O LIVRO DOS
ESPÍRITOS. CAPÍTULO XII. PERFEIÇÃO MORAL.
PAIXÕES.
O princípio das paixões
sendo natural não é má em si mesma.
A paixão está no excesso provocado pela vontade,
pois o princípio foi dado ao ser humano para o bem e as paixões podem
conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o
mal.
O limite em que as
paixões deixam de ser boas ou más é o mesmo quando um cavalo que é útil quando governado e perigoso
quando governa. Reconheçamos, pois, que uma paixão se torna perniciosa no
momento em que deixa de governar, e quando resulta num prejuízo qualquer
para nós ou para outro.
Comentário
de Kardec: As
paixões são alavancas que decuplicam as forças do ser humano e o ajudam a
cumprir os desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, o ser se
deixa dirigir por elas, cai no excesso e a própria força que em suas mãos
poderia fazer, e o bem recai sobre ele e o esmaga.
Todas as paixões têm seu principio
num sentimento ou numa necessidade da Natureza. O princípio das paixões não é,
portanto, um mal, pois repousa sobre uma das condições providenciais da nossa
existência. A paixão propriamente dita é o exagero de uma necessidade ou de um
sentimento; está no excesso e não na causa; e esse excesso se torna mal quando
tem por consequência algum mal.
Toda paixão que aproxima o ser humano
da natureza animal distancia-o da natureza espiritual.
Todo sentimento que eleva o ser
humana acima da natureza animal, anuncia o predomínio do Espírito sobre a
matéria e o aproxima da perfeição.
O ser humano poderia
sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços, e às vezes com pouco esforço; o que
lhe falta é à vontade. Ah! Como são poucos os que se esforçam!
O ser humano encontra nos
Espíritos uma ajuda eficaz para superar as paixões, se orar a Deus e ao seu bom gênio
com sinceridade, os Bons Espíritos virão certamente em seu auxílio, porque
essa é a sua missão.
Existem paixões de tal
maneira vivas e irresistíveis que a vontade seja impotente para superá-las,
onde muitos dizem:
“Eu quero!”, mas a vontade está apenas nos seus lábios. Elas querem, mas
estão muito satisfeitas de que assim não seja. Quando o ser humano julgar
que não pode superar suas paixões, é que o seu Espírito nelas se compraz,
por consequência de sua própria inferioridade.
Aquele que procura reprimi-las compreende a sua
natureza espiritual; vencê-las é para ele um triunfo do Espírito sobre a
matéria.
O meio mais eficaz de se
combater a predominância da natureza corpórea, é praticar a abnegação.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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