domingo, 8 de novembro de 2020

 


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IX.

INTERVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL. 

PODER OCULTO, TALISMÃS. FEITICEIROS.

Um ser humano mau não pode com o auxílio de um mau Espírito que lhe for devotado, pode fazer o mal ao seu próximo, porque Deus não permitiria.

Não devemos acreditar nesse pretenso poder mágico que só existe na imaginação das pessoas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza, na crença no poder de enfeitiçar que certas pessoas teriam. Algumas pessoas têm um poder magnético muito grande, do qual podem fazer mau uso se o seu próprio Espírito for mau. Nesse caso poderão ser secundadas por maus Espíritos. Os fatos que citam são fatos naturais mal observados e, sobretudo mal compreendidos.

O efeito de fórmulas e práticas com as quais certas pessoas pretendem dispor da vontade dos Espíritos, só pode ser de torná-las ridículas, se são de boa-fé; no caso contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são charlatanices; não há nenhuma palavra sacramental, nenhum signo cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porque eles só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.

 Certos Espíritos ditaram, algumas vezes, fórmulas cabalísticas, como tem Espíritos que indicam signos, palavras bizarras, ou que prescrevem certos atos, com a ajuda dos quais fazemos aquilo que chamam conjuração. Mas fiquemos bem seguros de que são Espíritos que zombam de nós e abusam de nossa credulidade.

Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que chama virtude de um talismã, pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito. Porque então é o pensamento que age; o talismã não é um signo que ajuda a dirigir o pensamento?

Isso é verdade; mas a natureza do Espírito atraído depende da natureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o caso, isso indica estreiteza e fraqueza de ideias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e zombadores.

O sentido que se deve dar ao qualificativo de feiticeiro são pessoas, quando de boa-fé, que possuem certas faculdades como o poder magnético ou a dupla vista. Como fazem coisas que não compreendemos, as julgamos dotadas de poder sobrenatural. Nossos sábios não passaram muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes?

Comentário de Kardec: O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença ridícula.

Quanto se certas pessoas têm realmente o dom de curar por simples contato, podemos dizer que o poder magnético pode chegar até isso, quando é secundado pela pureza de sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem, porque então os bons Espíritos auxiliam. Mas é necessário desconfiar da maneira por que as coisas são contadas por pessoas muito crédulas ou muito entusiastas, sempre dispostas a ver o maravilhoso nas coisas mais simples e mais naturais. É necessário também desconfiar dos relatos interesseiros por parte de pessoas que exploram a credulidade em proveito próprio.

 

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

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