quarta-feira, 11 de novembro de 2020

FACULDADE QUE TÊM OS ESPÍRITOS , DE PENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOS.

 


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IX.

FACULDADE, QUE TÊM OS ESPÍRITOS, DE PENETRAR OS NOSSOS PENSAMENTOS.

Os Espíritos tudo podem ver o que fazemos, porque sempre nos rodeiam. Cada um porém, só vê aquilo a que lhe interessa. E não se ocupam com o que lhes é indiferente.

Eles podem conhecer os nossos mais secretos pensamentos, pois muitas vezes chegam a conhecer o que desejaríamos ocultar de nós mesmos. Nem atos e pensamentos se lhes podem dissimular.

Seria mais fácil ocultarmos de uma pessoa viva qualquer coisa, do que esconder dessa mesma depois de morta.

Quando nos julgamos muito ocultos, é comum termos ao nosso lado uma multidão de Espíritos a nos observar, pois vivemos entre dois mundos, o material e o Espiritual.

Os que nos cercam e observam, pensam da seguinte maneira:

Os levianos riem das pequenas partidas que nos pregam e zombam das nossas impaciências. Já os sérios se condoem dos nossos reveses e procuram ajudar-nos.

 

INFLUÊNCIA OCULTA DOS ESPÍRITOS EM NOSSOS

PENSAMENTOS E ATOS

A Influência dos Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos, é muito mais que imaginamos. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que nos dirigem.

Nossa alma é um Espírito que pensa. Não ignoremos que, frequentemente, muitos pensamentos nos acodem a um tempo sobre o mesmo assunto e, não raro, contrários

uns aos outros. Pois bem! No conjunto deles, estão sempre de mistura com os nossos. Daí a incerteza em que nos vemos, pois temos em nós duas ideias a definirmos.

Para podermos distinguir os pensamentos que nos são próprios dos que nos são sugeridos, é que os sugeridos, temos a impressão de que alguém nos fala. Geralmente, os pensamentos próprios são os que acodem em primeiro lugar. Afinal, não nos é de grande interesse estabelecer essa distinção.

Muitas vezes, é útil que não saibamos fazê-la. Não à fazendo, obra o ser humano com mais liberdade. Se se decide pelo bem, é voluntariamente que o pratica; se toma o mau caminho, maior será a sua responsabilidade.

Os seres humanos inteligentes e de gênio tiram suas ideias, onde algumas vezes, elas lhes vêm do seu próprio Espírito, porém, de outras muitas, lhes são sugeridas por Espíritos que os julgam capazes de compreendê-las e dignos de vulgarizá-las. Quando tais seres humanos não as acham em si mesmos, apelam para a inspiração. Fazem assim, sem o suspeitarem, uma verdadeira evocação.

Se fora útil que pudéssemos distinguir claramente os nossos pensamentos próprios dos que nos são sugeridos, Deus nos houvera proporcionado os meios de o conseguirmos, como nos concedeu o de diferençarmos o dia da noite. Quando uma coisa se conserva imprecisa, é que convém assim aconteça.

O primeiro impulso pode ser bom ou mau, conforme a natureza do Espírito encarnado. É sempre bom naquele que atende às boas inspirações saber separar um do outro.

Para distinguirmos se um pensamento sugerido procede de um bom Espírito ou de um Espírito mau, devemos estudar o caso. Os bons Espíritos só para o bem aconselham. Compete-nos discernir.

Os Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal para que soframos como eles sofrem.

Isso não lhes diminui os sofrimentos, mas mesmo assim fazem-no por inveja, por não poderem suportar que haja seres felizes.

A natureza do sofrimento que procuram infligir aos outros, são os que resultam de um ser de ordem inferior a criatura e de estar afastada de Deus.

