O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPITULO
X
LIVRE ARBÍTRIO.
O ser
humano tem livre-arbítrio nos seus atos, pois tem a liberdade de pensar, e a
de agir. Sem o livre-arbítrio o ser humano seria uma máquina.
O ser
humano goza do livre-arbítrio desde o nascimento, dentro da liberdade de agir,
desde que lenha a vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, a
liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as
faculdades. Estando os pensamentos da criança em relação com as
necessidades da sua idade, ela aplica o seu livre-arbítrio às coisas que
lhe são necessárias.
Quanto às
predisposições instintivas que o ser humano traz ao nascer não são um obstáculo
ao exercício de seu livre-arbítrio. É explicado que estas são as do Espírito
antes da sua encarnação; conforme for ele mais ou menos adiantado, elas
podem impeli-lo a atos repreensíveis, no que ele será secundado por Espíritos
que simpatizem com essas disposições; mas não há arrastamento
irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que
querer é poder.
Quanto à
pergunta se o organismo se não influi nos atos da vida, e se influi, não o faz
com prejuízo do livre-arbítrio, é explicado da seguinte maneira: o Espírito é
certamente, influenciado pela matéria, que pode entravar as suas
manifestações. Eis porque, nos mundos em que os corpos são menos materiais do
que na Terra, as faculdades se desenvolvem, com mais liberdade. Mas o
instrumento não dá faculdades ao Espírito. De resto, é
necessário distinguir neste caso as faculdades morais das faculdades
intelectuais. Se um ser humano tem o instinto do assassínio, é seguramente
o seu próprio Espírito que o possui e que lho transmite, mas nunca os seus
órgãos. Aquele que aniquila o seu pensamento para apenas se ocupar da
matéria se faz semelhante ao bruto e ainda pior, porque não pensa mais em
se precaver contra o mal. E nisso que ele se torna faltoso, pois assim age
pela própria vontade.
A alteração
das faculdades tira do ser humano o livre-arbítrio, cuja inteligência
está perturbada por uma causa qualquer perde o domínio do seu pensamento e
desde então não tem mais liberdade. Essa alteração é frequentemente uma
punição para o Espírito que, numa existência, pode ter sido vão e
orgulhoso, fazendo mal uso de suas faculdades. Ele pode renascer no corpo
de um idiota, como o déspota no corpo de um escravo e o mau rico no de um
mendigo. Mas o Espírito sofre esse constrangimento, do qual tem perfeita
consciência: é nisso que está à ação da matéria.
A alteração
das faculdades intelectuais pela embriaguez não desculpa os atos repreensíveis, pois o ébrio
voluntariamente se priva da razão para satisfazer paixões brutais: em
lugar de uma falta, comete duas.
No ser
humano em estado selvagem, a faculdade dominante é o instinto o que não o impede
de agir com inteira liberdade em certas coisas. Mas, como a criança,
ele aplica essa liberdade às suas necessidades e ela se desenvolve com a inteligência.
A posição
social não é, às vezes, um obstáculo à inteira liberdade de ação, porque Deus é justo e
tudo leva em conta, mas os deixa a responsabilidade dos poucos esforços
que vierem a fazer para superar os obstáculos.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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