres humanos, para lhes ensinarem o caminho do
bem e levá-los à fé. E para não lhes venderem palavras que não se
originam nas suas ideias, nem nas suas pesquisas, nem em qualquer outra espécie
de seu trabalho pessoal. Também nos chama a atenção que Deus deseja
que a luz atinja a todos, e não quer que o mais pobre seja deserdado e possa
dizer: Não tenho fé, porque não pude pagar; não tive a consolação de receber o
estímulo e o testemunho de afeição daqueles por quem choro, pois sou pobre. E lá
salienta a razão por que a mediunidade não é um privilégio, e que se encontra
por toda parte. E que cobrar, seria, portanto desviá-la de sua finalidade
providencial.
E afirma que qualquer
pessoa que conheça as condições em que os Bons Espíritos se comunicam, a sua
repulsa que sentem por todas as formas que é de interesse egoísta; e que como
pouca coisa basta para afastá-los, e que jamais poderão admitir que Espíritos
Superiores fiquem à sua disposição a qualquer hora. E ressalta que o simples
bom senso repele semelhante coisa. E lá pergunta se não seria ainda uma
profanação, evocar por dinheiro os seres que respeitamos ou que nos são caros? E
diz que não há dúvida que se pode obter manifestações; mas pergunta mais uma
vez, quem poderia garantir a sinceridade? E diz que os Espíritos levianos, mentirosos
e espertos, e toda a turba de Espíritos inferiores, muito pouco escrupulosos,
atendem sempre a esses chamados, e estão prontos a responder ao que lhes
perguntarem, sem qualquer preocupação com a verdade. E salienta que aquele,
pois, que deseja comunicações sérias, deve primeiro procurá-las com seriedade,
esclarecendo-se quanto à natureza das ligações do médium com os seres do mundo
espiritual; e que, a pra ter condição para se conseguir a boa vontade dos bons
Espíritos é a que decorre da humildade, do devotamento e da abnegação, e o mais
absoluto desinteresse moral e material.
La também está escrito que ao lado da questão moral, apresenta-se uma
consideração efetiva não menos importante, que se refere à própria natureza da
faculdade. Também ressalta que a mediunidade séria não pode ser, e não será
jamais uma profissão, não somente porque isso a desacreditaria no plano moral,
colocando os médiuns na mesma posição dos ledores da sorte, mas porque existe
ainda uma dificuldade material para isso: e que se trata de uma faculdade
essencialmente instável, fugida, variável, com a qual ninguém pode contar na
certa. E que ela seria, portanto, para o seu explorador, um campo inteiramente
incerto de receitas, e que poderia escapar-lhe no momento mais necessário. E
que coisa diversa é o talento adquirido pelo estudo e pelo trabalho, e que, por
isso mesmo, representa uma propriedade, da qual naturalmente lícito é, ao seu
possuidor, tirar partido. E que a mediunidade, porém, não é nem uma arte nem
uma habilidade, e por isso não pode ser profissionalizada. E salienta que só
existe graças ao concurso dos Espíritos; se estes faltarem, não há mediunidade,
pois embora a aptidão possa subsistir, o exercício se torna impossível. E que não
há, portanto, um único médium no mundo, que possa garantir a obtenção de um
fenômeno espírita em determinado momento. E esta também escrito que explorar a
mediunidade, como se vê, é querer dispor de uma coisa que realmente não se possui
e afirmar o contrário é enganar os que pagam. E que não é de si próprio que o
explorador dispõe, e sim do concurso dos Espíritos, das almas dos mortos. E que
este pensamento repugna instintivamente, onde esse tráfico, degenerado em
abuso, explorado pelo charlatanismo, pela ignorância, a credulidade e a
superstição, que provocou a proibição de Moisés. E esta escrito que o
Espiritismo moderno, compreendendo o aspecto sério do assunto, pelo descrédito a
que se lançou essa exploração, e elevou a mediunidade à categoria de
missão. (Ver Livro dos Médiuns, cap. XXVIII, e Céu e Inferno, cap.
XII).
Deixa escrito também, que a mediunidade é uma coisa sagrada, que deve ser
praticada santamente, religiosamente. E se há uma espécie de mediunidade que
requer esta condição de maneira ainda mais absoluta, é a mediunidade curadora. Ressalta
que o médico oferece o resultado dos seus estudos, feitos ao peso de
sacrifícios geralmente penosos; e que o magnetizador da ao seu próprio fluído,
e por vezes até sua saúde. E que médium curador transmite o fluído salutar dos
bons Espíritos, e não tem o direito de vendê-lo. E que Jesus e os Apóstolos, embora pobres, não
cobravam as curas que operavam.
Que procuremos aqueles, pois, que carecem
do que viver recursos em qualquer parte, menos na mediunidade; e que não lhes
consagremos, se assim for necessário, se assim for preciso, senão o tempo de
que materialmente possam dispor. E que os Espíritos levarão em conta o seu
devotamento e os seu sacrifício, ao passo que se afastam do que esperam fazer
deles uma escada por onde subam.
Bibliografia: O Livro Evangelho
Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo médium Getulio Pacheco
Quadrado.
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