Deus permite que Espíritos nos excitem ao mal, para que os Espíritos imperfeitos ponham em prova a nossa fé e a constância na prática do bem. A explicação é que como Espírito que somos, temos que progredir na ciência do infinito. Daí o porquê passamos pelas provas do mal, para chegarmos ao bem. A missão dos bons Espíritos consiste em nos colocarmos no bom caminho. Enquanto que os Espíritos inferiores correm a nos auxiliar no mal, logo que desejemos praticá-lo. Só quando queiramos o mal, podem eles nos ajudar para a prática do mal. Se optarmos em sermos propensos a sermos ladrões, teremos em torno de nós uma nuvem de Espíritos a nos alimentarem no íntimo esse pendor. Mas, outros também nos cercarão, esforçando-se por nos influenciarem para o bem, o que nos restabelecerá o equilíbrio da balança e nos deixa senhor dos nossos atos.

É assim que Deus confia à nossa consciência a escolha do caminho que devemos seguir, e a liberdade de cedermos a uma ou outra das influências que se exercem sobre nós.

O ser humano pode eximir-se da influência dos Espíritos que procuram arrastá-lo ao mal. Por que eles só se apegam aos que, pelos seus desejos, os chamam, ou aos que, pelos seus pensamentos, os atraem.

Renunciam às suas tentativas os Espíritos negativos porque quando nada conseguem abandonam o campo. Entretanto, ficam à espreita de um momento propício, como o gato que tocaia o rato.

Podemos neutralizar a influência dos maus Espíritos, praticando o bem e pondo em Deus toda a nossa confiança, repelir a influência dos Espíritos inferiores e com isso aniquilaremos o império que desejem ter sobre nós. Evitemos de atender às sugestões dos Espíritos que nos suscitam maus pensamentos, que sopram a discórdia entre nós e que nos insuflam as paixões más. Desconfiemos especialmente dos que nos exaltam o orgulho, pois que esses nos assaltam pelo lado fraco. Essa a razão por que Jesus, na oração dominical, nos ensinou a dizer: “Senhor! não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”

Os Espíritos, que ao mal procuram induzir-nos e que põem assim em prova a nossa firmeza no bem, não procedem desse modo cumprindo missão. Sendo assim de responsabilidade deles. A nenhum Espírito é dada a missão de praticar o mal.

Aquele que o faz fá-lo por conta própria, sujeitando-se, portanto, às consequências. Pode Deus permitir-lhe que assim proceda, para nos experimentar; nunca, porém. Compete-nos assim, pois, repeli-lo.

Quando experimentamos uma sensação de angústia, de ansiedade indefinível, ou de íntima insatisfação, sem que lhe conheçamos a causa, devemos saber que é quase sempre efeito das comunicações em que inconscientemente entramos com os Espíritos, ou da que com eles tivemos durante o sono.

Os Espíritos que procuram atrair-nos para o mal se limitam em aproveitar as circunstâncias em que nós achamos, ou podem também criá-las aproveitando as circunstâncias ocorrentes, mas também costumam criá-las, impelindo-nos, mau grado nosso, para aquilo que cobicemos.  Damos como exemplo dos Espíritos maus que acabam encontrando em seu caminho uma pessoa, que achou uma certa quantia perdida no chão. Eles podem inspirar a esta a ideia de tomar aquela direção e sugerir-lhe depois a de se apoderar da importância achada, enquanto outros lhe sugerem a de restituir o dinheiro ao seu legítimo dono. O mesmo se dá com relação a todas as demais tentações.

 

POSSESSOS

Um Espírito não pode jamais tomar temporariamente o invólucro

corporal de uma pessoa viva. Isto é, introduzir-se num corpo animado e obrar em lugar do outro que se acha encarnado neste corpo. Jamais pode haver uma coabitação num corpo físico.

O que acontece é que ele Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido.

Desde que não haja possessão propriamente dita, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de a sua vontade vir a achar-se de certa maneira, paralisada.

Mas, é preciso que saibamos que essa dominação não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer por sua fraqueza, quer por desejá-la. Muitos epilépticos ou loucos, que mais necessitavam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.

Geralmente tem pessoas que se utilizam deste vocábulo possesso, na sua acepção vulgar, supondo a existência de demônios, isto é, de uma categoria de seres maus por natureza, e a coabitação de um desses seres com a alma de um indivíduo, no seu corpo.

