domingo, 1 de novembro de 2020

MARCHA DO PROGRESSO.

 


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VIII.  LEI DO PROGRESSO. MARCHA DO PROGRESSO.

O ser humano não tira de si mesmo a energia progressiva, e nem do resultado de um ensinamento, e sim se desenvolve por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem ao mesmo tempo e da mesma maneira; os mais adiantados ajudam os outros a progredir.

 O progresso moral segue sempre o progresso intelectual, mas não o segue sempre imediatamente.

O progresso intelectual pode conduzir ao progresso moral, dando-lhe a compreensão do bem e do mal, pois então o ser humano pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio segue-se ao desenvolvimento da inteligência e aumenta a responsabilidade do ser humano pelos seus atos.

A explicação de como os povos mais esclarecidos sejam frequentemente os mais pervertidos, é que o progresso completo é o alvo a atingir, mas os povos, como os indivíduos, não chegam a ele senão passo a passo. Até que tenham desenvolvido o senso moral, eles podem servir-se da inteligência para fazer o mal. A moral e a inteligência são duas forças que não se equilibram senão com o tempo.

Não é permitido ao ser humano deter a marcha do progresso, mas pode entravá-la algumas vezes. Existem seres humanos que entravam o progresso de boa fé, acreditando favorecê-lo, porque o veem segundo o seu ponto de vista, e frequentemente onde ele não existe. Mas é uma pequena pedra posta sob a roda de um grande carro sem impedi-lo de avançar.

O aperfeiçoamento da Humanidade segue sempre uma marcha progressiva e lenta, porém

há o progresso regular e lento que resulta da força das coisas; mas quando um povo não avança bastante rápido, Deus lhe provoca, de tempos em tempos, um abalo físico ou moral que o transforma.

Comentário de Kardec: Sendo o progresso uma condição da natureza humana, ninguém tem o poder de se opor a ele. É uma força viva que as más leis podem retardar, mas não asfixiar. Quando essas leis se tornam de todo incompatíveis com o progresso, ele as derruba, com todos os que as querem manter, e assim será até que o ser humano harmonize as suas leis com a justiça divina, que deseja o bem para todos, e não as leis feitas para o forte em prejuízo do fraco.

O ser humano não pode permanecer perpetuamente na ignorância, porque deve chegar ao fim determinado pela Providência; ele se esclarece pela própria força das circunstâncias. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram pouco a pouco nas ideias, germinam ao longo dos séculos e depois explodem subitamente, fazendo ruir o edifício carcomido do passado, que não se encontra mais de acordo com as necessidades novas e as novas aspirações.

O ser humano geralmente não percebe, nessas comoções, mais do que a desordem e a confusão momentâneas, que o atingem nos seus interesses materiais, mas aquele que eleva o seu pensamento acima dos interesses pessoais admira os desígnios da Providência que do mal fazem surgir o bem. São a tempestade e o furacão que saneiam a atmosfera, depois de a haverem revolvido.

 Não é verdade que a perversidade do ser humano é bastante intensa, e não aprece que ele está recuando, em lugar de avançar, pelo menos do ponto de vista moral. Deve-se observar

 bem o conjunto e ver que ele avança, pois vai compreendendo melhor o que é o mal, e dia a dia corrige os seus abusos. É preciso que haja excesso do mal, para fazer-lhe compreender as necessidades do bem e das reformas.

O maior obstáculo do progresso vem a ser o orgulho e o egoísmo, isto se falando em ao progresso moral, porque o intelectual avança sempre. Este aprece, aliás, à primeira vista, duplicar a intensidade daqueles vícios desenvolvendo a ambição e o amor das riquezas, que por sua vez incitam o ser humano às pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. É assim que tudo se relaciona no mundo moral como no físico e que do próprio mal pode sair o bem. Mas esse estado de coisas durará apenas algum tempo; modificar-se-á à medida que o ser humano compreender melhor que, além do gozo dos bens terrenos, existe uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais durável.

Comentário de Kardec: Há duas espécies de progresso que mutuamente se apoiam e, entretanto, não marcham juntas: progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados, o primeiro recebe em nosso século todos os estímulos desejáveis e por isso atingiu um grau até hoje desconhecido. Seria necessário que o segundo estivesse no mesmo nível. Não obstante, se compararmos os costumes sociais de alguns séculos atrás com os de hoje, teremos de ser cegos para negar que houve progresso moral. Por que, pois, a marcha ascendente da moral deveria mostrar-se mais lenta que a da inteligência? Por que não haveria, entre o século décimo nono e o vigésimo quarto, tanta diferença nesse terreno como entre o décimo quarto e o décimo nono? Duvidar disso seria pretender que a Humanidade tivesse atingido o apogeu da perfeição, o que é absurdo, ou que ela não é moralmente perfectível, o a experiência desmente.

Como se vê, por este comentário de Kardec e pelas explicações dos Espíritos a que ele se refere, o Espiritismo reconhece a necessidade desses movimentos periódicos da agitação natural, quer dos elementos, quer dos povos, para a realização do progresso. Mas os admite como fatos naturais e não como criações artificiais a que os seres humanos devam dedicar-se, em obediência a doutrinas revolucionárias.  O que ele ensina é que o ser humano deve colocar-se, nesses momentos, acima de seus mesquinhos interesses pessoais, para ver em sua amplitude a marcha irresistível do progresso, auxiliando-a na medida do possível.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

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