O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE
SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IX.
INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO
MUNDO CORPORAL.
PODER OCULTO, TALISMÃS. FEITICEIROS.
Um ser humano mau não pode com o auxílio de um
mau Espírito que lhe for devotado, pode fazer o mal ao seu próximo, porque Deus
não permitiria.
Não devemos acreditar nesse pretenso poder
mágico que só existe na imaginação das pessoas supersticiosas, ignorantes das
verdadeiras leis da Natureza, na crença no poder de enfeitiçar que certas pessoas
teriam. Algumas pessoas têm um poder
magnético muito grande, do qual podem fazer mau uso se o seu próprio
Espírito for mau. Nesse caso poderão ser secundadas por maus Espíritos. Os
fatos que citam são fatos naturais mal observados e, sobretudo mal compreendidos.
O efeito de fórmulas e práticas com as quais
certas pessoas pretendem dispor da vontade dos Espíritos, só pode ser de torná-las ridículas, se são de boa-fé; no caso
contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são
charlatanices; não há nenhuma palavra sacramental, nenhum signo
cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos,
porque eles só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.
Certos
Espíritos ditaram, algumas vezes, fórmulas cabalísticas, como tem Espíritos que indicam signos, palavras bizarras,
ou que prescrevem certos atos, com a ajuda dos quais fazemos aquilo
que chamam conjuração. Mas fiquemos bem seguros de que são Espíritos que
zombam de nós e abusam de nossa credulidade.
Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a
que chama virtude de um talismã, pode, por essa mesma confiança, atrair um
Espírito. Porque então é o pensamento que age; o talismã não é um signo que
ajuda a dirigir o pensamento?
Isso é verdade; mas a natureza do Espírito atraído depende
da natureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que
aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã não tenha um
objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o caso, isso indica
estreiteza e fraqueza de ideias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e
zombadores.
O sentido que se deve dar ao qualificativo de
feiticeiro são pessoas, quando de boa-fé,
que possuem certas faculdades como o poder magnético ou a dupla vista.
Como fazem coisas que não compreendemos, as julgamos dotadas de poder
sobrenatural. Nossos sábios não passaram muitas vezes por feiticeiros aos
olhos dos ignorantes?
Comentário de Kardec: O Espiritismo e o magnetismo nos dão a
chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas
fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento
esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade
das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor preservativo contra as ideias
supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da
Natureza e o que não passa de crença ridícula.
Quanto se certas pessoas têm realmente o dom
de curar por simples contato, podemos dizer que o poder magnético pode chegar até isso, quando é
secundado pela pureza de sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem,
porque então os bons Espíritos auxiliam. Mas é necessário desconfiar da
maneira por que as coisas são contadas por pessoas muito crédulas ou muito
entusiastas, sempre dispostas a ver o maravilhoso nas coisas mais simples
e mais naturais. É necessário também desconfiar dos relatos interesseiros
por parte de pessoas que exploram a credulidade em proveito próprio.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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