A verdade é, que não há demônios e que nem dois Espíritos não podem habitar simultaneamente o mesmo corpo como já narramos no início. Portanto não há possessos na conformidade da ideia a que esta palavra se acha associada. O termo possesso só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se com relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.

Sempre é possível a quem quer que seja, poder por si mesmo afastar os maus Espíritos e libertar-se da dominação deles, desde que com vontade firme o queira.

Pode acontecer que a fascinação exercida pelo mau Espírito seja de tal ordem que o subjugado não a perceba. Porém pode uma terceira pessoa fazer que cesse a sujeição da outra, sendo este um ser de bem. Sendo assim a sua vontade poderá ter eficácia, desde que apele para o concurso dos bons Espíritos, porque, quanto mais digna for a pessoa, tanto maior poder terá sobre os Espíritos imperfeitos, para afastá-los. Todavia, nada poderá, se o que estiver subjugado não lhe prestar o seu concurso. Dizemos isto porque existe pessoas a quem agrada uma dependência que lhes lisonjeia os gostos e os desejos. Qualquer, porém, que seja o caso, aquele que não tiver puro o coração nenhuma influência exercerá. Pois os bons Espíritos não lhe atenderão ao chamado e os maus não o temem.

As fórmulas de exorcismo não têm qualquer eficácia sobre os maus Espíritos. Estes riem e se obstinam, quando veem alguém tomar isso a sério.

Existem pessoas animadas e de boas intenções e que não deixam de ser obsidiadas. Onde o melhor meio de se livrarem dos Espíritos

obsessores é cansar-lhes a paciência, não lhes dando atenção para às sugestões, mostrando-lhes que perdem o tempo. Em vendo que nada conseguem, afastam-se.

A prece é em tudo um poderoso auxílio para a cura da obsessão. Mas, devemos crer que não basta que alguém murmure algumas palavras, para

que obtenha o que deseja. Deus assiste os que obram, não os que se limitam a pedir. É, pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.

Quanto ao termo mencionado no Evangelho a expulsão de demônios, depende muito da nossa interpretação. Se chamarmos de demônio um mau Espírito que subjugue um indivíduo, e que desde lhe destruamos a influência, ele terá sido verdadeiramente expulso. Se ao demônio atribuirmos como a causa de uma enfermidade, quando a houvermos curado podemos dizer com acerto que expulsamos um demônio. Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa, conforme o sentido que empreguemos às palavras.

As maiores verdades estão sujeitas a parecer absurdos, uma vez que se atenda apenas à forma, ou que consideremos como realidade a alegoria.

 

CONVULSIONÁRIOS

 

Os Espíritos desempenham algum papel e muito importante nos fenômenos dos indivíduos chamados convulsionários. Bem como o magnetismo, que é a causa originária de tais fenômenos. O charlatanismo, porém, os tem amiúde explorado e exagerado, de sorte a lançá-los ao ridículo.

A natureza em geral dos Espíritos que concorrem para a produção desta espécie de fenômenos, é pouco elevada. Os Espíritos superiores jamais se deleitam com tais coisas.

O efeito de simpatia estende-se subitamente a toda uma população o estado anormal dos convulsionários e dos que sofrem de crises nervosas.

As disposições morais se comunicam mui facilmente, em certos casos. Não somos tão alheios aos efeitos magnéticos que não compreendamos isto e a parte que alguns Espíritos naturalmente tomam no fato, por simpatia com os que os provocam.

Entre as singulares faculdades que se notam nos convulsionários, algumas facilmente se reconhecem, de que numerosos exemplos oferecem o sonambulismo e o magnetismo, tais como, além de outras, a insensibilidade física, a leitura do pensamento, a transmissão das dores, por simpatia, etc. Não há, pois, duvidar de que aqueles em quem tais crises se manifestam estejam numa espécie de sonambulismo desperto, provocado pela influência que exercem uns sobre os outros. Eles são ao mesmo tempo magnetizadores e magnetizados inconscientemente.

A causa da insensibilidade física que se observa em alguns convulsionários, assim como em outros Indivíduos submetidos às mais atrozes torturas, se dão da seguinte forma:

Em alguns é, exclusivamente, efeito do magnetismo, que atua sobre o sistema nervoso, do mesmo modo que certas substâncias. Em outros, a exaltação do pensamento embota a sensibilidade. Dir-se-ia que nestes a vida se retirou do corpo, para se concentrar toda no Espírito.

É bom sabermos que, quando o Espírito está vivamente preocupado com uma coisa, o corpo nada sente, nada vê e nada ouve.

A exaltação fanática e o entusiasmo hão proporcionado, em casos de suplícios, múltiplos exemplos de uma calma e de um sangue frio que não seriam capazes de triunfar de uma dor aguda, senão admitindo-se que sensibilidade se acha neutralizada, como por efeito de um anestésico. Sabe-se que, no ardor da batalha, combatentes há que não se apercebem de que estão gravemente feridos, ao passo que, em circunstâncias ordinárias, uma simples arranhadura os poria trêmulos.

Visto que esses fenômenos dependem de uma causa física e da ação de certos Espíritos, lícito se torna perguntar como há podido uma autoridade pública fazê-los cessar em alguns casos.

Simples a razão. Meramente secundária é aqui a ação dos Espíritos, que nada mais fazem do que aproveitar-se de uma disposição natural. A autoridade não suprimiu essa disposição, mas a causa que a entretinha e exaltava. De ativa que era, passou a ser latente. E a autoridade teve razão para assim proceder, porque do fato resultava abuso e escândalo. Sabe-se, demais, que semelhante intervenção nenhum poder absolutamente tem, quando a ação dos Espíritos é direta e espontânea.

 

 

AFEIÇÃO QUE OS ESPÍRITOS VOTAM A CERTAS PESSOAS.

 

Os bons Espíritos se simpatizam com os seres de bem, ou suscetíveis de se melhorarem.

Os inferiores aos seres viciosos, ou que podem se tornar tais.

Daí suas afeições, como consequência é de conformidade com os sentimentos.

A afeição que os Espíritos votam a certas pessoas não é exclusiva moral.

A verdadeira afeição nada tem de carnal; mas, quando um Espírito se apega a uma pessoa, nem sempre o faz só por afeição. À estima que essa pessoa lhe inspira pode agregar-se uma reminiscência das paixões humanas.

Os Espíritos se interessam pelas nossas desgraças e pela nossa prosperidade, e se afligem os que nos querem bem com os males que padecemos durante a vida.

Os bons Espíritos fazem todo o bem que lhes é possível e se sentem ditosos com as nossas alegrias. Afligem-se com os nossos males, quando os não suportamos com resignação, porque nenhum benefício então tiramos deles, assemelhando-nos, em tais casos, ao doente que rejeita a beberagem amarga que o há de curar.

Dentre os nossos males, os que mais afligem os Espíritos por nossa causa são:

O nosso egoísmo e a dureza dos nossos corações. Daí decorre tudo o mais. Riem-se de todos esses males imaginários que nascem do orgulho e da ambição. Rejubilam com os que redundam na abreviação do tempo das nossas provas.

Sabendo ser transitória a vida corporal e que a tribulações que lhe são inerentes constituem meios de alcançarmos melhor estado, os Espíritos mais se afligem pelos nossos males devidos a causas de ordem moral, do que pelos nossos sofrimentos físicos, todos passageiros.

Pouco se incomodam com as desgraças que apenas atingem as nossas ideias mundanas, tal qual fazemos com as mágoas pueris das crianças.

Vendo nas amarguras da vida um meio de nos adiantarmos, os Espíritos as consideram como a crise ocasional de que resultará a salvação do doente. Compadecem-se dos nossos sofrimentos, como nos compadecemos dos comprometer-nos.de um amigo. Porém, enxergando as coisas de um ponto de vista mais justo, os apreciam de um modo diverso do nosso. Então ao passo que os bons nos levantam o ânimo ao interesse do nosso futuro, os outros nos impelem ao desespero, objetivando comprometer-nos.

 

BIBLIOGRAFIA.O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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